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A maternidade em um hospital de urgência e emergência

09/05/2016
A maternidade em um hospital de urgência e emergência

 

Dois exemplos da magnitude de ser mãe: Luciene Tenório, 32 anos, que há oito anos se dedica a acompanhar seu filho Cláudio Riquelme, internado no HGE paralisia cerebral; e dona Luíza, 54 anos, mãe de 16 filhos, dois de ventre e 14 de coração adotados na juventude. (Foto: Neide Brandão)

Dois exemplos da magnitude de ser mãe: Luciene Tenório, 32 anos, que há oito anos se dedica a acompanhar seu filho Cláudio Riquelme, internado no HGE paralisia cerebral; e dona Luíza, 54 anos, mãe de 16 filhos, dois de ventre e 14 de coração adotados na juventude. (Foto: Neide Brandão)

Luciene Tenório, 32 anos. Mãe de quatro filhos, um com paralisia cerebral. Há oito anos ela se divide entre acompanhar seu filho Cláudio Riquelme (16), internado no Hospital Geral do Estado (HGE), além de passar alguns momentos com as outras três filhas. Maria Luiza Ribeiro, 54 anos. Mãe de 16 filhos, dois de ventre, 14 de coração, adotados por ela na juventude. Técnica de enfermagem com 26 anos de profissão, Luiza trabalha na área pediátrica do HGE, onde é uma das cuidadoras do menino Riquelme. Duas mães entre as muitas que circulam na unidade hospitalar, que têm um ponto em comum: a coragem, dedicação e muito amor pela maternidade.

A dona de casa Luciene descobriu que o filho tinha encefalopatia crônica logo ao nascer, a demora no parto resultou na paralisia cerebral do filho. Segundo ela, nos primeiros três anos de vida ele se alimentava, sentava e se comunicava como uma criança normal, contudo, a partir de uma piora, passou a viver no hospital. “O Cláudio começou a ter convulsões. Com quatro anos ele entrou em coma e nunca mais escutei meu filho chamar ‘mamã’ como fazia. Foram momentos de muito desespero e tristeza”, lembrou a mãe.

Dos oito anos que Cláudio vive no HGE, seis deles foram na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), entre a vida e a morte, onde já passou por cinco paradas cardíacas. A mãe contou que durante esse período viveu um período depressivo, que culminou com o abandono do marido. “Foram períodos bem difíceis. Hoje o que mais quero é passar mais tempo com minhas filhas e mãe. Já cheguei a ficar três meses sem vê-las, cuidando do Cláudio”, comentou.

Assim como Luciene, Luiza, a profissional de saúde que cuida de seus pacientes como se fossem parte da sua família, vê na maternidade uma oportunidade única de dedicação completa e exclusiva. E como uma mãe faz tudo por seus filhos, ela é capaz de se esquecer de si mesma para proteger os seus, relatam colegas de trabalho no HGE. E ela sabe bem o que é isso, logo aos 16 anos levou para casa seis crianças abandonadas e disse aos pais que passariam a ser seus filhos. Boa de lábia e certa do que queria, também convenceu o marido, anos depois, a adotar outras crianças, fazendo da maternidade sua maior virtude.

Hoje é conhecida nos corredores do HGE como “a mãezona”, mulher humana e dedicada aos filhos e aos seus pacientes. Profissional exemplar, ela descobriu logo cedo que o trabalho é fundamental no crescimento do homem. Com 17 anos conseguiu seu primeiro emprego quando uma professora se solidarizou com sua atitude ao adotar as crianças abandonadas e a convidou para ser vendedora em sua loja de roupas. A partir de então, passou pela área educacional, como professora e depois para a área da saúde.

“Educar é uma das melhores coisas que podemos fazer pelos que amamos. Procurar passar para nossos filhos a importância de ser alguém íntegro e correto, que saiba valorizar a vida e suas belezas de forma intensa e única é fundamental para mim. Cuido dos meus pacientes com o mesmo amor genuíno que sinto pelos meus filhos. Amar é nossa melhor dádiva”, completou.

A técnica de enfermagem é uma das profissionais que se dedicam a cuidar do paciente Cláudio Riquelme. “Ele é considerado um paciente grave, está conosco há muito tempo, já faz parte da família. Quando passamos muito tempo com pacientes no hospital, mesmo com problemas como os do Riquelme, passamos a entender a forma que se comunicam conosco, como as mães com seus bebês. É uma relação muito especial”, emocionou-se.

Luiza lembrou os cuidados que sempre teve para não levar riscos de transmissão de doenças aos filhos, em casa. “É importante às mães que trabalham em unidade de saúde manterem uma higiene mais criteriosa com as mãos, por lidar com doenças diariamente”, salienta a servidora do HGE.

Precaução 

Fátima Melo, enfermeira do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar, reforçou que as mãos constituem uma das principais vias de transmissão de microorganismos, doenças como hepatite A, diarreias, meningite, além de infecções respiratórias e bactérias multirresistentes podem ser transmitidas através do contato.

“O hábito de lavar as mãos diminui em mais de 90% as contaminações por bactérias. O álcool em gel também pode ser utilizado quando as mãos não apresentam sujidade. E o uso do jaleco deve ser restrito ao ambiente profissional, colocando em saquinhos ao sair do hospital e lavando em baldes específicos, em casa. Também é relevante observar os sapatos, o ideal é ter os exclusivos para serem usados somente no ambiente de saúde, que não devem ser misturados aos demais”, observou.

Segundo a profissional, é necessário friccionar as mãos entre si ao lavá-las, não esquecendo cada dedo individualmente. As unhas também devem ser observadas, “é só fechar a mão em concha e friccioná-las na outra, repetindo a ação em cada mão. Os punhos não devem ser esquecidos jamais. Lavar as mãos precisa ser um hábito na vida das pessoas, algo que se aprenda desde criança e precisa ser feito antes e após qualquer procedimento, em seguida ao uso do sanitário, antes e depois das refeições, posteriormente a qualquer trabalho de limpeza e sempre que se perceba a necessidade”, completou.