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Ex-presidente do Flamengo defende desfiliação da Federação do RJ

03/02/2016
Ex-presidente do Flamengo defende desfiliação da Federação do RJ

 

É tratamento de choque. Se desfiliar, se for caso. Vai lá e se filia à federação catarinense diz Marcio Braga (foto: reprodução)

É tratamento de choque. Se desfiliar, se for caso. Vai lá e se filia à federação catarinense diz Marcio Braga (foto: reprodução)

Aos 79 anos, Marcio Braga acompanha com bastante interesse os desdobramentos da crise de comando no futebol brasileiro. Um dos fundadores do Clube dos Treze e com um currículo de vários títulos colecionados em suas gestões como presidente do Flamengo, ele foi uma voz solitária, entre dirigentes de clubes, durante as últimas três décadas, quando enfrentou publicamente o poder da CBF. “Desde os anos 80, eu denuncio que a CBF passou a funconar como uma máfia.”

Chegou a lançar sua candidatura para a presidência da entidade, em julho de 2003. Pretendia abrir uma discussão sobre o modelo “arcaico e criminoso” que, segundo ele, se perpetua na CBF. Dias antes da inscrição da chapa, desistiu do pleito. Não obteve o apoio mínimo de cinco federações para registrar sua candidatura. Hoje, o estatuto da CBF determina que só pode entrar na disputa quem obtiver o aval formal de oito federações e cinco clubes.
Nesta entrevista ao Terra , Marcio Braga, diz que a Liga Sul-Minas-Rio representa apenas o primeiro passo para uma ruptura definitiva dos clubes com a CBF. Ele defende uma medida extrema que resulte na independência dos clubes na organização das grandes competições e afirma que o Flamengo precisa tomar as rédeas do futebol do Rio e liderar um movimento nacional por mudanças. O advogado admite, até mesmo, a desfiliação do clube da federação carioca, se o Fla não tiver os interesses atendidos. “O Flamengo responde por 70% do que é arrecadado no futebol do Estado. Tem que fazer valer isso.”.
Como o senhor vê o envolvimento do CBF em escândalos de corrupçaõ?
Braga – Pra mim, infelizmente não é novidade. Já denunciei isso lá atrás, nos anos 80, mas o esquema se sofisticou. Tudo em detrimento dos clubes, cada vez mais endividados. A CBF virou um caso de polícia faz tempo.
Quais as perspectivas de uma entidade que tem um ex-presidente preso (José Maria Marin), e outros dois iniciados  (Ricardo Teixeira e Marco Polo Del Nerolicenciado do cargo) pela justiça dos EUA, todos por crime de corrupção?
Braga – É a hora de se aproveitar esse vazio político da CBF para fazer a ruptura definitiva. Basta, chega! Os clubes têm de ter o comando. A CBF, como está, envergonha o torcedor e expõe o futebol brasileiro a humilhações, como a dos 7 a 1 da Alemanha. Está perdendo patrocinadores e isso tudo afeta os clubes, a seleção. O torcedor tem que ir pra rua, pra porta da CBF e gritar: “Pega ladrão!”
Qual sua opinião sobre sobre a chegada do coronel Ântonio Nunes à presidencia em exercicio da CBF?
Braga – A eleição dele foi um golpe escamoteado do grupo do Marco Polo Del Nero para evitar que o vice mais idoso, o Delfim Peixoto, assumisse em caso do afastamento de Del Nero pela Fifa. O Marco Polo se agarra ao poder para não ser preso. E o coronel Nunes entrou ali pra fazer o que lhe mandarem. Não tem a menor condição.
Como viu a criação da Liga Sul-Minas-Rio?
Braga – É o embrião de uma liga nacional, como tentamos fazer em 1987 com o Clube dos Treze. É o caminho para o nosso futebol. O presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira, foi bem e marcou posição para o torneio da liga sair. Mas cedeu à federação e à TV Globo com relação à escalação dos titulares no Carioca. O Fla tem de liderar isso de forma mais radical. E é o Flamengo que pode criar a cisão do futebol brasileiro. Pra início de conversa, tem de romper também com a federação carioca.
Esta seria a etratégia para lidar com a federação do Rio, contraria à formação de Flamengo e Fluminesse na liga?

Braga – Não tem estratégia. Tem de romper. É tratamento de choque. Se desfiliar, se for caso. Vai lá e se filia à federação catarinense.

. Essa é a hora de enfrentar com rigor a federação do Seu Rubinho (Rubens Lopes,  presidente). Tem que brigar mesmo. Senão, tudo volta a ser como antes em pouco tempo. O futebol carioca hoje é o retrato da decadência, com seu campeonato inchado, com 16 clubes, muitos sem condições de figurar na Primeira Divisão do Estado.