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Os ribeirinhos pedem socorro

17/06/2016
Os ribeirinhos pedem socorro

Corre a notícia de que o presidente em exercício vai fazer sua primeira viagem para inspecionar os trabalhos da transposição do rio São Francisco. Chega até ser louvável essa atitude, pois poderá ele ver o quanto já foi realizado e o que pode ser avaliado para o que ainda vai ser feito.

Contudo seria muito proveitosa a visita dos altos poderes do Brasil observar “in loco” o rio São Francisco já sem forças no término de sua “caminhada”. O que se diz é que, nos tempos de outrora, os tripulantes dos navios, a quatro quilômetros da foz, podiam beber água doce do atual Velho Chico.

Espera-se, pois, que o senhor presidente interino do Brasil estará observando o baixo São Francisco, não só na novela Velho Chico, mas conhecendo ao vivo a realidade. A dura realidade é que a salinidade da água fez desaparecer praticamente o surubim, tão apreciado pelos ribeirinhos.

Basta dizer que a cidade de Piaçabuçu, que está a doze quilômetros de sua foz, já sente a “fraqueza” do Velho Chico. Com efeito, o abastecimento de água, na referida cidade, é feita duas horas depois da maré vazante. Por sua vez, para-se o abastecimento duas horas antes da maré enchente, conforme diz Mozart Luna.

Se não houver essa precaução, a água não ficará potável. Vê-se, pois, que o abastecimento da água é cuidadosamente monitorado. Não se pode duvidar, portanto, que se não houver sérias providências, o povo de Piaçabuçu poderá um dia não ter mais água para beber. O velho Chico pede socorro.

Sabe-se que Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba não esperaram pelas águas do São Francisco para crescerem. Afirmam os entendidos que a transposição do rio não teve o devido planejamento.

Caso a transposição tenha influência na “fraqueza” do Velho Chico, só há uma medida correta: não se ir adiante na transposição. Não é conveniente que Piaçabuçu se acabe para que a água vá para outras paragens.

Aproveitando a oportunidade, é interessante lembrar algo sobre a cidade que fica mais perto da foz. Há duas opiniões sobre a origem do nome. Há quem afirme que o topônimo vem de “pe – haçabuçu”que significa “passagem geral do caminho”.

Outros declaram que o nome vem de “piaçava” (palmeira) “açu” (grande). Consequentemente significando “palmeira grande”. De qualquer forma, vem o nome de origem indígena.

Quanto à área é de 240 Km2 e a população dada pelo IBGE em 2007 era de 17.466. tornou-se vila no dia 31 de maio de 1882 e chegou a ser cidade no dia 1º de maio 1939. Consequentemente os piaçubuçuenses celebraram os 77 anos de cidade no primeiro dia de maio deste ano.

Não se deve desejar que, por falta de água potável, venham a ser celebrados os funerais da simpática cidade de Piaçabuçu.

Enfim o Velho Chico pede socorro, estertora e agoniza. Não se deve apressar o projeto de transposição e esquecer o grito de socorro dos ribeirinhos do São Francisco.