Política

Aécio, sobre acusação de propina: “É injúria, é calúnia, é difamação; é crime”

04/04/2017
Aécio, sobre acusação de propina: “É injúria, é calúnia, é difamação; é crime”
Senador Aécio Neves (Foto: congressoemfoco)

Senador Aécio Neves (Foto: congressoemfoco)

Presidente nacional do PSDB, o senador Aécio Neves (MG) foi à tribuna do Senado nesta terça-feira, 04, para se defender das acusações de que recebeu propina por meio de movimentações financeiras em Nova York (EUA), informação que estampou a capa da revista Veja neste fim de semana. Segundo a matéria, replicada por este site no último sábado (1º), o ex-­pre­sidente da Odebrecht Infraestrutura Benedicto Junior afirmou que a empreiteira fez depósitos para Aécio Neves (PSDB-MG) em uma conta sediada em Nova York e operada por sua irmã Andrea Neves. Benedicto é um dos 77 executivos da empresa que firmaram acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal (MPF), conjunto de relatos homologado em 30 de janeiro.

Na tribuna, diante de papeis e de um plenário com poucos senadores, o senador deu início à fala, repetindo que a acusação é falsa. “É mentira, senhoras e senhores senadores. Falo isso da Casa de Rui Barbosa”, discursou o tucano, referindo-se ao patrono do Senado. Na introdução do discurso, Aécio repetia informações já veiculadas em nota preparada por sua defesa (leia abaixo). “É injúria, é calúnia, é difamação; é crime!”

Aécio pediu acesso à delação e avisou que irá à Justiça para “punir os culpados”. “Mostrem o banco, mostrem a conta, e essa farsa ficará desmascarada de forma definitiva!”, desafiou.

A delação do empreiteiro com as informações envolvendo Aécio e sua irmã ainda está sob sigilo no Supremo Tribunal Federal (STF). Ainda de acordo com a reportagem, Benedicto Junior diz que os valores repassados são uma contrapartida “ao atendimento de interesses da construtora em empreendimentos como a obra da Cidade Administrativa do governo mineiro, realizada entre 2007 e 2010, e a construção da usina hidrelétrica de Santo Antônio, no Estado de Rondônia, de cujo consórcio participa a Cemig, a estatal mineira de energia elétrica”. Um dos políticos citadsO tucano governo Minas Gerais entre 2003 e 2010, quando se elegeu senador.

O caso levou a irmã de Aécio, neste fim de semana, a gravar um vídeo em tom emotivo para negar as acusações. A cúpula tucana também saiu em defesa do senador mineiro. Antes do discurso desta tarde, deputados do PSDB se deslocaram da Câmara para o Senado para prestar solidariedade ao correligionário. Nilson Leitão (MT) e Sílvio Torres (SP).

“Quem induziu essa publicação a um erro tão clamoroso?”, insistiu o senador, para quem o país tem se tornado em um palco de “vazamentos irresponsáveis”. “Mais importante do que descobrir a origem da mentira é desmascará-la”, acrescentou.

Histórico – Em março de 2016, já havia se tornado público depoimento do ex-presidente do Partido Progressista (PP) Pedro Corrêa, um dos presos da Lava Jato, em que o também ex-deputado incluía o nome de Andrea Neves em depoimento à força-tarefa formada por membros do MPF e da Polícia Federal. Na ocasião, de acordo com o delator, além da irmã do presidente nacional do PSDB, uma de suas principais assessoras também era responsável por operar movimentações financeiras ligadas ao senador.

Andrea Neves é considerada uma das principais conselheiras de Aécio desde que o irmão entrou para a política, em 1980. A mineira também é responsável pela imagem do senador, candidato do PSDB derrotado por Dilma em 2014. À revista, por meio de sua assessoria, Aécio disse que a acusação é “falsa e absurda”.

A assessoria do senador elaborou nota sobre a reportagem e diz que o advogado do parlamentar “entrou em contato com o advogado Alexandre Wunderlich, que representa o delator Benedito Júnior, e este lhe informou que não existe na delação de seu cliente qualquer referência à irmã do senador ou a qualquer conta vinculada a ela em Nova York”.

Benedicto Junior era um dos diretores do “departamento da propina” da Odebrecht. O departamento foi revelado com a descoberta de planilhas com valores associados ao nome de mais de 200 políticos. A delação do empreiteiro também foi homologada pelo STF no início do ano, junto aos outros 76 executivos e ex-executivos.

A íntegra da nota de Aécio:

“O advogado do presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, Alberto Toron, informa que entrou em contato com o advogado Alexandre Wunderlich, que representa o delator Benedito Júnior, e este lhe informou que não existe na delação de seu cliente qualquer referência à irmã do senador ou a qualquer conta vinculada a ela em Nova York.

Se houvesse feito tais declarações, o delator precisaria necessariamente comprová-las com a apresentação de provas e informações como nome do banco e número da conta. Tal conta nunca existiu. As acusações publicadas na revista Veja são falsas e absurdas.

É lamentável que afirmações graves como as apresentadas venham a público sem a devida apuração de sua veracidade.

O senador Aécio Neves defende a quebra do sigilo das delações homologadas como condição fundamental para que a população tenha acesso à integra dos depoimentos prestados e para que as pessoas injustamente citadas possam exercer seu direito de defesa, não se tornando reféns de vazamentos parciais que relatam versões e partes selecionadas por aqueles que, tendo acesso à totalidade das delações, escolhem trechos que querem ver divulgados.

Em nenhuma das obras citadas, usina de Santo Antônio e Cidade Administrativa, houve qualquer tipo de pagamento indevido.

O então governador Aécio Neves jamais participou de qualquer negociação das etapas da construção da sede do governo mineiro, nem interferiu na autonomia da Cemig para definição de investimentos da empresa.

O senador Aécio Neves reafirma que solicitou, como dirigente partidário, apoio para inúmeros candidatos de Minas e do Brasil, sempre de acordo com o que determina a lei. O senador Aécio Neves é o mais interessado no esclarecimento imediato dessas falsas acusações para que se saiba a que interesses elas servem.”