Geral

Advogado denuncia abordagem violenta de PMs durante bloco carnavalesco

04/02/2016
Advogado denuncia abordagem violenta de PMs durante bloco carnavalesco
Policiais teriam batido, atirado balas de borracha e spray de pimenta nos foliões (Foto: Reprodução)

Policiais teriam batido, atirado balas de borracha e spray de pimenta nos foliões (Foto: Reprodução)

O advogado Roberto Lima afirma que a polícia agiu de forma violenta durante uma abordagem feita aos foliões que participavam de uma prévia de Carnaval do bloco Bonecas da Serraria, em Maceió, no último final de semana.

De acordo com relatos feitos pelo advogado, em páginas das redes sociais, militares do Batalhão de Rádio Patrulha (BPRp) os participantes do bloco, inclusive ele, foram agredidos com tapas, spray de pimenta e balas de borrachas.

Roberto Lima foi algemado e levado para a Central de Flagrantes, depois de ter se apresentado como advogado e de ter perguntado o que estava acontecendo. A partir deste momento, segundo ele, começaram as humilhações e agressões. A PM negou as acusações e informou que os policiais foram chamados até o local depois de terem recebidos ligações de moradores que reclamavam do barulho, porque depois da passagem dos blocos, muitas pessoas utilizaram “paredões” de som, o que provocou muito barulho.

“A Rádio Patrulha chegou e acabou com a festa de forma brutal, agredindo, atirando, humilhando as pessoas sem que elas pudessem argumentar ou se defender. O cenário parecia um cenário de guerra, criado por aqueles que são pagos para nos defender (…) Me apresentei como advogado e foi onde o circo de horrores começou pro meu lado!”, afirmou Roberto Lima, nas redes sociais.

E continuou: “Rodaram comigo por horas dentro de um camburão, algemado, sem ar, sem enxergar e não teve um único policial de bem para intervir, ou seja, a guarnição foi toda conivente com a ação criminosa. Sim, criminosa, pois sofri verdadeira tortura física e psicológica. Física no sentido da violência a qual fui submetido, e psicológica no que diz respeito a ter que lhe dar com a situação e buscar o autocontrole para não sucumbir” [Sic].

Segundo ele, durante o trajeto até a Central de Flagrantes, no bairro do Farol, os militares chegaram a cogitar a possibilidade de liberá-lo. “Em certo ponto [os integrantes da guarnição] pararam e um policial veio sozinho e disse que eu teria duas opções: descer e deixar pra lá como se nada tivesse acontecido ou seguir pra delegacia”.

Na Central de Flagrantes, Roberto Lima foi autuado. “Fizeram um TCO com falsas declarações para justificar a ação desproporcional, descabida, desumana, violenta e criminosa! Fiz B.O, fui ao IML para fazer exame de corpo delito e entrei em contato com a OAB protocolando uma representação contra a guarnição”, acrescentou o advogado.

Polícia Militar nega as acusações

O comandante do Batalhão de Rádio Patrulha (BPRp), coronel J. Cláudio, negou que a polícia tenha agido com truculência durante a abordagem a foliões no último final de semana, no bairro da Serraria. Segundo o coronel, os militares foram ao local para atender a um chamado de moradores e, após solicitarem que os sons automotivos fossem desligados, foram recebidos a pedradas.

“Como os militares foram recebidos a pedradas, houve uma dispersão, na qual foram usadas balas de borracha. É possível que algum folião tenha ficado ferido durante a dispersão. Mas a detenção por algum ato infracional e a condução até a Central de Flagrantes aconteceu dentro das técnicas legais. O advogado foi, inclusive, autuado pela Polícia Civil, o que demonstra que havia motivo para a detenção”, informou o coronel.

Segundo ele, as pessoas que acreditam que tiveram os direitos violados podem procurar a Corregedoria da Polícia Militar para formalizar denúncia e, caso isso aconteça, um procedimento administrativo será instaurado para apurar a conduta dos policiais.

A Corregedoria da Polícia Militar informou que até a tarde de ontem (3), ninguém havia formalizado denúncia.

OAB

A Ordem dos Advogados do Brasil seccional Alagoas (OAB/AL) informou que o conselheiro e representante da Ordem no Conselho Estadual de Segurança (Conseg), Marcus Lacet, está acompanhando junto ao presidente da Comissão de Prerrogativas da OAB/AL, Sílvio Arruda, e da Comissão de Direitos Humanos, Daniel Nunes, dois casos que envolvem agressão e desrespeito aos advogados Roberto Lima e Diego Cavalcante.

Na manhã desta quinta-feira (4), os representantes da Ordem se reuniram com os advogados Roberto Lima e Diego Cavalcante, na sede do Conseg, na Avenida Amélia Rosa, em Jatiúca. O objetivo foi de formalizar as representações contra os militares responsáveis pelas agressões contra Roberto Lima e os atos de desrespeito contra Diego Cavalcante que aconteceram durante o desfile do Bloco ‘Bonecas da Serraria’ e no dia do desfile do Bloco Pinto da Madrugada, respectivamente.

As representações deverão pedir que os envolvidos nas agressões sejam punidos, e serão assinadas pela presidência da OAB Alagoas. “A Ordem está atenta a esses casos, e não aceita esse tipo de comportamento por parte de qualquer servidor público contra qualquer cidadão. Vamos pedir que sejam instaurados procedimentos investigativos para que o caso seja elucidado”, afirmou o conselheiro Marcus Lacet.

(Com informações do G1/AL)