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PF investiga se federação está envolvida em esquema de lavagem de dinheiro

09/06/2017
PF investiga se federação está envolvida em esquema de lavagem de dinheiro

A Superintendência da Polícia Federal de Alagoas deflagou na manhã desta sexta-feira a operação “Bola Fora”. Mandados de busca foram executados em quatro endereços, entre eles a sede da Federação Alagoana de Futebol (FAF). O objetivo da operação é coletar provas sobre um suposto financiamento da campanha eleitoral do ex-presidente da FAF e atual prefeito de Boca da Mata, Gustavo Feijó, com caixa 2.

O financiamento teria tido origem a partir da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Durante as eleições de 2012, a entidade teria repassado, de acordo com as primeiras evidências coletadas, aproximadamente R$ 600 mil reais para a campanha. A Polícia Federal trabalha também com a possibilidade de a Faderação Alagoana de Futebol ter sido usada no esquema como ponte para o envio da verba de caixa dois.

– Tem que saber de onde surgiu o dinheiro, se foram contas da CBF que financiaram a campanha, se houve essa movimentação financeira com contas da CBF ou se foi com contas de outras pessoas. Tem também a possibilidade de ter havido simplesmente o repasse da CBF para Federação Alagoana de Futebol e a federação utilizou o dinheiro na campanha do até então presidente. Se houve mesmo o emprego de R$ 2 milhões, então há possibilidade de ter havido o desvio da Federação Alagoana, porque a CBF teria entrado com R$ 600 mil – disse o superintendente da PF, Bernardo Gonçalves de Torres

Segundo o delegado, durante a operação Durkheim – deflagrada em São Paulo, em novembro de 2012, que teve como objetivo desarticular uma operação criminosa que trabalhava com espionagem. O atual presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, estava sendo investigado e foi através do conteúdo de seu e-mail que foi verificada a solicitação de apoio financeiro por parte de Gustavo Feijó.

– Foi apreendido um notebook deste investigado e realizada a análise dos e-mails contidos no notebook dele. A CPI do futebol solicitou o compartilhamento de provas, o juiz concedeu e, durante a análise do conteúdo, se verificou que o ex-presidente da Federação Alagoana e prefeito de Boca da Mata (Gustavo Feijó), estava solicitando ao presidente da CBF apoio financeiro, que já teria sido costurado com o anterior presidente – explicou o superintendente.

De acordo com a PF, nos próximos dias será instaurado um inquérito para aprofundar as apurações, para verificar o crime de falsidade ideológica. De acordo com os e-mails coletados no notebook de Del Nero, a campanha de Feijó teria sido de aproximadamente R$ 2 milhões, mas o prefeito só teria declarado R$ 105 mil. Além da falsidade ideológica eleitoral (caixa 2), outros crimes também estão sendo investigados: compra de votos e lavagem de dinheiro.

– Ainda de acordo com essas mensagens, a CBF teria arcado com R$ 600 mil desse total de R$ 2 milhões. Não sabemos ainda a origem desses recursos e tem a possibilidade de se tratar de um crime de lavagem de dinheiro. Há ainda o indício de compra de votos. Em um desses e-mails, ele [Gustavo Feijó] diz que determinada quantia seria destinada a vereadores. E tem também a possibilidade de existir o crime de lavagem de dinheiro, se foi ilícita a origem dos recursos que a CBF teria repassado para essa campanha – declarou.

Ainda na manhã desta sexta, o atual presidente da FAF, e filho de Gustavo Feijó, Felipe Feijó, foi preso por posse irregular de uma arma que estava no cofre de uma das residências, mas foi liberado após pagar a fiança.

 

CPI do Futebol

 

Após os primeiros resultados da operação Bola Fora, o senador e presidente da CPI, Romário Faria, divulgou uma nota a respeito das investigações que envolvem Feijó (leia na íntegra abaixo).

“CPI do Futebol dando frutos!

A ótima notícia de hoje é a “Operação Bola Fora” da Polícia Federal (PF), que cumpre mandados de busca e apreensão contra o vice-presidente da CBF, Gustavo Feijó. A operação é fruto do compartilhamento de informações da CPI do Futebol com o Ministério Público Eleitoral (MPE).

Gustavo Feijó é suspeito de ter praticado crime de “caixa 2” na campanha eleitoral de 2012 para se eleger prefeito da cidade de Boca da Mata, em Alagoas. Os recursos não declarados à Justiça Eleitoral foram repassados pela CBF, conforme apontou a investigação da CPI.

Esse Gustavo Feijó foi um calo nas nossas investigações. Por que depois que aprovamos a convocação dele, o senador Ciro Nogueira, representando a Bancada da CBF, pediu a anulação da sessão e Renan Calheiros, então presidente do Senado, anulou. A ação deles foi completamente arbitrária e ilegal, a convocação de Gustavo Feijó e de outras pessoas, como Ricardo Teixeira e Marco Polo Del Nero, foi suspensa, mesmo cumprindo o regimento do Senado. Isso travou a CPI por meses e limitou o trabalho de investigação.

Fico muito feliz que os órgãos competentes, como o MPE e a PF, estejam dando prosseguimento ao trabalho iniciado por mim na CPI do Futebol. Os resultados de uma investigação nem sempre são imediatos, tenho certeza que o que conseguimos provar ainda vai dar muita dor de cabeça para aqueles que fazem do futebol um ofício criminoso”.