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As novas aventuras políticas do século XXI

08/12/2015
As novas aventuras políticas do século XXI
Juca Ferreira, Constanza Moreira e Gilberto Gil participaram da mesa As novas aventuras políticas do século XX (Foto: Lia de Paula/Ascom MinC)

Juca Ferreira, Constanza Moreira e Gilberto Gil participaram da mesa As novas aventuras políticas do século XX (Foto: Lia de Paula/Ascom MinC)

A primeira mesa de debate do Emergências – As novas aventuras políticas do século XXI –, na segunda-feira (7), partiu da crise da democracia para a perspectiva da mulher como protagonista de ideias e ações políticas. A senadora Uruguaia Constanza Moreira manteve a vibração provocada pouco antes pelas 19 mulheres que fizeram do evento um ato político marcante na noite de abertura.
“É o século das mulheres no poder, dos direitos, da luta contra o racismo e a homofobia, da diversidade, da descriminalização contra as drogas”, disse ela. Mediado pelo ministro da Cultura, Juca Ferreira, o debate teve a presença também do professor Lawrence Lessig, criador do Creative Commons, e do músico e ex-ministro da Cultura Gilberto Gil.
Para Constanza Moreira, o momento é de implosão das contradições da democracia, que, no Brasil, se refletem em uma grande crise de confiança alimentada pela “imprensa e pela bancada do boi, da bala e da Bíblia” no Congresso Nacional. “Tudo isso só faz mal ao Brasil e afasta a nossa América Latina do jogo político do mundo”, destacou.
A senadora tomou como exemplo a apresentação de  Lawrence Lessig sobre Tweedism – sistema engendrado na democracia representativa em que um pequeno grupo domina o financiamento político de campanhas e fixa seus representantes no poder. “Os custos de campanha se expressam de forma violenta na supressão dos direitos das mulheres, crianças e pretos, que são a parte mais vulnerável da sociedade”.
Lessig retomou a história da democracia do século 20 para afirmar que o sistema político americano mantém-se ligado aos interesses das pessoas que os financiam, o que é destrutivo não apenas para os Estados Unidos, mas para o resto do mundo. “Viajei 12 horas para encontrar vocês porque acredito que a mudança vem do cidadão. Hoje, nos Estados Unidos, são as preferências das elites econômicas que dominam as políticas públicas. O cidadão tem quase zero de influência nelas”, afirmou.
Segundo o professor norte-americano, esse é um modelo que gera corrupção sistêmica, não apenas crime e suborno. “A corrupção acaba criando um sistema de desigualdade que gera novos cidadãos nessas condições”, completou. Ele acredita que somente um movimento mundial anticorrupção pode combater o Tweedism. “Só assim conseguiremos lutar por uma política de natureza diferente, uma política da realidade, por fora e por dentro. E tem que ser os jovens, daqui e dos EUA e do resto do mundo, juntos, contra esse sistema, para poder recuperar a capacidade de o povo governar”.
Encerrando o debate, Gilberto Gil afirmou que sua luta hoje está no campo artístico, no seu engajamento no dia a dia, que se reflete na melhora da vida social coletiva. Ele criticou a atual política nacional subordinada aos jogos de poder que estão judicializados, enfraquecendo o interesse público. “Os jogos políticos só podem ser regidos por uma jurisprudência profunda, refletida e equilibrada”.