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Inflação volta a subir e preço do feijão assusta o consumidor

14/06/2016
Inflação volta a subir e preço do feijão assusta o consumidor
Alguns supermercados apresentaram variação de preços feijão e o valor do feijão subiu para R$ 12. (Foto: Lucianna Araújo)

Alguns supermercados apresentaram variação de preços feijão e o valor do feijão subiu para R$ 11,50. (Foto: Lucianna Araújo)

A inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – IPCA voltou a subir, fechando o mês de maio em 0,78%, resultado 0,17 ponto percentual superior ao de abril, que foi de 0,61%. Esta é a taxa mais elevada para os meses de maio desde 2008, quando atingiu 0,79%.

Os dados relativos ao Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial do país, foram divulgados na semana passada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O feijão, um dos itens básicos da alimentação, já é considerado um dos vilões da cesta básica por especialistas que monitoram o custo de vida e também pelos consumidores alagoanos, que reclamam que o alto valor do produto vai impossibilitar o consumo do alimento. Problemas com a seca, por exemplo, têm feito com que os preços disparem. Em Alagoas, segundo o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), em maio, o item apresentou variação de 1,58%.

Em Palmeira dos Índios, os preços do quilo do feijão variam entre R$ 4, 50 e R$ 11,50, de acordo com o tipo. Em vários supermercados da região, o produto apresentou preços variáveis. O feijão “fradinho”, por exemplo, custa R$ 4, 45, o quilo. O “preto” sai por R$ 5, 99, enquanto o “carioca” e o “branco” chegaram a R$ 11, 50.

O ferro, presente em maior quantidade nos feijões preto, carioca e branco, os mais caros, é um componente essencial no transporte de oxigênio no organismo, na formação de glóbulos vermelhos, na manutenção do sistema imunológico, na produção e manutenção de vários neurotransmissores cerebrais e na proteção contra danos provocados por oxidantes. “O ferro também está presente em alguns alimentos como o fígado bovino, a lentilha, gemas de ovos, na carne bovina e nos vegetais verdes. A falta de ferro no organismo pode produzir fraqueza, palidez, fadiga, falta de concentração, sonolência, palpitação e formigamento nas mãos e pés”, explicou a nutricionista Tatiana Ferro.

Aumento do preço do feijão pode estar relacionado à estiagem, segundo especialistas. (Foto: Reprodução)

Aumento do preço do feijão pode estar relacionado à estiagem, segundo especialistas. (Foto: Reprodução)

Por isso, a dona de casa Vânia Menezes disse que vai substituir o feijão por outro produto que contenha o mesmo valor nutritivo, mas com um preço mais baixo. “O feijão verde e a fava estão bem mais em conta. Vamos substituindo e esperar que o feijão baixe mais os preços. Acho também que os comerciantes se aproveitam da situação para aumentar os preços dos produtos. Há duas semanas eu comprava o feijão carioca por sete reais e agora já custa 12. Assim não tem bolso que aguente”, reclamou.

Cesta Básica

Mas não foi só o feijão que sofreu reajuste. Em relação à cesta básica, através dos dados da pesquisa, foi notado que, no intervalo de tempo auditado, a cesta básica comprometeu um percentual de 36,13% do salário mínimo atual, que é de R$ 880. Isso, segundo o levantamento, representa um acréscimo de 0,21% em relação ao mês de abril.

Com a alta de maio, o IPCA passa a acumular variação de 4,05% nos primeiros cinco meses do ano, resultado, no entanto, inferior em 1,29 ponto percentual aos 5,34% de igual período em 2015.

O IPCA acumulado dos últimos doze meses (a taxa anualizada) ficou em 9,32%, ligeiramente acima dos 9,28% relativos aos doze meses imediatamente anteriores. Em maio de 2015, o IPCA fechou em 0,74%.

A principal contribuição para a alta de maio veio do grupo habitação, que subiu 1,79%, e colaborou com 0,27 ponto percentual para o IPCA do mês, tendo como principal contribuição para a aceleração do grupo a taxa de água e esgoto, com alta de 10,37%. Foi o item de maior contribuição individual no mês, com 0,15 ponto percentual.

