Política

‘Não me escutaram. A história me reservou este momento’, disse Collor

12/05/2016
‘Não me escutaram. A história me reservou este momento’, disse Collor
Jamais o Brasil passou por uma confluência tão clara, tão entrelaçada e aguda de crises na política, na economia, na moralidade e na institucionalidade. (Foto: Reprodução/TV Senado)

Collor afirmou que jamais o Brasil passou por uma confluência tão clara, tão entrelaçada e aguda de crises na política, na economia, na moralidade e na institucionalidade. (Foto: Reprodução/TV Senado)

O senador Fernando Collor de Mello (PTC) teve seu mandato de presidente impedido pelo Senado em 1992, quando renunciou ao cargo. Agora do outro lado, ele criticou o governo da presidente Dilma Rousseff durante seu discurso no plenário.

Em meio a citações a passagens do processo que culminou com seu próprio impeachment, Collor disse que “jamais o Brasil passou por uma confluência tão clara por crises na política e na moralidade”. O senador, entretanto, em seu discurso, não deixou claro se estava contra ou a favor do prosseguimento do processo de impeachment de Dilma. No fim da manhã, o painel eletrônico entregou o voto do ex-presidente: sim.

— Chegamos às ruínas de um governo e de um país. Todas as tragédias se reduzem a uma mesma tragédia. Constatamos que o maior crime de responsabilidade está na irresponsabilidade pelo desleixo com a política, na irresponsabilidade pelo aparelhamento desenfreado do estado que o torna ineficaz. É crime de responsabilidade a mera irresponsabilidade do país. Não foi por falta de aviso. Falei dos erros na economia, da falta de diálogo com o parlamento. Não me escutaram. Ouvidos de mercador. Relegaram minha experiência — disse.

Collor também fez comparações entre o processo de seu impeachment e o atual.

— Em 1992, bastaram 4 meses da denúncia até a decisão de renunciar. O rito é o mesmo, mas o rigor não — afirmou. — A história me reservou esse momento — completou.

Collor foi denunciado pelo MPF no âmbito das investigações da Lava Jato, que apura esquema de corrupção e lavagem de dinheiro com recursos desviados da Petrobras. De acordo com as investigações, o parlamentar teria recebido cerca de R$ 26 milhões em propina do esquema de corrupção da Petrobras entre 2010 e 2014. Uma parte do montante teria sido repassada ao senador em depósitos realizados pelo doleiro Alberto Youssef. Por determinação do STF, a Polícia Federal cumpriu mandado de busca e apreensão na residência do parlamentar. Foram apreendidos três automóveis de luxo: Ferrari, Lamborghini e Porsche.