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UPA de Palmeira só atende a pacientes com risco elevado de morte; MP pediu auditoria no local

31/03/2016
UPA de Palmeira só atende a pacientes com risco elevado de morte; MP pediu auditoria no local

 

A Unidade de Pronto Atendimento de Palmeira dos Índios está atendendo apenas pacientes com risco eminente de morte (Foto: Tribuna do Sertão)

A Unidade de Pronto Atendimento de Palmeira dos Índios está atendendo apenas pacientes com risco iminente de morte (Foto: Tribuna do Sertão)

A Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Palmeira dos Índios está atendendo apenas os pacientes que chegam ao local com risco elevado de morte, que recebem a “classificação vermelha”. Segundo informações de uma funcionária da Unidade, que pediu para não ser identificada, há alguns dias a situação tem se tornado insustentável.

De acordo com ela, muito pacientes chegam à UPA bastante doentes, por conta do zika vírus, da febre chikungunya e outras doenças, mas não podem ser atendidos. “Muitos vêm de fora, da zona rural, ou vêm de longe, à pé e voltam sem atendimento. São idosos, crianças com febre alta, pessoas vomitando sem parar e não podem ser atendidas. Ficamos de mãos atadas. É uma situação horrível”, lamentou.

No início deste mês o secretário municipal de Saúde, Glifson Magalhães, e o coordenador da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Palmeira dos Índios, Evandro Tavares Mesquita, foram à Câmara de Vereadores do município prestar esclarecimentos sobre a situação da área de saúde de Palmeira.

Os dois gestores explicaram os motivos pelos quais a UPA e a Secretaria de Saúde têm sido alvo de tantas críticas por parte da população palmeirense e também de alguns vereadores. A UPA, por exemplo, reduziu o número de funcionários, inclusive de médicos, por causa de uma dívida que o município de Palmeira tem com a unidade e que ultrapassa os R$ 2 milhões. Além disso, apenas dois médicos estão fazendo o atendimento a uma demanda de 140 pacientes, por dia, quando o adequado para uma UPA de porte 2, como a de Palmeira, seria quatro profissionais.

De acordo com o coordenador da UPA, Evandro Tavares Mesquita, o município tem passado por um período de descapitalização, e que seria este o motivo pelo atraso no repasse à Unidade, fato que tem provocado uma deficiência no atendimento aos doentes que chegam ao local.

O vereador Márcio Henrique disse que a UPA de Palmeira foi inaugurada para funcionar como uma Unidade de porte 2. “Ela tinha funcionamento de Upa porte 1 mas recebia recursos de Upa porte 2. E agora nem uma coisa e nem outra. A população é que sofre com tudo isso. Para onde as pessoas vão, agora?”, questionou o médico e vereador.

A promotora de Justiça Salete Adorno disse que a população precisa informar ao Ministério Público, caso não receba atendimento em alguma unidade de saúde, e falar dia e hora em que esse atendimento não ocorreu para que as medidas cabíveis sejam adotadas. “Já falei com o secretário de Saúde e pedi uma auditoria no local para verificar o que está acontecendo. Também pedi para uma pessoa do Ministério Público ir até o local e pegar dez nomes de pessoas que foram ou não atendidas. Se médico quer fazer greve, que faça greve, é um direito. Mas os trinta por cento do atendimento tem que ser mantido”, frisou a promotora.

O secretário de Saúde, Glifson Magalhães falou, na ocasião, que o maior problema que a pasta que gerencia tem enfrentado está relacionado à crise econômica. Segundo ele, a falta de recursos tem impedido o município de manter a qualidade dos serviços. “Iniciamos um trabalho para tentar minimizar a situação, negociando o acúmulo de dívidas. Também passamos por momentos difíceis por causa do Zika e chikungunya, mas não deixamos de atender ninguém. Uma UPA de porte 2 precisa de R$ 600 mil, mensais, para funcionar. A UPA ganhou, no ano passado, um prêmio por excelência nos serviços, mas a crise financeira tornou as coisas difíceis”, completou

A reportagem da Tribuna do Sertão tentou contato telefônico com o secretário municipal de Saúde, Glifson Magalhães e com o coordenador da UPA, Evandro Tavares, mas até o momento não obteve resposta. Segundo informações passadas pela UPA, Evandro está em uma reunião em Maceió para discutir os problemas da Unidade.