Política

Prisão temporária de João Santana e mulher vence nesta quinta-feira

03/03/2016
Prisão temporária de João Santana e mulher vence nesta quinta-feira
João Santana e Monica Moura são investigados na 23ª fase da Operação Lava Jato (Foto: GloboNews)

João Santana e Monica Moura são investigados na 23ª fase da Operação Lava Jato (Foto: GloboNews)

A prisão do marqueteiro do Partido dos Trabalhadores (PT) João Santana e da mulher dele Monica Moura vence nesta quinta-feira (3). O casal é suspeito de receber US$ 57,5 milhões desviado da Petrobras em uma conta não declarada no exterior. Os dois estão detidos na carceragem da Polícia Federal (PF), em Curitiba.

Santana e Monica estavam na República Dominicana trabalhando em uma campanha eleitoral e se entregaram à PF no dia 23 de fevereiro. Como a prisão temporária dos dois já foi prorrogada por mais cinco dias, agora as autoridades poderão solicitar a conversão para prisão preventiva, que é quando não há prazo para deixar a carceragem.

O pedido pode ser feito pela Polícia Federal (PF) e pelo Ministério Público Federal (MPF). A decisão cabe ao juiz Sérgio Moro, responsável pelos processos da Lava Jato na primeira instância. Caso as autoridades não façam o pedido, os dois poderão ser soltos.

Santana é publicitário e foi marqueteiro das campanhas da presidente Dilma Rousseff e da campanha da reeleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2006.

Segundo o juiz Sérgio Moro, provas indicam que o relacionamento de João Santana e Mônica com a Odebrecht, empresa acusada na Lava Jato, é maior do que o admitido pelos suspeitos e que eles teriam recebido da empresa quantias “bem mais expressivas do que aquelas já rastreadas” na conta na Suíça.

Segundo relatório da PF, Santana e a mulher Monica Moura ocultaram das autoridades os recursos recebidos no exterior porque tinham conhecimento da “origem espúria” deles.

A atual fase da Lava Jato foi batizada de Operação Acarajé, que era o nome usado pelos suspeitos para se referirem ao dinheiro irregular. A PF suspeita que os recursos tenham origem no esquema de corrupção na Petrobras investigado na Operação Lava Jato.

No pedido para ampliar o prazo das prisões, o MPF afirmou que o casal mentiu ao negar que o termo era um apelido usado para se referir a eles nas planilhas de pagamento da Odebrecht.

Feira’ seria Mônica
Anotações em uma agenda apreendida com Maria Lúcia, que seria a responsável por pagamentos secretos da empreiteira, mostram “pagamentos vultosos em reais para Feira”, numa “negociação” cujo total somaria R$ 24,2 milhões, de acordo com as investigações.

Sérgio Moro afirma ainda que o termo “Feira” seria o termo utilizado pela Odebrecht “para reportar-se, não propriamente a João Santana, mas a Mônica Moura, já que ela seria a responsável pela parte administrativa e financeira das atividades do casal”.

“Com efeito, em agenda de Mária Lúcia consta a indicação expressa de Mônica Moura como sendo ‘Feira’, ao lado de diversos telefones dela, referência ainda a um filho do casal e ao próprio João Santana”, diz Moro.

No pedido para prorrogar as prisões, o MPF afirmou que o casal mentiu ao negar que o termo era um apelido usado para se referir a eles nas planilhas de pagamento da Odebrecht.

Os investigadores suspeitam que o dinheiro recebido por João Santana foi pagamento por serviços eleitorais prestados ao PT. Maria Lúcia seria uma das responsáveis por repassar dinheiro da Odebrecht.

João Santana trabalhou para vários candidatos do PT e foi marqueteiro das campanhas da presidente Dilma Rousseff e da campanha da reeleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2006.

Maria Lúcia gerenciava uma contabilidade paralela da Odebrecht, destinada ao pagamento de propina. Ela atuava como secretária dos executivos da empresa. A PF sustenta que a funcionária era responsável pela entrega de “vultosos recursos em espécie, utilizando, em linguagem cifrada, o termo acarajés”.