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Escola da rede estadual que atende sistema prisional e unidades de internação de menores empossa primeiro Conselho Escolar

17/08/2016
Escola da rede estadual que atende sistema prisional e unidades de internação de menores empossa primeiro Conselho Escolar
Com a constituição do Conselho, torna-se unidade executora autorizada a receber e gerir recursos, dentre outros benefícios. Fotos: Valdir Rocha

Com a constituição do Conselho, torna-se unidade executora autorizada a receber e gerir recursos, dentre outros benefícios. Fotos: Valdir Rocha

Com uma recente, mas consistente, história, a Escola Estadual de Educação Básica Educador Paulo Jorge dos Santos Rodrigues, unidade que oferece ensino ao sistema prisional e unidades de internação de menores de Alagoas, comemorou com um café da manhã, nesta terça-feira (16), mais um importante marco: a posse do seu primeiro Conselho Escolar, órgão colegiado corresponsável pela gestão democrática, indispensável para autonomia e isonomia da escola.

A unidade recebeu o nome do ex-​socioeducando protagonista da luta pelo ingresso da educação no sistema prisional alagoano e que, posteriormente, tornou-se educador no próprio cárcere. Instituído em janeiro de 2013 pela Secretaria de Estado da Educação (Seduc), e decretado pelo Governo do Estado em 2014, o espaço ganhou sede própria, no bairro do Antares, apenas em 2015. Agora, com a constituição do Conselho, torna-se unidade executora autorizada a receber e gerir recursos, dentre outros benefícios. Até então, a escola funcionava com apoio de outra unidade, a Escola Estadual Alves Mata, também pertencente à 13ª Gerência Regional de Educação (Gere).

“A formação do Conselho foi a premissa básica da Seduc para nossa gestão, iniciada há cinco meses, mas este momento foi resultado de uma construção de mais de um ano de luta. Nós éramos a única escola da rede que não podia receber verba. O processo foi complicado pelo perfil dos nossos alunos. Então, conseguimos formar uma turma para ofertar Educação de Jovens e Adultos aqui da comunidade, possibilitando mais esta conquista”, comemorou a diretora da Paulo Jorge, Alba Marinho.

Composição – Constituído pelos quatros segmentos da comunidade escolar, pais, alunos, professores e funcionários, o Conselho tem funções consultiva, normativa, fiscalizadora e avaliativa, sendo indispensável para o fortalecimento da gestão e instrumento de mobilização social.

“A convivência entre a escola Paulo Jorge e a comunidade é real. Este é mais um momento e resultado de uma construção coletiva, o conselho é a união de forças”, destacou o diretor adjunto, Paulo Henrique, durante a posse.

Para Leilson Oliveira do Nascimento, primeiro gestor da Paulo Jorge e hoje supervisor da Educação de Jovens e Adultos pela Seduc, o trabalho deverá ser uma constante.

“Esta luta começou individualmente, com o Paulo Jorge. Hoje, ela é coletiva. A história dele provocou a necessidade desta instituição. Tudo foi muito difícil, muitos estereótipos foram criados, mas não desistimos. A educação é feita de luta e a luta continua”, destacou emocionado.

Dois braços – Consideradas pela gestão como os dois braços da escola, as Secretarias de Prevenção à Violência (Seprev) e a Secretaria de Estado de Ressocialização e Inclusão Social (Seris), foram representadas respectivamente pela Superintendência de Medidas Socioeducativas (Sumese), hoje contemplada com atendimento a 150 alunos, e a Gerência de Educação, Produção e Laborterapia do Sistema Prisional, com mais 125 alunos.

“Cada passo é uma importante conquista e esta é, para nós, também é uma conquista significativa, fechando um ciclo burocrático para efetivar o apoio aos nossos alunos”, considerou a gerente de Educação, Produção e Laborterapia do Sistema Prisional, Andrea Rodrigues.

Pela Sumese, a gerente Ludmilla Macedo de Holanda também enalteceu o momento. “Foi uma luta em conjunto para efetivação deste conselho, que é de extrema importância, pois vai balizar todo processo pedagógico dos nossos alunos internos”, ressaltou.

Além da gerente da 13ª Gere, Monica Sarmento, técnicos da Seduc e membros da comunidade, também comemoraram. Uma delas foi Leidjane da Silva Lima, representante do segmento pais. “Já venho trabalhando com estes meninos há alguns anos em busca de uma efetiva participação deles na escola. Graças a Deus, temos muitos estudando. Eles estão cumprindo medidas socioeducativas, mas não estão privados de seus direitos. Precisam ser preparados para ter uma vida diferente amanhã e a educação e o trabalho hoje serão esta ponte para novas oportunidades aqui fora”, afirmou.