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Pai do alagoano Arthur Maia mostra fotos do filho e camisa da Chape

29/11/2016
Pai do alagoano Arthur Maia mostra fotos do filho e camisa da Chape

Era madrugada quando a família do alagoano Arthur Maia recebeu a notícia que o avião que levava a delegação da Chapecoense caiu na região de Antioquia. O time catarinense viajava para Colômbia para disputar a primeira final da Copa Sul-Americana contra o Atlético Nacional, mas não chegou ao seu destino. A informação deixou os pais do atleta abalados. Roberto Maia, pai de Arthur, contou que a última vez que falou com o filho foi no domingo, após o jogo da Chape com o Palmeiras.

– Espero de coração receber a notícia de que ele está vivo. O coração quer isso, mas a razão diz o que a gente não quer pensar. Falei com ele depois do jogo do Palmeiras, ele foi para o antidoping, eu liguei para ele e ele disse que me ligava depois. A gente se falou por telefone, foi a última vez. Ele tava tranquilo, tava bem. Quero dar meus pêsames aos familiares dos jogadores que morreram. Conheci vários atletas da Chapecoense, eu estive lá nos dias dos pais e conheci muita gente. Infelizmente, aconteceu essa tragédia. 
Roberto Maia pai de Arthur Maria (Foto: Viviane Leão/GloboEsporte.com)
Ainda sem notícias atualizadas sobre Arthur, a esperança de vê-lo com vida se mantém, e o pai prefere guardar o sorriso do filho na memória. Roberto lembra com carinho a trajetória de Arthur no futebol, as peladas nos campinhos, o início no profissional, a passagem pelo Japão (ele defendeu o Kawasaki Frontale) e o sonho que o meia tinha de defender a seleção brasileira.

– Ele sempre adorou futebol, com cinco ele ia para as ruas jogar. Levei ele para a escolinha do CSA, o pessoal do Vitória viu ele jogando e levou para lá. Com 17 anos, ele já estava no time profissional. No Vitória, teve uma carreira bonita, foi campeão baiano, jogou seis meses no Japão. Tinha um futuro pela frente, ele sonhava em um dia defender a seleção brasileira, queria a Seleção, era o sonho dele. 

Sem cadeira cativa no time titular, Arthur, que também defendeu o Flamengo, aproveitava bem as chances que recebia do técnico Caio Júnior. No Brasileiro deste ano, marcou dois gols e defendeu o time em confrontos importantes. O último jogo foi diante do São Paulo, no dia 20 de novembro, ele entrou no segundo tempo e ajudou o seu time a vencer o Tricolor. 

– Acompanhava todos os jogos dele, tenho alguns gravados, quando ele jogava no Nordeste, eu ia assistir. Tenho muito orgulho e sempre estava do lado dele. Para ele esse ia ser um título muito importante [sul-americano]. 

Arthur Maia Chapecoense (Foto: Cleberson Silva/Chapecoense)

Arthur Maia marcou dois gols no Brasileiro (Foto: Cleberson Silva/Chapecoense)

Além da final da Copa Sul-Americana, Arthur ainda tinha um compromisso no próximo domingo: o jogo contra o Altético-MG, pela última rodada do Brasileirão. Depois, já estava com viagem marcada para Cancún. O destino final seria Maceió, onde passaria as festas de fim de ano com a família. 

– Ele ia para Cancún de férias e depois viria para Maceió, onde passaria o Natal e a virada de ano conosco. Meu filho é um menino muito tranquilo, um cara de paz, não tinha vícios. É um cara de família, infelizmente aconteceu isso com a equipe do meu filho. Quero pedir para que os torcedores orem para todos os atletas que faleceram nessa tragédia. E que os fãs tenham sempre ele no coração, ele era um muito gente boa. 

Igor Silva, marido da prima de Arthur, era muito próximo do jogador. Ele disse que todos estavam muito felizes com a ida do alagoano para Colômbia, e que ele mandou um vídeo para os familiares na véspera da viagem. 

– Era uma pessoa amável. Todo mundo adorava ele, era uma pessoa simples, uma pessoa maravilhosa, maravilhosa. Todos nós torcíamos muito por ele, acompanhávamos todos os jogos. A família estava muito emocionada por ele ir disputar a final de uma competição como essa. Ontem, ele mandou um vídeo maravilhoso para família, malhando lá em São Paulo. Ele fazia o que gostava. É muito difícil.