Política

Depois de quatro anos, Renan Calheiros deixa a Presidência do Senado

30/01/2017
Depois de quatro anos, Renan Calheiros deixa a Presidência do Senado
Fora do comando do Senado, Renan terá que deixar a residência oficial e ir para um apartamento funcional (Foto: correiobraziliense)

Fora do comando do Senado, Renan terá que deixar a residência oficial e ir para um apartamento funcional (Foto: correiobraziliense)

Na próxima quarta-feira, quando muito provavelmente Eunício Oliveira (PMDB-CE) for eleito presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) deixará a cadeira que ocupou por quatro anos. O que o peemedebista alagoano fará a partir de agora ainda é uma incógnita. A única certeza é de que, independentemente da função que exercer, Renan é muito maior que a maior parte dos colegas de Casa. E seus passos precisam ser acompanhados com cautela e cuidado pelos pares e, especialmente, pelo Palácio do Planalto.

“Não gosto de me explicar. Prefiro que me interpretem.” A frase enigmática foi proferida por Renan durante o processo de votação de impeachment da presidente Dilma Rousseff após incendiar o plenário da Casa. Presidente da Casa, ele desceu da Mesa Diretora para o meio dos demais senadores para bater boca com a senadora petista Gleisi Hoffmann (PT-PR). Gleisi reclamava, por diversas vezes, que o Senado não tinha autoridade moral para julgar a presidente Dilma.

Renan não aguentou. “Há poucos dias, a senadora Gleisi nos procurou para interceder junto ao STF para liberar o marido dela”, afirmou. Paulo Bernardo havia sido preso sob a acusação de desviar, com o intuito de financiar campanhas do PT, recursos de empréstimos consignados de aposentados. “Renan sabe calibrar exatamente o discurso para aliados e adversários. E esse discurso virá na medida certa do posto que ele ocupa”, resumiu o diretor de documentação do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), Antonio Augusto de Queiroz.

Por isso, existe uma dúvida e uma curiosidade muito grandes sobre o destino de Renan daqui para frente. É cada vez menos provável que ele assuma o cargo de presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado. O posto é tentador, mas, ao Correio, ele afirmou não se sentir “atraído”. Na lista de indicados, estariam Marta Suplicy (SP), Raimundo Lira (PB) e Edison Lobão (MA). O último é o mais cotado. De qualquer forma, Renan teria ascendência na comissão. Lobão é aliado dele e do ex-senador José Sarney (PMDB-AP).

Sarney e Renan, por sinal, têm ficado cada vez mais parecidos. Recentemente, a aliança entre ambos deu provas de força indiscutível. Sarney foi fundamental na articulação, junto ao Supremo Tribunal Federal, para evitar que Renan fosse afastado da presidência da Casa. Procurado para comentar o assunto, o ex-presidente da República se esquivou. “Estamos em um momento mais de ouvir do que de falar”, afirmou a pessoas próximas.