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“ELA” já tem cura

03/02/2016
“ELA” já tem cura

No dia 15 de Dezembro último viajou rumo à Jerusalém Celeste o “frater” Pedro Olímpio de Oliveira, aos 69 anos. Esse fato foi noticiado no jornal Semanário Tribuna do Sertão, na Edição nº 941 de 21/012/2015, com publicação em Caderno Especial deste semanário.

Relembrando a trajetória de vida e de martírio deste notável homem, Pedro Olímpio teve um AVC (Acidente Vascular Cerebral) aos 30 anos de idade, sem sequelas no Cérebro. Depois disso sentiu dores nos Rins, o que resultou em um diagnóstico de que se tratava de Reumatismo. Dias depois, dois neurologistas, Doutores Rui Costa e Fernando Gameleira, constataram que se tratava de uma enfermidade neurodegenerativa progressiva e crônica, conhecida por ELA (Esclerose Lateral Amiotrófica). Uma doença que compromete os neurônios motores, atrofiando músculos e interferindo nos movimentos do corpo até atingir a musculatura do pescoço e da cabeça, dificultando a locomoção, movimentos e respiração.

Foram 24 anos de sobrevida de Pedro Olímpio, deitado em uma cama, convivendo com “ELA”, tento experimentado todas as fases desta doença, desde os sintomas com a imobilidade dos membros inferiores, como o atrofiamento das pernas e depois os membros superiores. Em uma Cadeira de Rodas, ele teve dificuldade em falar e em se alimentar, em face da rigidez dos músculos afetar a sua respiração.

Porém, o paciente Pedro Olímpio de Oliveira nunca se entregou à dificuldade. À medida que a doença física progredia, ele não perdia a memória nem a lucidez. Pelo contrário, ele demonstrava maior lucidez até uma semana antes da sua morte.  Certo dia, ele nos confessou que sua única tristeza era partir para o Oriente Eterno sem ter servido para um estudo mais profundo acerca da possibilidade da Cura dessa Doença. Inclusive, outro dia, ele me pediu para facilitar a doação do seu corpo após sua morte para um Centro de Pesquisa de uma Universidade. Mas, isso não foi feito, por razões alheias à sua vontade.

Entretanto, o extraordinário aconteceu depois da sua morte. No dia 30 de Dezembro de 2015, o advogado tributarista Helder Vasconcellos Júnior, telefone-me para anuncia que viu na internet uma notícia importante. Disse-me ele que “cientistas norte-americanos haviam descoberto a causa da Esclerose Lateral Amiotrópica (ELA)” e que essa “descoberta abre caminho para a pesquisa de tratamentos para a Doença”.  No dia seguinte (31/12) a professora universitária Lourdes Lima me comunica que viu e ouviu no Jornal Nacional, na Edição do dia 30/12, que “um grupo de cientistas da Universidade da Carolina do Norte, nos Estados Unidos da América, havia descoberto a causa da Esclerose Crônica”. De acordo com o noticiário da Rede Globo de Televisão, “o doutor Nikolay Dokholyan, cientista-chefe da pesquisa, explicou que o próximo passo é descobrir um “remédio” que impeça a formação dos “aglomerados” temporários que atrofiam os neurônios motores. A expectativa é que essa “droga” impeça a formação dos “aglomerados”, causadores da degeneração progressiva e crônica dos neurônios. O remédio poderá testado daqui a dois anos. No entanto, esses testes podem levar até cinco anos. Mas a expectativa é que essa “droga” também pode abrir caminho para o tratamento de outras doenças neurodegenerativas, como o Parkinson e o Alzheimer.

O inusitado é que essa notícia é divulgada ao mundo ocidental e oriental, após 15 dias da morte física de Pedro Olímpio de Oliveira. Mistificamente falando, leva-nos a crer que toda e qualquer enfermidade não só ataca o corpo, mas também reflete no espírito. A Morte não só atinge o corpo, mas também pode lesar o espírito. No caso de Pedro Olímpio, seu corpo chegou ao limite máximo da degeneração, mas seu espírito sempre se manteve vigilante, lúcido e ansioso por uma cura. Por isso, mesmo após a sua morte corporal, seu espírito não descansou de “buscar” uma solução para essa doença incurável, mesmo depois da morte material. E tanto isso é verdade que o cientista francês Antoine Lavoisier (1743-1794) se faz oportuno nesse momento para avaliar e explicar esse fenômeno, ora especulativo: “Nada na Natureza se perde. Tudo se cria e tudo se transforma. Da mesma maneira como nossos corpos físicos, com a nossa morte, se funde ao solo, nada se perdendo, nossas partes subjetivas igualmente se fundem ao todo absoluto de onde originariamente partiram”. Pensemos nisso! Por hoje é só.