Cidades
Comunidade quilombola ganha qualidade de vida com assistência da Emater
O Instituto de Inovação para o Desenvolvimento Rural Sustentável de Alagoas (Emater/AL) completou um ano de assistência técnica e social às famílias da comunidade Tabacaria, o primeiro território a ser reconhecido como quilombola no Estado, localizada no município de Palmeira dos Índios.
O trabalho foi iniciado em 2016 por assistentes sociais da Emater após estudo realizado pelo Estado em parceria com a Universidade Federal de Alagoas (Ufal) em 2015 que apresentou panorama das comunidades Quilombolas e destacava as condições precárias do Quilombo de Tabacaria em relação à moradia, assistência técnica no campo e acesso à água.
Para garantir que as necessidades da comunidade fossem priorizadas, a equipe composta por assistentes sociais e agrônomo realizou visitas técnicas e reuniões para conhecer a realidade de Tabacaria e desenvolver o Diagnóstico Rural Participativo (DRP), método utilizado nas zonas rurais que permite que a comunidade participe do processo de identificação das fragilidades e potenciais.
Como explicou o assistente social e extensionista da Emater, Guilherme Menezes, o DRP permitiu que a comunidade fizesse seu próprio diagnóstico para, a partir dele, gerenciar seu planejamento e desenvolvimento.
Com base no DRP elaborado há um ano, a equipe técnica da Emater realizou atividade de confraternização, nesta segunda (19), para uma retrospectiva do trabalho realizado e avanços alcançados pela comunidade ao longo do período de assistência.
“Estivemos em um momento de confraternização para mostrar o quanto as famílias de Tabacaria se desenvolveram, comparando o antes e o depois da realidade vivenciada por elas. Apresentamos vídeos, fotos e documentos para relembrar toda a trajetória da assistência técnica”, frisou Guilherme Menezes.
Primeiros passos
Com o diagnóstico local realizado e levantamento das necessidades, a equipe técnica iniciou a implantação de uma horta orgânica comunitária para consumo próprio e geração de renda extra às famílias. Para o trabalho, foram recebidas doações de mudas de hortaliças como alface, coentro, pimentão e cebolinha, e materiais necessários à estruturação da horta por meio da Associação de Produtores Rurais de Limoeiro de Anadia (Asprolimo).
Com a implantação da horta, os quilombolas puderam conhecer práticas agroecológicas para manejo do solo e água, cuidados com a horta, conscientização acerca do uso de agrotóxicos e outras informações técnicas para garantir a qualidade dos alimentos produzidos.
A comunidade também pôde conhecer experiências exitosas de produtores associados à Asprolimo, que também iniciou sua história com o apoio da Emater com apenas 12 associados e hoje já engloba mais de 200 famílias de Novo Lino e região.
Organização
Com os primeiros passos desenvolvidos, a Emater estimulou a organização e união dos produtores para a formação da Associação de Desenvolvimento dos Produtores da Agricultura Familiar da Comunidade Remanescente do Quilombo de Tabacaria, buscando a comercialização da produção de 33 famílias no mercado local.
O presidente da Associação de Tabacaria, Aloísio Caetano, ressaltou que o trabalho tem sido bem-vindo na comunidade, que não teve atenção de outras gestões por cerca de 13 anos.
“São pessoas jovens que estão trabalhando aqui com a gente, né, de muita boa vontade. Vieram para cá e nos ajudaram a criar uma horta comunitária, que recebe cuidados de 12 famílias, e agora não precisamos mais comprar verdura de fora, já temos nossa própria para consumir e não utilizamos nenhum tipo de veneno”, frisou seu Aloísio.
Além da horta orgânica, os remanescentes de quilombolas tiveram acesso a cursos em horticultura; ovinocultura; manejo sanitário e alimentação e em cuidados, nutrição e vacinação de rebanho para aprimorar suas rotinas produtivas.
“Aprendemos muito com os técnicos da Emater e ainda temos as apostilas pra ler em casa e sempre e tirar dúvidas”, explicou o presidente da Associação acrescentando que nessa época de chuva a comunidade irá aproveitar para reforçar as produções com o plantio de milho, fava, feijão, abóbora e batata doce.
Recurso hídrico
A organização das famílias e o desenvolvimento da horta comunitária dependia, ainda, de um fator importante: o acesso ao recurso hídrico, crucial para a qualidade de vida dos quilombolas. Para isso, as Secretarias de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh) e de Agricultura (Seagri) avaliaram as necessidades da região para perfuração de um poço artesiano e implantação de cisternas de placa que mantém as famílias sempre abastecidas.
Equipe
O trabalho na comunidade quilombola é desenvolvido pelos assistentes sociais Guilherme Menezes e Dayana Marques, e pelo agrônomo Fernando Cavalcante.
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