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Premiê britânica defende antecipação das eleições no Parlamento

19/04/2017
Premiê britânica defende antecipação das eleições no Parlamento

A primeira-ministra britânica, Theresa May, defendeu na manhã desta quarta-feira (19) no Parlamento seu projeto de antecipação das eleições. A votação deve acontecer mais tarde.

Na terça (18), a premiê apresentou, de maneira surpreendente, a ideia de realizar o novo pleito em 8 de junho.

A medida precisa dos votos de dois terços dos parlamentares para ser aprovada, já que a Lei de Parlamentos de Prazo Fixo de 2011 determinou que, a partir de 2015, as eleições parlamentares britânicas devem ocorrer a cada cinco anos – e alterar isso depende da aprovação do Legislativo.

Como os principais partidos de oposição já se disseram a favor das eleições, acredita-se que ela seja aprovada com folga.

Brexit

 

Eleitores britânicos decidiram pela saída da União Europeia (Foto: Neil Hall/Reuters)

Anteriormente, a renovação do Parlamento estava prevista apenas para 2020. A sugestão de May é apoiada em pesquisas que indicam um alto índice de popularidade, o que lhe dá segurança em apostar em sua continuidade no cargo – o partido que obtiver a maioria de cadeiras indica seu líder como primeiro-ministro.

A justificativa da premiê para pedir a antecipação das eleições foi de que ela precisa de uma “liderança forte e estável” para negociar o Brexit, como ficou conhecida a retirada do Reino Unido da União Europeia. Esse processo, iniciado há cerca de três semanas após o acionamento do artigo 50 do Tratado de Lisboa, deve durar ao menos dois anos.

“Precisamos de uma eleição geral e precisamos agora”, disse, ao anunciar que enviaria o pedido ao Parlamento.

Segundo a BBC, hoje, o Partido Conservador detém uma maioria parlamentar frágil, a ponto de integrantes da própria legenda – que se opõem ao governo – o obrigarem a voltar atrás em algumas posições.

No entanto, pesquisas de opinião sugerem que as eleições podem resolver esse problema.

Especialistas ouvidos pelos jornal britânico “The Daily Telegraph” apontam que 56 assentos hoje nas mãos dos trabalhistas podem ir para os conservadores. Assim, o partido liderado por May teria uma maioria mais folgada no Parlamento.

Caso o pleito seja confirmado, estas serão as segundas eleições gerais britânicas em dois anos, após a votação de maio de 2015, com o referendo sobre a saída da União Europeia no meio, de acordo com a France Presse.

 

Apoio da oposição

 

A proposta foi celebrada pelo líder da oposição ao governo de Theresa May, o trabalhista Jeremy Corbyn, que garantiu que o seu partido dará o apoio que a premiê precisa para aprovar a proposta no Parlamento.

As pesquisas mais recentes apontam se tratar de um momento favorável para os conservadores, avalia John Curtice, professor de Política da Universidade Strathclyde. As médias das últimas consultas populares apontam que os conservadores têm o apoio de 42% da população, enquanto os trabalhistas têm 26%, o suficiente para dar à premiê uma “maioria significativa”, de acordo com a France Presse.

A premiê escocesa, Nicola Sturgeon, afirmou que a antecipação do pleito abre uma nova possibilidade para que a Escócia escolha o seu futuro. O país, que se opõe à retirada do bloco econômico europeu, precisa da aprovação do parlamento britânico para realizar um segundo plebiscito sobre a sua retirada do Reino Unido. A estratégia para permanecer na União Europeia encontrou dura oposição do governo de Theresa May.

O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, afirmou ter conversado com May pelo telefone. No Twitter, ele ainda comparou a surpreendente reviravolta da saga Brexit a uma trama do filme de Alfred Hitchcock: “Foi Hitchcock, que dirigiu Brexit: primeiro um terremoto e a tensão sobe”.