Relevância histórica: dicionário com 10 mil verbetes organizado pelo servidor Marcos Fonsêca vislumbra Era onde o ser humano e a tecnologia caminhem juntos. Kleber Lopes

Em 2017 o Instituto de Tecnologia em Informática e Informação de Alagoas (Itec) comemorará 40 anos de informática pública. Porém, nem só de máquinas e programas é feito o Instituto, que possui em seu quadro de servidores antigos trabalhadores do Estado que acompanharam o nascimento do órgão e que contribuem até hoje para uma nova Alagoas, mais moderna e inovadora.

O economista por formação Marcos Fonsêca, 64 anos, pode ser considerado um desses trabalhadores. Administrador de um acervo bastante completo sobre Tecnologia da Informação em Alagoas, possui 46 anos de trabalho, 37 destes no Estado, e foi um dos responsáveis pela criação do Itec. Fonsêca tem o sonho de um dia poder disponibilizar todo o material guardado para pesquisas no órgão, montando algo como uma biblioteca técnica.

Saga de colecionador

O servidor organiza sistematicamente dentro da pequena sala que ocupa no Itec documentos oficiais sobre o início da informática pública, dezenas de livros, suplementos de jornais e outros materiais gráficos que contam a história da tecnologia em Alagoas e, por tabela, da evolução da TI no Estado de maneira geral. Ao todo, já são 1.500 publicações. É graças a ele que boa parte da história da Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) pública estadual continua resguardada.

“Meu sonho é ter uma sala para organizar esse material. Um dia, quando eu sair, fica tudo, eu não quero nada. Essa é a minha contribuição. Meu sonho ainda é toda biblioteca que eu tenho aqui e na minha casa deixar no Itec para consulta e pesquisa”, destaca Marcos.

A saga de colecionar e guardar os materiais sobre as TICs começou logo após a criação do Itec, em 2002. “Eu percebi que, para criar o Itec, eu havia ficado com uns 300 materiais sobre tecnologia, que precisava ser mantido e catalogado. Aí eu bolei uma cartilhazinha, espécie de um glossário, falei com o presidente na época, Robério dos Santos, que me deu todo apoio e disse: ‘pesquise’. Aí eu comecei a receber dezenas de contribuições, e saiu esse trabalho que existe hoje”, completou o servidor.

Marcos Fonsêca já escreveu quatro livros na área de TI: volume 1 – Genética das TIC’s; volume 2 – Mecânica das Tic’s; volume 3 – Cotidiano: principais consultorias e eventos, leis e decretos que regem a área de informática e volume 4 – dicionário das Tic’s. Todos com as devidas referências de pesquisa disponibilizadas, feitos com recursos e esforços próprios e por isso ainda com um único exemplar impresso de cada, porém todos já digitalizados, podendo ser compartilhados em arquivo digital. Alguns nomes nas capas dos livros ainda estão em fase de modificação, mas o conteúdo já está finalizado.
Todavia, o economista não pensa em parar por aí. Hoje, luta para ter um espaço maior onde possa disponibilizar todo esse acervo para pesquisas. A gana de realizar o projeto da biblioteca técnica fez com que Fonsêca tenha o apoio total dos amigos de trabalho.

Relevância histórica

“Preservar a memória de uma instituição é de suma importância para manter sua história viva e resguardar seus princípios e valores. Marcos Fonsêca tem trabalhado arduamente para isso. Ele trouxe sua contribuição, habilidade e competência para agregar valor à organização, revelando-se um estudioso e pesquisador”, disse Glace Falcão, colega de trabalho de Fonsêca no Itec.

A servidora acredita ainda que o resgate da história das tecnologias da informação e comunicação no Estado traz também à luz e mantém viva a memória das pessoas que auxiliaram na sua implantação. “A relevância desse trabalho é que a história institucional é construída com a participação das pessoas do passado e do presente. Ela traz marcas daqueles que fazem parte dessa trajetória” completa Glace.

Em sua energia e perseverança, Fonsêca sintetiza bem a importância do Itec para o Estado, na capacidade de ser detentor de memórias e, ao mesmo tempo, vislumbrar uma era onde o ser humano e a tecnologia caminhem juntos para um futuro não apenas informatizado, como também mais humanizado.