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Mulheres de Arapiraca promovem ato contra a ‘Cultura do Estupro’

04/06/2016
Mulheres de Arapiraca promovem ato contra a ‘Cultura do Estupro’
Mulheres levaram cartazes contra a violência; o vermelho representou o sangue dos crimes cometidos (Foto: Cláudio Roberto)

Mulheres levaram cartazes contra a violência; o vermelho representou o sangue dos crimes cometidos (Foto: Cláudio Roberto)

Gritando palavras de ordem como “meu corpo não é convite ao estupro, nem recatada e nem do lar, a mulher está na rua pra lutar”, um grupo de jovens realizou na manhã deste sábado, 04, um ato denominado Cultura do Estupro, para protestar contra o aumento da violência contra a mulher, principalmente o aumento no número de estupros em todo o Brasil, como os que aconteceram recentemente. Um deles, no Rio de Janeiro, onde uma jovem foi estuprada por 33 homens, e outros no Piauí, onde outra jovem foi estuprada por seis homens, crimes que ganharam destaque na imprensa mundial.

O ato teve como ponto de concentração a Tenda Cultural, da Praça Luiz Pereira Lima, centro de Arapiraca, onde os jovens portando faixas de cartazes manifestaram o voto de repúdio contra esse tipo de crime contra às mulheres.

Durante o ato de protestos, as mulheres também repudiaram um suspeito de estuprar e matar uma criança de nove anos, em Buenópolis, na região central de Minas e outro, onde foi arrancado o coração da vítima, uma criança que estava  desaparecida desde o dia 1º, quando saiu de casa para ir à escola.

Segundo a perícia, o corpo apresentava uma perfuração na região do estômago. O Instituto Médico Legal analisa material genético para confirmar a identificação do suspeito do crime. A polícia está à procura de Jairo Lopes, de 42 anos, foragido da Justiça por outros crimes.

Para o estudante Lucas Cavalcante, não são as roupas ou os locais onde as mulheres frequentam, que lhes tiram o direito de serem respeitadas. “Pode ser um baile funk ou outra balada que colocá-las em risco iminente de serem estupradas”, desabafou.

Ele defendeu um maior engajamento da sociedade contra esses crimes,  principalmente o crime hediondo do estupro contra as mulheres.

Uma das organizadoras do movimento, Rosely Lúcio, disse que o movimento contra a Cultura do Estupro tem como objetivo principal mostrar à sociedade esse grito de liberdade e lutar por punições mais rígidas contra os estupradores.

“Não foi apenas aquela jovem do Rio de Janeiro, que se sentiu ferida com o ato do estupro de 33 homens, mas as mulheres de todo mundo, que também condenam este ato criminoso”, desabafou, alertando, porém, que é preciso denunciar os estupradores para tirá-los do seio da sociedade.

A secretária municipal de Políticas Públicas para as Mulheres, Hyseth Santos, foi convidada pelo movimento para participar do ato. Durante o ato de protesto, as mulheres confeccionaram cartazes com tinta vermelha simbolizando o sangue derramado das vítimas dos estupros.

As manifestantes saíram em passeata pelas principais ruas do centro de Arapiraca, pedindo à sociedade o apoio desta luta, lembrando que cada pai e mãe de família que acompanhavam das lojas, casas e das calçadas o movimento, também tinham uma filha que poderia se tornar vítima desse crime hediondo.

Segundo as participantes do movimento, de acordo com os dados do 9º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, no Brasil, a cada 11 minutos, uma mulher é vítima de estupro.

Em mais de dois anos de atividade, o Centro de Referência e Atendimento à Mulher em Situação de Violência, equipamento integrante da Secretaria Municipal de Política Para as Mulheres (SMPPM), já fez cerca de mil atendimentos a arapiraquenses, no âmbito social, psicológico e jurídico.

Há ainda o grupo de vivência “Bem-Me-Quer” que, semanalmente, realiza encontros com a finalidade de debater as experiências vividas pelas usuárias.