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A Fábrica da Pedra

10/02/2017
A Fábrica da Pedra

Em abril do ano passado fiz um comentário sobre a Fábrica da Pedra, da cidade de Delmiro Gouveia. Lembrei que a direção da fábrica investiu mais de quarenta milhões de reais em máquinas modernas, para haver condições de competir no mercado.

Ocorre que houve o corte de energia por conta de uma dívida e a fábrica teve as máquinas paradas. Deve haver outras dívidas.

Diante do impasse, a empresa deu aos operários férias coletivas.
Convém lembrar que havia, à época, mais de 500 empregados diretos e mais de 600 indiretos. A empresa tentava negociar a dívida e demitiu vários empregados.
Não querendo demitir o restante, pagava mensalmente o ordenado dos que ficaram empregados mas sem trabalhar. O fato é que o tempo foi passando e a angústia foi chegando e nada de se ouvir o barulho das máquinas.

Existem sugestões para a fábrica não fechar. Uma delas e vendê-la a algum interessado. Mas até agora não apareceu ninguém. Outra alternativa é arrendar. É muito difícil encontrar quem queira assumir dívida dos outros. Outra sugestão é conseguir créditos.
Acontece que essa alternativa já tem sido tentada, mas parece que as portas do tesouro nacional estão fechadas para essa finalidade.

O comércio delmirense estava sentindo a diminuição de compras de suas mercadorias. Diante disso, as comerciantes apresentaram sua solidariedade aos funcionários da fábrica.

Eis que funcionários da empresa e comerciantes fizeram uma caminhada por várias ruas da cidade de Delmiro Gouveia, para que as autoridades sintam a reivindicação dos operários e dos comerciantes, a fim de que todos se mobilizem em favor dos operários e dos comerciantes que se ressentem com a paralisação da fábrica.

Indiscutivelmente há repercussão negativa para o comércio. Com efeito, se os fregueses estão sem dinheiro, não podem comprar. As casas comerciais sem compradores estão fadadas a cerrar suas portas.

Consequentemente não se trata apenas de um patrimônio histórico, mas de tremendo golpe na economia delmirense, com centenas de pessoas que ficaram desempregadas. Em que “A Gazeta”apresentou esta noticia desalentadora: “A Fábrica da Pedra comunicou ontem a demissão de 404 trabalhadores que vinham sendo mantidos na folha de pagamento mesmo com a unidade estando com as atividades paralisadas. O impacto da notícia foi fulminante para a economia da região”.

É certo que a fábrica remonta aos idos de 1912, quando o cidadão Delmiro Gouveia ouviu o barulho das máquinas pela primeira vez.
Contudo trata-se de uma fábrica com máquinas modernas, como foi dito no início deste artigo.

Não se pode negar que Alagoas tem políticos importantes em seus quadros e que podem reivindicar ajuda junto aos altos poderes políticos do Brasil. Não se trata de pedir esmola ou perdão das dívidas da fábrica que está em Delmiro. Mas conseguir empréstimos razoáveis a fim de que a fábrica volte a funcionar e pague o que está devendo.

A população de Delmiro Gouveia está atenta às medidas que os políticos têm condição de reivindicar. A caminhada por vários artérias da cidade não foi um ato de desespero, mas um pedido de ajuda.

Fica, porém, esta pergunta angustiante: Que medida vão tomar os políticos que têm condição de pleitear ajuda em prol da Fábrica de Pedra?
Será que há empenho dos políticos no que diz respeito ao funcionamento da fábrica? Ou será que se vai dizer infelizmente: Era uma vez uma Fábrica de tecidos que existia em Delmiro Gouveia.