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Lendo & comentando

02/07/2016
Lendo & comentando

Denis Portela de Melo, filho ilustre do saudoso médico José Maria de Melo, ex-presidente da Academia Alagoana de Letras, herdou do preclaro genitor o talento de escritor moderno a serviço de sua terra natal Viçosa, cognominada “ Princesa das Matas”pela tradição cultural que ornamenta o Vale do Paraíba como um todo.

            Nas suas andanças literárias, escreveu três livros a saber: Passagem de Volta ( memórias), Por Linhas Tortas ( romance) e do Fundo da Gaveta ( crônicas). Todos falam de sua infância, bem como da adolescência vivida na Cidade Maravilhosa ,doutorando-se em engenharia agronômica que exerceu com proficiência no Ministério da Agricultura.

            Agora, brota de sua excelsa memória o quatro livro intitulado Fim de Feira, produzido na VENHA, Editora de Comunicação Ltda. ( Rua da Praia, 128 – Centro – Maceió – Alagoas). Composto de cento e setenta e nove páginas recheadas de humor, fatos pitorescos na região,bem como inseridas  personagens que relembram o pretérito não muito remoto do autor.

            Dir-se-ia que Denis Portela marcou, também, sua época de boêmio no Bar Trovador Berrante, do legendário Zé do Cavaquinho, amigo do Menestrel das Alagoas .E, por isso, cantou e encantou as mocinhas de sua época. Diga-se, de passagem, viveu sua profícua existência intensamente quer como homem da night, quer como profissional no Rio de Janeiro.

            Fim de Feira, por sua vez, proporciona ao leitor causos ocorridos na sua vivência no engenho de açúcar pertencente a seus ancestrais. Brincou na bagaceira assistido pela mãe/avô sem nenhuma restrição à liberdade. Muito pelo contrário, exerceu suas brincadeiras de menino feliz ao lado de seu pai que lhe forjou o engenho literário.

            O Prefácio da obra, por sua vez, traz a marca do seu conterrâneo Marcos Vasconcelos Filho que, na grandeza de seu espirito de homem público, dissecou com maestria a prosa feita com amor d’ alma de quem faz história com altivez. E, dessa forma, merece ser reproduzida o texto que embeleza a contracapa  do livro em epígrafe.

            “ As palavras-chaves dos enredos desta coletânea de crônicas são hotéis, máquinas de escrever, vida social, engenhos, infância rural, automóveis, política, futebol, dramaturgia, amigos, parentes, fotógrafos, figuras pitorescas, num fabuloso de memória e de junção de não dizer que é simples por ser conciso, no seu característico  de prosa bem medida e pontuada e seu encadeamento de vírgulas tão peculiar, em narrativas que são às vezes flash de histórias dentro de histórias, e como que em conotações cujos delineamentos são quase sempre as de uma saudade que não cessa em seu lugar em seu autor- ah, como em todos nós -, de estar presente.”

            Por outro lado, as orelhas são de autoria do santanense de boa cepa – Djalma de Melo Carvalho -, sócio efetivo da Associação Alagoana de Imprensa, funcionário aposentando do Banco do Brasil, telúrico incurável de sua querida Santana do Ipanema, terra que o viu nascer. E, portanto, ressalta-se o que escreveu.

            “Fim de Feira, o título do livro, sugere-nos pela sua originalidade, o encerramento da apreciada produção literária  do já consagrado escritor viçosense. Se isso viesse a acontecer, seria, então, uma irreparável perda para a literatura alagoana, para a história de Viçosa, para a história de sua gente. Nem pensar nessa desagradável hipótese. Denis, ao contrário, deve ainda possuir muita coisa guardada, como segredo de estado, no fundo dos sacos deixados por seu tio Arnóbio. É só esperar. Outros livros virão”.

            As crônicas inseridas no bojo do livro, vê-se que na sua maioria leva o leitor a gargalhar com a narração. E, consequentemente, delicia-se com o estilo do escritor que, na casa dos oitenta anos, continua bem humorado, gozando de perfeita saúde e, porque não dizer, agradecendo a longevidade a Deus e os cuidados da dedicada esposa.

            No Sumário, encontram-se os títulos das crônicas. O boêmio e o escritor, Hotel de interior, A  rifa, O relógio, Bateria arriada, Extraordinário marqueteiro, O tiro, O sorriso do defunto, Petronilo, Recomendação médica, O filtro, O biguzeiro, Agipe, Gulodice, A dedicatória, Mãe de filho único, O vice, O troco, Um conceito de elegância, Manda quem pode, Zito, Um estranho no ninho, Coisa pouca, Curto e grosso, a retificação, Crime tipificado, Zé Tolenga,  O bombardeio, Um sujeito bem de vida, O agente transmissor, Pra tudo tem um jeito,  No meu tempo, Impostômetro, O sonho de Zeca Três Beiços, A fome de Sansão, Viagem perdida, O burocrata, O cavalo de Dom Pedro, O sovina, O dilema, Fim de feira e traços biográficos. Tudo isso, narrado com muita paixão às letras, à    arte de prosar que proficiência e dedicação