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A força feminina está presente na segurança pública do Estado

08/03/2016
A força feminina está presente na segurança pública do Estado
Mesmo contrariando a vontade da família, Maria Gorete Lima Cavalcante não desistiu do sonho de ser policial (Foto: Ascom/SSP)

Mesmo contrariando a vontade da família, Maria Gorete Lima Cavalcante não desistiu do sonho de ser policial (Foto: Ascom/SSP)

As forças de segurança pública do Estado são compostas por milhares de pessoas engajadas na luta para manter sempre o bem-estar social do cidadão alagoano, buscando a promoção da paz e a diminuição da criminalidade. Grande parte desse material humano que a Secretaria de Segurança Pública dispõe é constituída por mulheres.

“Quando eu contei aos meus pais que havia passado no concurso da Polícia Civil, toda a família foi contra. Venho de uma família de bancários e, na época, eles não entendiam essa minha vontade de ser policial. Tive a oportunidade, mas não me adaptei à rotina bancária. Sempre quis ser policial”, relata Maria Gorete Lima Cavalcante, agente da Polícia Civil há 23 anos.

Gorete hoje tem uma filha policial e percebe uma realidade totalmente diferente de quando iniciou a carreira. ”Na minha turma só havia quatro mulheres de um total de 45 alunos. Sofri preconceito no início, porque as pessoas me viam como sendo frágil, inferior e que não teria condições de estar na luta diária. Porém, no decorrer da minha carreira, provei o contrário e mostrei ter a mesma determinação e potencial dos homens na rua. Hoje, na Policia Civil, grande parte do nosso contingente policial é de mulheres. Não há diferença de nível quanto ao gênero”, explica Maria Gorete.

O papel da mulher na sociedade vem sendo desmistificado e ganhando cada vez mais espaço dentro de profissões que, antes, eram consideradas essencialmente masculinas, a exemplo de serviços policias ostensivos nas ruas e até mesmo em cargos de comando.

Valéria Cristina Lopes da Silva entrou nas fileiras da Polícia Militar em 1991, na segunda turma feminina. “Éramos 162 meninas. Na época tivemos que cortar o cabelo bem curtinho, igual aos rapazes. Não podíamos falar com nenhum garoto e nem tínhamos alojamento feminino. Era e ainda é extremamente complicado ingressar nesse universo tão ‘masculino’, mas não me arrependo. Tudo valeu muito à pena. Faz 12 anos que sou comandante de guarnição e por todas as unidades que passei, desde a Radiopatrulha até o Batalhão Escolar, sempre composta em sua maioria por homens, nunca sofri nenhum tipo de preconceito. Eles até costumam me chamar de mãe”, destacou a cabo Valéria.

Uma das pioneiras, a tenente Helena Rose Nascimento faz parte da primeira convocação de mulheres para o Corpo de Bombeiros Militar de Alagoas, em 1994. “No inicio foi difícil, porque os homens não tinham o costume de lidar com mulheres na corporação. Licença-maternidade, por exemplo, Eles [os homens] ainda não tinham enfrentado essa situação e diziam que a gente não queria trabalhar, porque ficava quatro meses ou mais em casa. Com o tempo fomos aprendendo a lidar uns com os outros”.

Helena lembra que algumas colegas de turma acabaram desistindo da profissão devido ao preconceito enfrentado na família. “Quando nossos familiares sabiam que nós trabalhávamos com homens, tinham muito preconceito. Hoje, a realidade é outra. As equipes de trabalho são mistas e os homens contam com a sensibilidade de nós, mulheres, para enfrentar as mais diversas situações”.

 

Conciliando trabalho e maternidade – Em uma sociedade caracterizada pelo machismo, onde a responsabilidade pela manutenção do lar e criação dos filhos recai sobre a mulher, o desafio de conciliar essas tarefas com o trabalho é diário.

“Tenho uma filhinha de quatro anos e conciliar a vida de mulher que trabalha, é casada e mãe, é difícil. Em relação a nós, que somos policiais, é mais complexo. Matamos um leão a cada dia, saímos de casa sem saber se teremos a oportunidade de voltar… Lidar com tanta violência lá fora, para a gente que está desse outro lado e é mãe, pesa muito. Você olhar para o seu filho e não saber se vai voltar… Ao mesmo tempo é gratificante saber que podemos ajudar outras pessoas”, conta Francisca Rosenilda da Silva, soldado combatente da Polícia Militar.

Perita criminal há 13 anos, Suely Mauricio de Souza também enfrenta o mesmo desafio cotidianamente.  “Quando ingressei na Perícia Oficial, em 2002, meu filho tinha seis anos incompletos. Nos primeiros anos como perita não foi nada fácil conciliar o trabalho com a maternidade. Muitas responsabilidades nos dois universos. Como se não bastasse, ainda cursei uma segunda faculdade nesse período. E tantas atribuições fizeram com que eu falhasse muito como mãe. Ausência que marcou nossas vidas e até hoje pesa na consciência. Mas não sei se poderia ter sido diferente para uma mulher profissional, mãe, dona de casa e chefe de família”.

Apesar das diferenças entre homens e mulheres, o advento feminino às forças de segurança trouxe eficiência, sensatez e dinamismo ao trabalho.  Além disso, no decorrer de muitas horas juntos, surgiram novos casais, companheiros de labuta.

 “Hoje em dia, todos gostam dessa situação onde trabalhamos juntos. Tanto é que nós temos muitos casais formados por militares seja entre bombeiro e policial ou da própria corporação, construindo uma história juntos”, relata Tenente Helena.