Política

PF flagra assessora da prefeita de Cajueiro com cadastro de eleitores

02/09/2016
PF flagra assessora da prefeita de Cajueiro com cadastro de eleitores
Equipe da PF apreendem documentos em Cajueiro (Foto: Divulgação/PF)

Equipe da PF apreendem documentos em Cajueiro
(Foto: Divulgação/PF)

Uma assessora da prefeita de Cajueiro, Lucila Toledo (PSDB) foi levada para a sede da Polícia Federal em Alagoas (PF) para prestar esclarecimentos acerca de documentos apreendidos na Operação Vassalagem, desencadeada na madrugada desta sexta-feira (2) para combater compra de votos.

 

De acordo com o superintendente da PF André Costa, uma lista com cadastro de eleitores e suspostos benefícios em troca do voto foi apreendida na casa da assessora após uma denúncia anônima.

Ela não teve o nome divulgado e foi liberada após falar aos delegados. A reportagem do G1tentou falar com a assessora, mas ela não quis dar entrevista.

“Foram oito mandados de busca no município. Conseguimos documentos como cadastro de eleitores, onde constam nomes, xerox de títulos eleitorais e seção, além de uma lista com o material que cada pessoa iria ganhar com a suposta venda do voto, como por exemplo, materiais de construção de tijolos, telha, cimento, além de exames e valores de dinheiro”, detalhou o delegado da PF.

O procurador-geral do Município, Carlos Bernardes, afirmou que a prefeitura está à disposição da Polícia Federal. “A gente desconhece que houvesse esse tipo de vinculação de documentos ilícitos com a gestão administrativa, mas estamos colaborando com a PF para que tudo seja esclarecido”.

Delegado Marco Antonio está presidindo o inquérito (Foto: Suely Melo/G1)

Delegado Marco Antonio comanda inquérito sobre
compra de votos (Foto: Suely Melo/G1)

 

O delegado disse ainda que, após o flagrante, comunicou ao juiz eleitoral, que autorizou a instauração do inquérito.

“Agora vamos analisar os documentos e chamar todos para prestar esclarecimentos, inclusive os eleitores que constam na lista”, afirma o delegado.

O delegado Marcos Antonio, que está presidindo o inquérito, disse que os documentos serão analisados e passarão por cruzamento de dados para ver a comprovação do crime eleitoral.

“O inquérito foi instaurado, houve a condução coercitiva para esclarecimentos e nesse momento cabe o indiciamento. O material será periciado e pode ser caracterizado documento público”, reforça o delegado.

Ainda segundo o Marco Antonio, a prefeita Lucila Toledo pode ser chamada para prestar esclarecimentos.

Investigações
A operação Vassalagem teve início na maruagada desta sexta. Foram cumpridos cinco mandados de condução coercitiva e oito de busca e apreensão.

Segundo a PF, alguns vereadores da cidade e uma funcionária pública estavam doando terrenos e materiais de construção em troca de votos. As buscas tiveram como propósito localizar e apreender documentos que comprovem o crime. Para formalizar a doação, estariam sendo entregues documentos como termos de cessão de uso aos eleitores arregimentados.

Se condenados, os autores dos crimes poderão pegar até sete anos de prisão e terem cassados seus registros de candidatura.

A PF explicou que a operação foi batizada de Vassalagem porque remete a instituto em voga na Idade Média europeia, quando reis e nobres distribuíam terras para comprar lealdade e apoio político dos correspondentes beneficiários (que passavam a ser seus vassalos). O termo significa, também, obediência, submissão e sujeição.