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O Papa João II e a maçonaria

30/08/2017
O Papa João II e a maçonaria

De forma resumida, a Maçonaria é uma sociedade filosófica, filantrópica, iniciática e progressista. Uma instituição aparentemente secreta perante a opinião pública. É uma sociedade discreta, de caráter universal, cujos membros cultivam o aclassismo, humanidade, os princípios da democracia, em defesa da liberdade, da igualdade e da fraternidade, na busca do aperfeiçoamento intelectual do ser humano.

A Maçonaria é uma sociedade fraternal, que admite todos os homens livres e de bons costumes, sem distinção de raça, de credo e de religião, ideário político ou posição social. Suas principais exigências são que o candidato acredite em um princípio criador, tenha boa índole, respeite a família, possua um espírito filantrópico e o firme propósito de tratar sempre de ir em busca da perfeição, aniquilando seus vícios e trabalhando para a constante evolução das suas virtudes. Seu adjetivo “maçônico” está relacionado com a expressão “maçom” (que provém do inglês mason e do francês maçon), que quer dizer pedreiro ou construtor. Estudiosos, pesquisadores e historiadores costumam dividir a origem da Maçonaria em três fases distintas: Maçonaria Primitiva, Maçonaria Operativa e Maçonaria Especulativa.

Por Maçonaria Primitiva (“Pré-Maçonaria”), entende-se o período que abrange todo o conhecimento herdado do passado mais remoto da humanidade até o advento da Maçonaria Operativa, que representou a época antiga dos pedreiros e construtores de igrejas e de catedrais, corporações formadas sob a influência da Igreja Católica na Idade Média. Por Maçonaria Operativa, compreende o surgimento da associação dos cortadores de pedras, que tinha como ofício a arte de construção de castelos, muralhas etc. Também outras corporações se formaram, como dos artesãos, ferreiros, marceneiros, tecelões, mestres em pedraria, etc. As “Guildas’ (confrarias) dos Pedreiros moveram-se para a construção das estradas e das novas fortificações dos Templários.

Nesse aspecto, a Igreja Católica encontra neste sistema o ambiente ideal para seu processo expansionista, por meio da proliferação dos mosteiros, que reproduzem a sua estrutura, detendo o poder político, econômico, cultural e científico da época. Essas corporações de “pedreiros-livres” ultrapassavam as questões profissionais, uma vez que elas possuiem um Santo Padroeiro e sua sede era estabelecida em um Templo (Igreja) ou Capela. “Além dos deveres religiosos que se impunham aos seus membros, o ofício dos pedreiros-livres assumia preocupações caritativas, como socorro aos doentes e a missa para os mortos”.

A Maçonaria Especulativa tem sua origem na Inglaterra em 24/06/1717, com o  movimento iniciático tal e qual o conhecemos hoje em dia, e que é uma consequência do “Iluminismo” (conceito que sintetizava tradições filosóficas, sociais, políticas,correntes intelectuais e atitudes religiosas), promotora da revolução industrial do século XIX e da  revolução francesa.  A partir dessa época surgiu o rompimento das relações entre a Maçonaria e a Igreja Católica, porque esta instituição religiosa questionava a soberania de Roma e consequentemente do império Romano, criticada pela Maçonaria Especulativa, que admitia um estado laico, sem laços com o governo. Após 21anos, em 28/04/1738, o papa Clemente XII promulgou a bula In eminenti apostolatus specula que entrou para a história, por ser a primeira condenação pontifícia da Maçonaria. Esse conflito perdurou até o advento do Papa João Paulo II, que quebrou essa animosidade entre os cristãos católicos e os maçons. Na opinião da Sua Santidade, o Papa João Paulo II, a Maçonaria é uma “respeitável organização”. Segundo seu entendimento, “a maçonaria não afasta ninguém da própria religião, mas pelo contrário constitui  um incentivo a aderir ainda mais a ela”, porém, mesmo assim, ainda existe divisão dentro do Clero da Igreja Católica.

Entendeu o papa João Paulo II que a Maçonaria é conduzida por uma doutrina filosófica, independentemente de credo religioso, mas que invoca a supremacia do Grande Arquiteto do Universo que, etimologicamente, se refere ao “Planejador e Criador’ de tudo que existe no mundo material e imaterial, independente da crença pessoal de cada maçom. Por essa razão o maçom é um ser “Ecumênico”, porque abraça todas as religiões, só excluindo os ateus que pregam a negação de Deus ou de Deuses e que repudiam a existência de um Ser Supremo. Ademais, os objetivos perseguidos pela Maçonaria são ajudar os homens a reforçarem o seu caráter; melhorar sua bagagem moral e espiritual e aumentar seus horizontes culturais…. Pensemos nisso! Por hoje é só.