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‘Sou feliz e existo porque minha mãe não quis o aborto’, diz jovem com microcefalia

01/02/2016
‘Sou feliz e existo porque minha mãe não quis o aborto’, diz jovem com microcefalia

diploma

O surto recente de microcefalia no Brasil, motivado pela propagação do vírus zika, abre diversas discussões no país. Uma delas relativa à possibilidade de o aborto ser legalizado quando diagnosticada a doença.

Nesse contexto, Ana Carolina Cáceres se manifestou. Primeiro em um comentário na página da BBC Brasil no Facebook. Depois, em conversa com o próprio site brasileiro da emissora britânica. Tudo porque afirma “ter levado para o lado pessoal” a história da liberação.

Quando Ana Carolina nasceu, o prognóstico dos médicos era dos piores. Primeiro, que não teria chance de sobreviver. Segundo, que não ia andar ou falar. E, terceiro, que um dia entraria em estado vegetativo até morrer. Portadora de microcefalia, ela não só sobreviveu como hoje, aos 24 anos, se formou na faculdade.

“Quando li a reportagem sobre a ação que pede a liberação do aborto em caso de microcefalia no STF, levei para o lado pessoal. Me senti ofendida, atacada. Quando nasci, o médico falou que não teria nenhuma chance de sobreviver. Cresci, fui à escola, me formei, entrei na universidade. Hoje eu sou jornalista e escrevo em um blog. Sou plena, sou feliz e existo porque minha mãe não optou pelo aborto.”, afirma ela à BBC.

O ponto de Ana Carolina não é a liberação ou não do aborto. É o simples fato da sentença capital pelo simples fato da doença ser constatada. Para ela, falta informação sobre a microcefalia. E não só para o povo, já que em sua conversa com a BBC, citou o ministro da Saúde, Marcelo Castro.

“Com a explosão de casos no Brasil, a necessidade de informação é ainda mais importante e tem muita gente precisando superar preconceitos e se informar mais. O ministro da Saúde, por exemplo. Ele disse que o Brasil terá uma ‘geração de sequelados’ por causa da microcefalia. Se eu estivesse na frente dele, eu diria: ‘Meu filho, mais saqueada que a sua frase não para ser, não’. Não é fácil, claro. Mas o que recomendo às mães que estão vivendo esse momento é calma”, explica Ana Carolina.