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Homenagem a Delmiro Gouveia

23/09/2016
Homenagem a Delmiro Gouveia

Delmiro Augusto da Cruz Gouveia nasceu em Ipu, no estado do Ceará no ano de 1863. Seu pai resolveu ser voluntário na guerra do Paraguai e lá morreu. Uma das ruas de Fortaleza tem uma placa com seu nome. Delmiro ficou órfão de pai com menos de 5 anos. Ao que parece, chegou a ser tipógrafo aos 11 anos. Com cerca de 20 anos foi comerciário. Depois surge como condutor de trem pertencente à Brazilian Street Raidways Company. Foi aí que Delmiro apreendeu de ouvido a falar inglês. Chegou a ser chefe de estação em Caxangá.

Delmiro desejava ir além. Como disse F. Magalhães Martins “Sua carreira estava mesmo na compra – e – venda”. Mas ele não era apenas um sonhador. Era também um realizador. Teve intenção de eletrificar Recife. Vai ao governo estadual apresentar seus planos, pedindo apenas autorização para a passagem, pelo território pernambucano, da linha condutora aos centros de consumo.

O governador, recém-eleito, rechassou, de maneira definitiva, com estas violentas palavras: “O negócio que o senhor propõe é tão vantajoso que deve envolver alguma velhacaria”. Vai, então, o idealista recolher-se na solidão da Pedra e insiste em levar energia hidrelétrica à localidade que hoje tem o seu nome e é a cidade – polo do Sertão de Alagoas”.

Dizem que alguém falou, certa feita, a Delmiro que Ceará estava na História do Brasil por conta de duas pessoas: Antônio Conselheiro e Padre Cícero. Antônio Conselheiro armou verdadeiras revoluções no interior da Bahia contra as forças na República que começava no Brasil. Padre Cícero, por sua vez, atraía muitos beatos pelos seus conselhos e seu carisma. Mas surgia um terceiro cearense que era uma figura de valor.

E Delmiro melancolicamente fez esta observação: “Aqui o valor do homem não se mede pelo bem que possa fazer e, sem, pelo mal que possa proporcionar! ”

Indiscutivelmente, Delmiro, que foi chamado de coronel, estabeleceu-se na Pedra e veio trazer residência digna aos operários. Não permitia que alguém andasse com punhal nem bebesse cachaça. Abriu escolas, construiu estradas.

Assim descreve Magalhães Martins: “Em 1913, seria inaugurada a primeira hidrelétrica na cachoeira de Paulo Afonso. No dia 26 de janeiro a água jorraria na Pedra, abundante, ante o contentamento de todos e a exclamação do pioneiro: È uma gota d’água que tirei do oceano!”

Delmiro estimulava com prêmios os meninos que conseguiam boas notas, nos seus estudos. Proibia andar de chapéu na cabeça dentro de casa. As gestantes, que trabalhavam na fábrica, tinham seu repouso: 3 meses antes do parto e 3 meses depois. Por sua vez, as noivas tinham seu enxoval.

Tornou-se obrigatório o uso de escova de dentes, bem como banho diário. Foram criadas escolas para adultos e crianças. Antes da aula todos cantavam o Hino Nacional. Mensalmente havia prêmio às operárias que tivessem vestidos mais simples aliados à elegância.

Conclui-se que o município alagoano, chamado Delmiro Gouveia, é homenagem merecida àquele que levou ao progresso uma região que aparentava ser inóspita, com inúmeras pedras e charnecas adustas e estéreis.