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Poeta oitentão

14/01/2017
Poeta oitentão

SCRIPTOR FIT, POETA N ASCITUR. Segundo a retórica latina: o escritor se fez, o poeta nasce. Por essas razões, sou obrigado a plagiar o eterno Vinicíus de Moraes: “ Com as lágrimas do tempo/ E a cal do meu dia/ Eu fiz o cimento/ Da minha poesia”. Aliás, Não sou poeta/ Não faço versos nem rima,/ Sou apenas um mortal/ Cumprindo a própria sina. Dito isso, trago à tona o novel livro do consagrado vate Waldmir de Araújo Paes, intitulado “ Poesias” onde expõe coletânea de poemas imorredouros.

No caso do autor, trata-se do contrário, veio à lume no dia 14 de outubro de 1936. E, desse modo, escolheu a data natalícia a fim de lançar seu terceiro livro versando sobre o seu pensamento poético. Ou seja, na noite magnânima de sua vida, no MISA, entregou à sociedade alagoana sua versão moderna e, por tanto, foi muito cumprimentado pela seleta assembleia que se fez pressente à solenidade.

Vale reproduzir os versos que dedicou ao amado Brasil: “ És um gigante pela própria natureza,/ És belo, repleto de amores,/ És o encanto e a beleza,/ Cheio de louvores./Tua presença traz esperança,/ Para porvir progressor, / Com muita bonança, / Jesus te abençoou./ Tens tudo para expandir,/ Nessa terra gloriosa, / Naturalmente difundir, / As coisas maravilhosas./ Terras férteis, em demasia, Por esse país inteiro,/ Devem ser cuidadas, com simpatia,/ Por todos nós brasileiros.

Por outro lado, prestou reconhecimento à minha singularíssima pessoa. “Nosso reconhecimento ao ilustre jornalista e professor universitário Laurentino Veiga, Presidente da Associação Alagoana de Imprensa, que ainda sobrevive graças ao seu entusiasmo, esforço e dedicação a essa Instituição já esquecida através da maioria dos seus associados”.

Dada a sincera amizade entre nós, pediu-me que fizesse o Prefácio de sua obra, e, desse modo, passarei a declinar minhas palavras proferidas sobre o POETA OITENTÃO naquela oportunidade festiva.

Conheço a décadas o seu itinerário literário. Primeiro, como professor do Cesmac há dez anos. Depois, no exercício na Receita Estadual durante trinta e cinco anos. Sempre solícito no trato com as às pessoas. E, principalmente, atencioso nos colóquios nas academias, bem como no Shopping Maceió frequentando os cafés denominados “ senadinhos”.

Não usa metáforas para escrever versos modernos que denunciam a violência urbana. Estilo direto nas colocações gramaticais e, acima de tudo, faz valer o português que realça a beleza do beija-flor: Jesus, O Salvador; a própria poesia que adorna a vida dos sodalícios que integra. Condena a violação à natureza: destaca o rumo das Escolas Públicas sucateadas que, num pretérito não muito remoto, ensinava com proficiência.

Critica o Congresso Nacional que, durante o ano de 2016, mostrou o despreparo para com a coisa pública. E, consequentemente, passou a negativa imagem dos malfeitores que, infelizmente, não cumprem com suas promessas na época de campanha. Muito pelo contrário, legislam em causa própria à revelia da população sofrida que amarga uma perversa recessão econômica advinda dos péssimos governos de Lula e de Dima Vana.

Wladmir Paes é, por excelência, um poeta que se assemelha a um Lêdo Ivo, um Jorge de Lima, Cipriano Jucá. Que, por sinal, deixaram marcas que a poeira do tempo não conseguirá apagar. E, por tudo isso, merece ser exaltado pela sua produção intelectual que não conta com o apoio das autoridades culturais locais.

Parafraseando Vinícius de Morais: “ Quem já passou pela vida e não viveu/ Pode ser mais, mas sabe menos do que eu/ Porque a vida só se dá para quem se deu/ Para quem amor, para quem chorou, / Para quem sofreu”. A bem da verdade, Wladmir é um cervante da seara literária caeté. Faz o que gosta, verseja a serviço da cultura alagoana como um todo.

“Fazer poesia, ser poeta, é uma atividade intelectual a que poucos de dispõem a empreender, por ser um caminho árduo a trilhar, pois a inspiração nem sempre vem em socorro de quem à busca. A poesia, como linguagem e forma de expressão das emoções, sentimentos e paixões, está sujeita tanto ao talento do autor, em seu ato solitário de produção, como ao crivo estético do leitor, em seu ato solitário de recepção”

É meu Caro Wladmir você venceu na sua bem-sucedida trajetória de homem público probo. Parabenizo-lhe pelo esforço empreendido. Afinal, venceu pelo próprio talento. Os amigos, os companheiros advogados estão felizes pelo sucesso. Resta-me tão-somente desejar-lhe felicidade junto à sua honrada família.