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Ricardo Wagner

16/06/2017
Ricardo Wagner

Quem era esse homem? Era um cidadão de pouca altura. Adoentado, macrocéfalo, em relação ao corpo e não tolerava sobre o corpo qualquer fazenda mais pesada do que seda.
Grande conversador mas somente ele é que falava. Praticamente não havia diálogo, era somente monólogo. Ainda mais: queria sempre ter razão em tudo. Basta dizer que se alguém tivesse qualquer discórdia, ele para se justificar falava horas e horas, argumentando ter sempre razão.
Além do mais, queria sempre estar certo em tudo sobre qualquer assunto. Falava sobre plantas e gostava de ler o que escrevia e o fazia durante horas para os familiares e amigos. Não gostava de ouvir críticas mas somente aplausos.

Tinha o hábito de convidar para a sua residência grandes pianistas e tocava piano. Os convidados eram apenas para ouvi-los por horas e horas.
Assim disse Deem Taylon: “Tinha a estabilidade emocional de uma criança de seis anos; quando não estava contente, falava numa melancolia suicida”, dizendo querer partir para o Oriente e acabar os seus dias como monge budista. Dez minutos depois, quando alguma coisa lhe agradava, corria à volta do jardim da sua casa, saltava sobre o sofá ou punha-se de cabeça para baixo.”
Parece que nunca lhe passou pela mente que devia pensar no seu próprio sustento. Porém, quando lhe faltava dinheiro pedia dinheiro emprestado. E a quem pedia? A qualquer pessoa. Quer fosse homem ou mulher, conhecido e desconhecido.

No seu pedido, dizia que era uma honra alguém emprestar dinheiro à pessoa que pedia. Sentia-se ofendido, quando alguém respondia que declinava tão grande honra.
A verdade é que nunca foi encontrado algum comprovante de que alguém tenha recebido o dinheiro que emprestara.

Na sua vida, o senhor Wagner encontrou um grande amigo e grande benfeitor. Em certa ocasião deu-lhe de presente duzentos mil escudos para pagar dívidas contraídas. Um ano depois, enviou-lhe quinhentos mil escudos a fim de evitar que seu amigo (Wagner) fosse preso por questões de dívidas.
Na sua vida conjugal, Wagner não se mostrou tolinho. A verdade é que a sua primeira esposa passou cerca de vinte anos a perdoar inúmeras infidelidades. Enquanto roubava de um amigo a mulher que seria a sua segunda esposa, pediu ao amigo roubado que lhe mostrasse qualquer mulher rica com quem ele se casasse por questão só de dinheiro.

Certo escritor chegou a afirmar que a amizade pelos amigos baseava-se única e exclusivamente na vantagem que podia tirar. No fim de sua vida havia mesmo um amigo que tinha encontrado já na meia-idade. Contudo era um gênio para arranjar inimigos.
Não se pode negar que Ricardo Wagner escreveu treze óperas e dramas musicais. Aquele homem que parece não ter gostado de ninguém, como que esmaecem todas as culpas, quando escreveu Tristão e Isolda.

Alguém disse: “A única sensação que nos domina é o espanto por o seu pobre cérebro e o seu corpo débil não terem explodido, subjugados pelo tormento da força criadora que vivia dentro dele, lutando, arranhando, estrebuchando para libertar-se”.