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Debate sobre educação

24/05/2016
Debate sobre educação

Para comemorar os seus primeiros 35 anos de vida, por iniciativa dos dirigentes Adir Bachur e Jossyl Nader, o Centro de Integração Empresa-Escola do Espírito Santo realizou uma sessão cultural no bonito auditório da Rede Gazeta, em Vitória. Na ocasião, foi realizada uma palestra sobre “Aprendizagem para toda a vida” e o lançamento do livro “Nuvem da Educação”, de Arnaldo Niskier, Edições Consultor.

A prova do interesse despertado pela conferência está no fato de ter suscitado 24 perguntas por parte da plateia, a primeira das quais sobre o emprego do construtivismo nos sistemas estaduais de ensino. Demonstramos que no Brasil há uma visão equivocada do uso das ideias de Jean Piaget em educação. O construtivismo é uma teoria e não um método de ensino, e assim deve ser entendido. Quando o Rio de Janeiro tentou generalizar o uso do construtivismo, na década de 80, os resultados não foram auspiciosos. Foi um custo desmanchar essa visão distorcida.

Outra questão foi sobre Paulo Freire: “Por que abandonamos as suas ideias?” Não é bem verdade que isso tenha acontecido. Nos cursos de formação de professores o seu nome ainda é muito respeitado, aliás, como acontece em alguns países do mundo desenvolvido. Não se deve confundir o seu método, especialmente de alfabetização de adultos, com o possível uso ideológico que dele se queira fazer. O mesmo pode ser dito em relação ao nome e às ideias de Anísio Teixeira, acusado de fazer proselitismo, mas que na verdade teve sua formação lastreada nas teorias do educador norte-americano John Dewey: learning by doing (aprender fazendo).

Uma professora da plateia tocou na educação de deficientes: “Por que se cuida tão pouco disso?” Precisamos dar maior atenção aos indivíduos portadores dessas necessidades, assim como os chamados superdotados. O Brasil deve ter cerca de 5 milhões de indivíduos portadores de altas habilidades.

Outra pergunta foi sobre a segunda língua estrangeira moderna. Assim como se defende a existência hoje indispensável do inglês, pode-se considerar a oferta de francês e do espanhol, pois há oportunidades de emprego em que essas línguas modernas são também consideradas.

Provocados pela professora Maria Alice Lindemberg, diretora da Rede Gazeta e presente ao debate, falamos sobre o empenho numa ampla revisão dos cursos de formação de professores. Ela mesma formada em Pedagogia, defende a modernização do setor, que está ultrapassado há muitos anos. Aproveitamos para falar também na bibliografia necessária, contemplando os especialistas brasileiros. Não se pode pensar a educação somente a partir de uma visão estrangeira.

Diante de uma pertinente pergunta do auditório, falamos ainda sobre o tempo integral em nossas escolas. É impossível ter uma educação de qualidade com tão poucas horas destinadas à relação ensino-aprendizagem (em média, menos de quatro horas por dia). Devemos pretender o mesmo que as nações desenvolvidas, ou seja, aulas das 8 às 15 horas, no mínimo. Isso somente será possível com uma grande virada nos sistemas de ensino. Devemos ter isso em mente.