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Grupo de ‘cheerleaders’ veteranas da Coreia do Sul é símbolo da longevidade no país

06/03/2017
Grupo de ‘cheerleaders’ veteranas da Coreia do Sul é símbolo da longevidade no país

Elas pulam e dançam como qualquer adolescente, mas as ‘cheerleaders’ do grupo Cheer Mommy têm uma média de idade de 75 anos e cabelos grisalhos. O grupo de 30 animadoras, baseado em Samcheok, na costa oriental sul-coreana, é um símbolo da longevidade das mulheres da Coreia do Sul.

“Não preciso de nenhum medicamento porque venho aqui”, garante Oh Geum-nyu, uma sul-coreana de 82 anos, em plena sessão de treinamento. “Embora eu envelheça por fora, isso permite que eu me mantenha jovem de coração”, explica.

Depois de encerrar sua vida de dona de casa, algumas delas têm novas aspirações. “Quando acabei de cuidar de meus sete netos, uma amiga me falou deste lugar”, conta Ahn Yong-ya, ‘cheerleader’ de 65 anos.

Outras decidem se concentrar em suas capacidades intelectuais e voltam aos centros de educação, como Kim Soon-sil, de 88 anos, uma das 370 alunas de mais de 60 anos da Escola de Mulheres Ilsung em Seul.

Kim Soon-sil cresceu durante a época colonial japonesa (1910-45). Teve que deixar a escola com 13 anos e só agora, sete décadas depois, pode realizar seu sonho de estudar história e inglês.

“Noto mudanças em meu estado todos os dias, mas, se a minha saúde permitir, eu gostaria de ir à universidade”, disse.

A princípio, o Cheer Mommy se limitava a atuar em Samcheok. Mas atualmente as animadoras participam em torneios nacionais por todo o país, contra adversárias muito mais jovens que elas.

O grupo não se arrisca a fazer determinados saltos. E também precisa do dobro do tempo para memorizar as coreografias, mas a treinadora Yoon Bok-ja está mais do que satisfeita com suas dançarinas: “São lentas como tartarugas, mas nunca desistem enquanto não chegarem à perfeição”.

 

Maior expectativa de vida do mundo

 

A longevidade da quarta economia da Ásia não para de aumentar. Para as sul-coreanas nascidas em 2030, a expectativa de vida poderá superar os 90 anos, a maior do mundo, segundo um estudo recente da revista médica britânica The Lancet.

As causas? Uma melhor alimentação e um amplo acesso aos tratamentos médicos, segundo os pesquisadores.

Alguns especialistas sul-coreanos pensam, contudo, que também pode haver uma explicação social.

“Seu amor pelos encontros informais e por criar novas relações pessoais pode ser uma fonte de energia”, estima Chung Soon-dool, especialista da assistência social na Universidade de Mulheres Ewha de Seul.

A maioria das mulheres sul-coreanas de mais de 60 anos passaram grande parte de sua vida em uma sociedade extremamente patriarcal, onde tinham que ficar em casa para cuidar dos filhos.

Para encarar este envelhecimento, o governo implementou uma série de medidas como a criação de novos centros para a terceira idade e o desenvolvimento de atividades de ócio.

Os especialistas temem os custos exorbitantes dessas medidas em um país em plena crise demográfica, com a taxa de natalidade mais baixa do mundo.

 

Manter-se no mercado de trabalho

 

Em 2015, aproximadamente 6,5 milhões dos 50 milhões de habitantes tinham 65 anos ou mais. Nos próximos 10 anos, um em cada cinco sul-coreanos terá se aposentado, segundo um relatório do Statistics Korea publicado em dezembro.

A população ativa começou a cair em 2016, e antes de 2065 o número de aposentados será superior ao de pessoas ativas.

“A questão é saber quem cobrirá os gastos cada vez maiores da segurança social”, disse a professora Chung. “Não haveria problema se o número de jovens também aumentasse, mas não é o caso”, adverte.

Para Ha Jung-hwa, professora na Universidade Nacional de Seul, as autoridades precisam planejar o aumento da idade de aposentadoria.

“É importante que o governo crie novas medidas para que os senhores que têm boa saúde e com capacidades fiquem mais tempo no mercado de trabalho”, avalia.