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Kim Jong-un ameaça com bomba atômica após novas sanções da ONU

04/03/2016
Kim Jong-un ameaça com bomba atômica após novas sanções da ONU
Canal de TV sul-coreano transmite o lançamento de mísseis de curto alcance pela Coreia do Norte, após anúncio de novas sanções (Ahn Young-joon/AP)

Canal de TV sul-coreano transmite o lançamento de mísseis de curto alcance pela Coreia do Norte, após anúncio de novas sanções
(Ahn Young-joon/AP)

O líder norte-coreano, Kim Jong-Un, ameaçou recorrer à bomba atômica em reação à nova resolução do Conselho de Segurança da ONU, que aumenta as sanções internacionais contra seu regime.

“Devemos estar dispostos a todo momento a utilizar nosso arsenal nuclear”, declarou Kim, citado nesta sexta-feira (4) pela agência oficial de notícias norte-coreana KCNA.

Nesta linha, o regime se comprometeu a fortalecer sua “dissuasão nuclear”, enquanto “exercício legítimo de nossos direitos à autodefesa, que se manterá pelo tempo em que a política hostil dos Estados Unidos prosseguir”, indicou a chancelaria norte-coreana em um comunicado divulgado nesta sexta-feira por meios de comunicação oficiais.

O dirigente também advertiu que a situação degenerou tanto na península coreana que o país deverá mudar de estratégia militar e cogitar a opção de “ataques preventivos”.

A presidente sul-coreana, Park Geun-Hye, não demorou para prometer uma resposta severa a qualquer provocação do Norte, e reafirmou a estratégia de Seul de trabalhar pela desnuclearização do regime comunista.

“Devemos fazer a Coreia do Norte entender que seu regime não sobreviverá se não renunciar aos seus programas nucleares”, disse a presidente em um discurso transmitido pela televisão.

Ao mesmo tempo, o governo sul-coreano anunciou que começará nesta sexta-feira a falar com os Estados Unidos sobre a mobilização em seu território de um escudo antimísseis, um projeto ao qual a China, principal aliada de Pyongyang, se opõe.

“Uma resolução de bandidos”

Segundo a agência KCNA, o líder norte-coreano fez suas declarações na quinta-feira, enquanto supervisionava os testes de um novo lança-foguetes múltiplo.

O Ministério sul-coreano da Defesa indicou que Pyongyang disparou na quinta-feira seis projéteis (mísseis ou foguetes), que caíram no mar do Japão, a entre 100 e 150 km das costas orientais da Coreia do Norte.

Em uma nova advertência ao seu vizinho do Sul, Kim afirmou que o novo lança-foguetes será mobilizado rapidamente, assim como novas armas colocadas a disposição recentemente.

Estes testes ocorreram horas após o Conselho de Segurança da ONU adotar uma resolução que endurece as sanções contra o regime comunista e aumenta consideravelmente a pressão econômica contra ele.

A chancelaria norte-coreana criticou nesta sexta-feira o texto, considerado “ilegal” e “injusto”.

Em virtude desta resolução que, segundo Kim, é “digna de bandidos”, os países membros da ONU terão que inspecionar nos portos e aeroportos todas as mercadorias procedentes e destinadas à Coreia do Norte.

A resolução também proíbe as exportações de carvão, ferro e minério de ferro. Pyongyang não poderá vender ouro, titânio nem minerais raros utilizados na alta tecnologia, nem poderá buscar combustível para a aviação e os foguetes.

Para Kim, esta resolução prevê “uma fase muito perigosa”, a poucos dias do início dos exercícios militares anuais conjuntos entre Seul e Washington.

A eficácia da resolução dependerá em boa medida do zelo com o qual a China, único aliado de peso da Coreia do Norte, aplicará suas disposições.

A atitude de Pequim, por sua vez, dependerá do resultado das negociações entre Seul e Washington sobre a eventual mobilização do escudo antimísseis THAAD (Terminal High Altitude Area Defence System), que a China não quer ter tão perto de seu território.

A Coreia do Sul declarou nesta sexta-feira que as primeiras negociações com os funcionários norte-americanos versarão sobre os possíveis locais de mobilização deste escudo, a questão do custo e o calendário de instalação.

A China teme uma queda repentina do regime norte-coreano, que se traduza em uma chegada em massa de refugiados a sua fronteira. E, assim como Moscou, também não deseja encontrar um dia uma Coreia unificada sob influência americana.