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Professores de escolas quilombolas participam de oficina identitária em Belém

07/06/2016
Professores de escolas quilombolas participam de oficina identitária em Belém
Identificar histórias que representam a cultura das comunidades quilombolas é o primeiro passo para a consolidação do valor de pertencimento (Foto: Divulgação)

Identificar histórias que representam a cultura das comunidades quilombolas é o primeiro passo para a consolidação do valor de pertencimento (Foto: Divulgação)

O sentimento de pertencer a uma cultura e ter sua história respeitada é uma das principais privações entre as comunidades quilombolas. Na tentativa de quebrar este processo de invisibilidade e promover o autorreconhecimento entre os povos, os professores do polo Barro Vermelho, localizado no município de Belém, em Alagoas, participaram de uma oficina simbólica identitária conduzida pelo Instituto Raízes da África.

A proposta surgiu da iniciativa da própria coordenação das escolas quilombolas da cidade, que assinalaram fragilidades na identificação do “ser preto”, sobretudo, no âmbito de ensino. Como consequência, os alunos não desenvolvem interpretações adequadas sobre sua realidade e especificidades culturais, que, por sua vez, são expressas por meio da presença das resistências.

Idealizador do encontro e coordenador do polo de escolas quilombolas, o professor José Ilalo da Silva, explicou que projeto busca resgatar a cultura negra na comunidade. Segundo ele, dentro do polo existem quatro escolas, mas apenas uma delas é quilombola.

“Ainda sofremos com o preconceito, muitos não aceitam os negros. Por isso, com o projeto, queremos um trabalho dentro das escolas durante todo o ano letivo e, futuramente, queremos estender o projeto para todo o município”, destacou José Ilalo da Silva.

Contudo, para a coordenadora do Instituto Raízes da África, Arísia Barros, antes de definir qualquer processo identitário é preciso ouvir e entender as demandas do povo quilombola. Para isso, a absorção de saberes e histórias que representam a cultura das comunidades é o primeiro passo para a consolidação do valor de pertencimento, não apenas nas escolas, mas nos diferentes espaços sociais.

“É enorme a carência de reconhecimento ainda entre os quilombolas. Não há uma leitura e compreensão da história destes povos; há uma neutralização latente sobre a questão do racismo, por exemplo. Sentimos esta fragilidade durante o encontro. É preciso quebrar com esta invisibilidade imposta aos diferentes grupos sociais e propagar o sentimento de pertencimento entre eles”, destaca Arísia Barros.