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Secretaria de Estado da Saúde promove palestra sobre o suicídio

18/09/2017
Secretaria de Estado da Saúde promove palestra sobre o suicídio

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O Setembro Amarelo foi criado em 2014 para incentivar instituições e pessoas a promoverem a prevenção do suicídio. Para alertar a sociedade sobre este problema, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) promoveu, nesta segunda-feira (18), no Conselho Regional de Psicologia, no bairro Farol, em Maceió, a palestra ‘Comunicação como Ferramenta de Prevenção do Suicídio: Reflexões, Dados e Práticas’.

Ministrada pelo sociólogo da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Pablo Nunes, a palestra teve como público-alvo psicólogos, enfermeiros, nutricionistas e terapeutas ocupacionais.

Laelza Farias, psicóloga e técnica da Supervisão de Atenção Psicossocial da Sesau, declarou que o objetivo foi conscientizar principalmente os servidores para que saibam lidar com pessoas que demonstrem propensão ao suicídio.

“Abrir o debate é o primeiro passo. O intuito é saber como lidar com familiares ou colegas que estejam deprimidos ou passando por alguma situação envolvendo pensamentos suicidas, além de promover saúde e bem-estar”, disse Laelza Farias.

Durante sua apresentação, o sociólogo Pablo Nunes explicou que o suicídio é um problema de saúde pública e um fenômeno multicausal. Isso representa que, não tem uma única causa definida, mas é influenciado por uma combinação de fatores, como transtornos mentais e questões socioculturais, genéticas, psicodinâmicas, filosóficas, existenciais e ambientais.

“São vários os fenômenos que podem colaborar para que uma pessoa pense e, de fato, tente o suicídio. Não temos como definir uma causa única para determinado ato. Mas, conforme dados de pesquisas nacionais e internacionais, a depressão é um dos fatores para tal adoecimento mental”, explicou Pablo Nunes.

Agrotóxico

Além disso, segundo ele, o agrotóxico pode causar danos mentais para as pessoas, visto que o seu manuseio pode desenvolver alguns processos de deterioração da saúde mental, bem como, pode ser usado como uma maneira de retirar a própria vida. “Existem diversos estudos que apontam que, quanto mais uma pessoa tenta o suicídio, maior é a chance de ela cometer o ato”, frisou.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), de 2000 a 2015 houve um aumento de 36% no número de pessoas que cometeram suicídio. Já os números do Mapa da Violência 2017, estudo publicado anualmente a partir de dados oficiais do Sistema de Informações de Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde, mostram que, em 12 anos, a taxa de suicídios na população de 15 a 29 anos subiu de 5,1 por 100 mil habitantes em 2002 para 5,6 em 2014 – um aumento de quase 10%.

Um números absolutos foram 2.898 suicídios de jovens de 15 a 29 anos em 2014, um dado que costuma desaparecer diante da estatística dos homicídios na mesma faixa etária, cerca de 30 mil.

“Muitas vezes, o adolescente está sofrendo e não se dá conta da dor, porque não tem instrumentos para sair da situação”, explicou Nunes. “O suicídio não acontece de uma hora para outra. Geralmente, as pessoas estão lidando com questões de saúde mental que podem facilmente ser confundidas com aspectos da própria adolescência”, evidenciou Pablo Nunes.

O sociólogo acrescentou que a incidência do suicídio é maior na terceira idade. As mulheres tentam mais vezes o suicídio, mas os homens são os que mais concretizam, mesmo quando recorrem a métodos menos letais.

“Os homens usam métodos de suicídio considerados mais letais, como enforcamento, atirar-se de estruturas elevadas, atropelamento ou armas de fogo, enquanto as mulheres recorrem muito a intoxicações, por exemplo, por meio de comprimidos”, explicou.

Prevenção

Diversos fatores podem impedir a detecção precoce e, consequentemente, a prevenção do suicídio. Segundo Pablo Nunes, o estigma e o tabu relacionados ao assunto são aspectos importantes.

“Durante séculos de nossa história, por razões religiosas, morais e culturais, o suicídio foi considerado um grande ‘pecado’, talvez o pior deles. Por esta razão, ainda temos medo e vergonha de falar abertamente sobre esse importante problema de saúde pública. Um tabu, arraigado em nossa cultura, por séculos, não desaparece sem o esforço de todos nós. Portanto, a mídia tem um papel de evita-lo em determinadas áreas e pessoas. Dessa maneira, a forma de prevenir esse ato é dando a mídia alguns guias para que a prevenção seja bem-sucedida”, ressaltou.