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O Papa não vem ao Brasil em 2017

28/06/2017
O Papa não vem ao Brasil em 2017

É profundamente lamentável e bastante frustrante o anúncio da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos Brasileiro) de que, em resposta ao convite do Presidente do Brasil, Michel Temer, o Papa recusou a vir à Aparecida do Norte (SP), durante a celebração dos 300 anos da aparição de Nossa Senhora em São Paulo. A priori, não acreditei que o Papa Francisco tivesse escrito uma carta-resposta ao Governo Federal recusando vir ao Brasil em 12 de Outubro de 2017, citando como motivo a “crise” política e socioeconômica do país.

Em represália aos fatos deprimentes que ocorrem no Brasil contra o povo humilde, os trabalhadores e os dependentes de benefícios sociais, Sua Santidade assim escreveu:
“… Sei bem que a crise que o país enfrenta não é de simples solução, uma vez que tem raízes sócio-político-econômicas, e não corresponde a Igreja nem ao Papa dar uma receita concreta para resolver algo tão complexo”. (…) Porém, não posso deixar de pensar em tantas pessoas, sobretudo nos mais pobres, que muitas vezes se veem completamente abandonados e costumam serem aqueles que pagam o preço mais amargo e dilacerante de algumas soluções fáceis e superficiais para crises que vão além da esfera meramente financeira”, acrescentou o Pontífice.

A “desculpa” do Papa, segundo justificação da CNBB, é que, para este ano de 2017, “Francisco já tem viagens programadas ao Egito, a Fátima (Portugal), à Colômbia, á Índia, a Bangladesh e o continente africano”. Contudo, essa tomada de decisão contraria a promessa do Papa que, em 2013, durante sua visita ao Rio de Janeiro, em face da Jornada Mundial da Juventude no Brasil, o Santo Padre Francisco havia declarado que retornaria ao Santuário Nacional de Nossa Senhora em Aparecida (SP), para as celebrações da Festa dos 300 anos de aparição da Mãe Aparecida em território brasileiro.

Em que pese a minha admiração ao comportamento pacificador do Papa Francisco em razão dos vários conflitos em vários países do mundo, inclusive a sua antipatia às atitudes do Presidente dos EUA, Donald John Trump, que tem se mostrado insensível às necessidades dos refugiados e aos povos fronteiriços da majestosa Casa Branca, Sua Santidade não deixou de receber o Governante Norte Americano quando em sua visita ao Vaticano nos últimos meses.

Afinal, como pode um homem “humilde e santo”, como Chefe de Estado do Vaticano e Chefe da Igreja Católica, deixar-se levar pelas imoralidades dos desmandos políticos de um Chefe Político em uma nação católica, e evitar seu contato pessoal com a enorme população de fieis ao cristianismo no Brasil, por discordar das ações e atitudes do Governo Federal.

Fico perplexo, indignado, diante dessa notícia. Quero crer que isso não deverá acontecer entre nós, porque o povo brasileiro é mais importante que o Governo de Michel Temer, é mais útil que o Partido dos Trabalhadores, o PMDB ou o PSDB. A comunidade cristã e católica do Brasil não merece essa “desatenção” apostólica do Papa Francisco.

Aliás, é do nosso conhecimento que o Prefeito de São Paulo, João Dória, em passagem pelo Vaticano na manhã de 19 de abril deste ano, “pediu diretamente ao Pontífice que reconsidere sua decisão de não vir ao Brasil para a comemoração dos 300 anos da aparição de Nossa Senhora Aparecida (1717-2017)”. Porém, o Papa respondeu a João Dória, que esperou mais de hora pela Audiência, de forma simplista: “Difícil, mas espiritualmente estou com você”. Na saída, ao ser interpelado por jornalistas de plantão no Vaticano, o Prefeito Paulistano, João Dória, comentou: “Humildade é algo que não falta a um papa. Especialmente ao Papa Francisco. Voltar atrás é prova de grandeza. E espero, sinceramente, que Sua Santidade possa revisar essa decisão e ir ao Brasil no próximo mês de Outubro”. (…) E como ficarão os milhares de romeiros e devotos de Nossa Senhora Aparecida na Festa dos 300 anos da Aparição da Mãe de Deus em território brasileiro no dia 12 de Outubro deste ano. Pensemos nisso! Por hoje é só.