Ainda no grupo habitação, outros itens importantes exerceram pressão no IPCA do mês: energia elétrica (2,28%), mão de obra para pequenos reparos (0,87%), artigos de limpeza (0,85%) e condomínio (0,79%). Energia elétrica, com alta de 2,28%, também exerceu pressão sobre o grupo habitação.

Outras contribuições

Além do grupo habitação, também contribuíram para a alta do IPCA de maio os grupos saúde e cuidados pessoais (1,62%); e alimentação e bebidas, com alta de 0,78%. No primeiro caso, a contribuição para a alta de 0,78% do IPCA foi de 0,18 ponto percentual e no segundo 0,2 ponto.

No caso do grupo saúde e cuidados pessoais, destaca-se o impacto de 3,1% do aumento nos preços dos remédios, que, em abril, também já haviam subido 6,26%. Com isto, nestes dois meses, os remédios acumularam alta de 9,55%, como reflexo do reajuste de 12,5% em vigor desde o dia 1o de abril.

No grupo da saúde (1,62%), também sobressaem, por aumentos significativos nos preços, os itens artigos de higiene pessoal (1,17%), plano de saúde (1,06%) e serviços médicos e dentários (0,91%).

Já nas despesas pessoais (1,35%), o destaque ficou com o cigarro, cuja alta foi a 9,33%, refletindo reajustes entre 3% e 14%, conforme a marca, em vigor a partir de 1o de maio. Destacaram-se, ainda, os itens empregado doméstico (0,87%) e manicure (0,64%).

Alimentação e bebidas

Embora tenham subido menos que o 1,09% de abril, os preços do grupo alimentação e bebidas fecharam maio com variação de 0,78% (o mesmo do IPCA do mês). Vários produtos tiveram aumentos significativos, a exemplo da batata-inglesa, que ficou 19,12% mais cara de abril para maio e já acumula alta de 50,91% neste ano. A cebola subiu 10,09% em maio, depois de ter fechado com deflação (inflação negativa) em abril: -2,36%.

Legenda da foto Batata Inglesa: A batata inglesa também sofreu aumento nos preços em algumas regiões. (Foto: Reprodução)

Legenda da foto Batata Inglesa: A batata inglesa também sofreu aumento nos preços em algumas regiões. (Foto: Reprodução)

Em contraposição, alimentos importantes na despesa das famílias se apresentaram em queda de um mês para o outro, principalmente a cenoura, que chegou a fechar maio com deflação de 23,08% e já acumula nos primeiros cinco meses do ano variação de 43,15%. Produtos importantes para o consumo das famílias também fecharam com deflação como o óleo de soja (-42%); carnes (-0,53%) e o feijão-fradinho (-0,91%).

Por região

Entre as regiões do país envolvidas na pesquisa relativa ao IPCA cinco fecharam maio com resultado superior à variação média de 0,78%, com destaque para Fortaleza, com alta de 0,99%.

Em São Paulo, a de maior peso na composição do IPCA (30,67%), a alta foi de 0,93%; em Porto Alegre, 0,92%; Recife (0,9%); e Salvador (0,83%). A região metropolitana de Belo Horizonte fechou com a mesma variação da média nacional: 0,78%.

Na outra ponta, entre as sete regiões que fecharam com alta abaixo do IPCA do mês, a menor taxa foi a de Goiânia, onde o IPCA teve variação de 0,28%. No Rio de Janeiro, a alta foi de 0,60% e em Brasília, de 0,45%.

Metodologia

Indicador utilizado pelo governo federal para balizar o plano de metas fixado pelo Banco Central, o IPCA deste mês envolve os preços coletados entre os dias 29 de abril a 30 de maio, comparados aos preços vigentes no período de 31 de março a 28 de abril.

É calculado pelo IBGE desde 1980, se refere às famílias com rendimento de 1 a 40 salários mínimos, qualquer que seja a fonte, e abrange dez regiões metropolitanas do país, além de Goiânia, Campo Grande e de Brasília.