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O perjúrio na maçonaria

06/09/2017
O perjúrio na maçonaria

A sociedade como entidade social vive limitada em mecanismos de sustentação, os quais são capazes de manter a continuidade da convivência humana, sem o que, induvidosamente, a vida em grupo seria insuportável e até mesmo impossível. Os limites que são estabelecidos nos grupos sociais, políticos e religiosos são imprescindíveis entre as pessoas, com o objetivo de manter acesa a chama da unidade do grupo e dar continuidade aos ideais humanos. As regras sociais, assim como as leis, servem para garantir que a igualdade, a liberdade e fraternidade sejam respeitadas, de modo a contribuímos para um mundo mais justo para todos. Obedecer às leis e as regras de boa convivência humana são uma necessidade que não pode ser negligenciada. Ninguém pode fazer tudo o que quer, pois, em dado momento, estará violando direitos de terceiros. Liberdade, sem disciplina, é libertinagem; Igualdade, sem obediência, é anarquia; Fraternidade, sem amor, é demagogia.

Nos últimos tempos o ser humano se multiplicou e se desenvolveu sob a face da terra, chegando ao ponto de estabelecer outras normas de comportamento, relegando os bons usos e os bons costumes. As instituições perderam seus propósitos perante a conveniência social moderna. No entanto, a Maçonaria como uma sociedade milenar, universal, reservada e discreta, de princípios filosóficos, filantrópicos, iniciáticos e progressistas se manteve dentro da normalidade, sem deixar de perder a sua essencialidade e mantendo a sua inviolabilidade.

A bem da verdade, a Maçonaria não é uma sociedade secreta como afirmam alguns críticos desinformados. “Não é certo que a Maçonaria seja uma sociedade secreta, pois, entende-se por sociedade secreta aquela cuja existência é ignorada e cujos membros são desconhecidos”, revela-nos um Landmark. Ademais, que “os segredos da Maçonaria não se devem divulgar”, entende-se como um raciocínio lógico e sensato, pois, “nem tudo pode ser revelado e nem tudo pode ser compreendido por quem ainda não foi instruído”. Aliás, não existem maçons desconhecidos, todos eles são conhecidos e aceitos em vários ciclos sociais. Por vezes, a Maçonaria foi combatida, injuriada, difamada, caluniada e perseguida, mas nunca perdeu a sua condição de guardiã da sociedade humana.

Mesmo com os avanços da Ciência e da Tecnologia, a Maçonaria conservou seus hábitos e suas tradições, fazendo uso de lições e de doutrinas que evoluem, educam e disciplinam os seres humanos em sua vida social e política. Para tanto, ela desenvolveu saberes humanos e compartilhou filosofias buscando assegurar uma vida harmônica e saudável para seus membros e suas famílias.

Dentre suas regras de comportamento, a Maçonaria adotou o “Sigilo Maçônico” como meio de velar pela harmonia e pela unidade do seu grupo social. Como consequência pela quebra do Sigilo Maçônico, implantou-se na instituição a figura do PERJÚRIO (perjurium, em latim), que é a ação ou efeito de Perjurar; que trata do juramento falso ou ainda da violação do juramento prestado entre pessoas com a mesma convicção e a mesma orientação. No âmbito jurídico, o Perjúrio é o delito penal em que alguém presta um falso testemunho perante a Justiça ou faz uma falsa acusação contra o semelhante, para prejudicar alguém através de mentiras ou de falsas verdades.

O que empresta à Maçonaria seu caráter secreto é o fato de que seus membros, reconhecidos como irmãos fraternos, devem se pautar de modo inquestionável perante sua família, seu trabalho e diante da sociedade.

Na parte concernente às regras de conduta social, recomenda-se que “os Maçons devem ser circunspectos em suas palavras e em suas obras”, mantendo o sigilo absoluto sobre suas ações, por ser uma atitude humilde e respeitosa para com os outros. Ademais, existem outros segredos que devem ser mantidos pelos maçons, por se tratarem de símbolos e alegorias indispensáveis à compreensão dos iniciados nos mistérios maçônicos.

Violar juramentos prestados, fazer acusações falsas, prejudicar os outros com mentiras ou falsas verdades é praticar PERJÚRIO, que é a ação ou efeito de Perjurar. Na compreensão da doutrina maçônica é uma atitude de traição, de covardia e de falsidade irreparável. Em 1792, o maçom mineiro Tiradentes (Joaquim José da Silva Xavier) foi vítima de um “perjúrio” que o traiu perante as Cortes Portuguesas, levando-o à morte por enforcamento, tendo por causa a Independência do Brasil… Pensemos nisso! Por hoje é só.