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Sem acordo com marchantes FrigoVale suspende abate em Arapiraca

25/06/2016
Sem acordo com marchantes FrigoVale suspende abate em Arapiraca
Frigovale

Frigovale

O impasse entre os marchantes de Arapiraca e região Agreste continua e nesta sexta-feira (24) a direção da empresa decidiu encerrar as atividades temporariamente até uma decisão do julgamento do caso na Justiça. Para abastecer o mercado de carnes em Arapiraca os marchantes tomaram a iniciativa de realizar o abate no frigorifico Mafripes em Rio Largo, distante de Arapiraca, 112 quilômetros.

A distância gera custo no produto que está sendo repassado para o público consumidor que tem que adquirir o produto a preços mais altos. O problema complica o comércio de carnes de outras cidades da Região Metropolitana do Agreste (RMA) que dependem do abate em Arapiraca. Em algumas cidades do Agreste, a exemplo de Lagoa da Canoa estão sem carnes nos açougues a disposição dos consumidores.

Com o impasse, e a necessidade de abastecer os açougues vai ocorrer o aumento da matança clandestina do gado nos sítios sem as mínimas condições de higiene e de transporte e sem a fiscalização dos órgãos competentes, principalmente da Vigilância Sanitária. O impasse está no alto preço cobrado pelo FrigoVale de R$ 88,52 por cabeça do gado e ainda usufruir das vísceras que não é do acordo dos marchantes. O frigorifico Mafripes cobra o abate por cabeça R$ 45,00 ficando com as vísceras e R$ 130,00 liberando as vísceras.

Aguarda decisão judicial

O problema entre o FrigoVale empresa terceirizada e os marchantes e sobre a liberação ou não das vísceras, de acordo com Marlos Santos, o impasse aguarda decisão judicial na 4ª Vara de Arapiraca aguardando julgamento do juiz Geovane Jatubá. A categoria dos marchantes lutam pela diminuição do valor cobrado e querem a posse das vísceras que até o momento está sem definição. Enquanto o problema persiste a população sendo prejudicada com o valor mais alto do produto enquanto que em outras cidades e até mesmo em Arapiraca deve aumentar a matança clandestina e o problema de saúde pública com o consumo do produto sem nenhuma fiscalização da Vigilância Sanitária.

FrigoVale não marca presença em Audiência Pública do Legislativo de Arapiraca

Na tentativa de solucionar o problema em maio último a Câmara Municipal de Arapiraca tentou solucionar o problema através da realização de uma Audiência Pública. Foram três horas de discussões e cobranças dos vereadores durante a audiência pública proposta pela vereadora Fabiana Pessoa (PSC) realizada em maio último no plenário da Câmara Municipal de Arapiraca para discutir entre outros temas, das denuncias dos moradores do Conjunto Residencial Brisa do Lago, com o mau cheiro provocado pela empresa com o abate de animais, como também a falta de compromissos da empresa, com os marchantes, que denunciaram aos vereadores, que a carne abatida frigorífico, está chegando aos comerciantes, por volta das 10h00, o que tem causado sérios prejuízos financeiros a categoria.

Durante a audiência pública, o quer mais revoltou os vereadores, segundo eles, foi o fato de a empresa Frigovale, não comparecer aos debates, preferindo enviar à presidência da Casa, um ofício, segundo o qual, diz o porque não compareceu. A vereadora Fabiana Pessoa, autora da realização da audiência pública, lamentou que os diretores da Frigovale, não tenham dado o mínimo respeito aos vereadores, que esperavam deles, pelo menos uma resposta ao comparecerem ao encontro como os demais participantes e cobrou posição da Câmara Municipal de Arapiraca sobre o assunto.

Em um dos trechos do ofício, a Frigovale diz que agradeceu o convite, contudo, a empresa não compareceu a Audiência Pública, porque as matérias a serem tratadas se encontram sob apreciação do Poder Judiciário. Em outro trecho do ofício, lido pelo primeiro secretário da Mesa Diretora, Moisés Machado (PDT) diz: é importante lembrar que a Frigovale possui decisão favorável no bojo do Mandado de Segurança, contudo não o executa com o intuito principal de melhorar as relações com os marchantes e em razão de toda discussão já vivenciada em diversos órgãos.

Voto de repúdio

Em face das explicações da empresa em não participar dos debates, os vereadores fizeram questão externar o seu descontentamento e manifestaram o Voto de Repúdio a direção da empresa, por não respeitar o Legislativo arapiraquense, que representa os 210 mil habitantes da cidade. “Esta Casa tem que tomar uma posição firme contra a falta de respeito, não só aos vereadores, mas a população de Arapiraca representa aqui pelos 15 parlamentares, por isso, peço que a Casa emita um voto de repúdio aos diretores da Frigovale, que não estão participando desta audiência pública sobre as denúncias contra a empresa”, disseram os vereadores Moisés Machado e Professora Graça, em nome dos demais parlamentares.

A secretária de Indústria e Comércio de Arapiraca, Mirka Lúcio, na Audiência Pública, disse que se algo grave acontecer como algumas pessoas pretendem fazer, que é fechar a Frigovale, quem sairá perdendo será a cidade e consequentemente o próprio povo, que deixará de ter uma empresa de grande porte em Arapiraca.

Participaram dos debates, a diretora do Departamento de Vigilância Sanitária, Valquíria Bastos, o Procurador do Município Dr. Vitor e o diretor de Comunicação da Associação de Desenvolvimento Comunitário dos Moradores do Residencial Brisa do Lago, José Marcelo Palmeira, que falou sobre os problemas enfrentados pelos moradores, principalmente com o mau cheiro.

Ao final das discussões, ficou definido que os vereadores vão solicitar da Justiça, a decisão do Juiz Geovane Jatubá sobre o processo movido pelos marchantes como também dos moradores do conjunto Brisa do Lago. Outro ponto acertado pelos vereadores, foi a solicitação que vão fazer ao Instituto do Meio Ambiente (IMA), da cópia de autorização de funcionamento da empresa, para saber se a mesma é provisória ou definitiva. Também vão discutir com o setor jurídico da Câmara Municipal, a Lei de Concessão da Frigovale, caso não cumpra com as determinações. Haverá a rescisão do contrato.

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