Cidades

Mosquito Aedes aegypti pode ter feito uma vítima fatal em Palmeira dos Índios

05/11/2015
Mosquito Aedes aegypti pode ter feito uma vítima fatal em Palmeira dos Índios

 

Os transmissores da dengue, Aedes aegypti e Aedes albopictus, proliferam-se em recipientes contendo água limpa, como vasos de plantas e pneus velhos (Foto: Reprodução)

Os transmissores da dengue, Aedes aegypti e Aedes albopictus, proliferam-se em recipientes contendo água limpa, como vasos de plantas e pneus velhos (Foto: Reprodução)

O mosquito Aedes aegypti ,  transmissor da  dengue,  chikungunya e zika víru pode ter feito uma vítima fatal em Palmeira dos Índios. Um homem, conhecido como Zé Paulo Seresteiro (o “Zé Paulo do Bar”), de 67 anos, morreu ontem pela manhã depois de ter passado oito dias infectado com o vírus transmissor de uma dessas doenças (com exceção do zika, que de acordo com o Ministério da Saúde, não existem registros de mortes provocados pela doença).

Zé Paulo morava no bairro de Palmeira de Fora, e era muito conhecido na região. Moradores do local disseram que ele deu entrada no Hospital Santa Rita, na semana passada, com suspeita de ter contraído o zika vírus. O quadro clínico se agravou e ele foi transferido para o Hospital Geral do Estado (HGE), em Maceió, onde faleceu. O resultado do exame de sorologia realizado no paciente ainda não foi divulgado.

Em Palmeira, na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e no Santa Rita, dezenas de pessoas chegam aos dois locais, diariamente, com suspeitas de terem contraído uma das doenças causadas pelo mosquito transmissor. Na terça-feira (3) várias pacientes deram entrada no hospital com sintomas parecidos com o do Zika vírus: febre alta, erupções na pele, coceira e dor muscular.

A dona de casa Maria José dos Santos, 62, foi uma dessas pessoas. Com febre alta e dores no corpo, ela disse que pensou que não ia mais conseguir andar. “É uma doença miserável. Eu fiquei sem conseguir sair do lugar, tudo paralisado. Para ir até o hospital foi um sacrifício. A gente toma todos os cuidados para não acumular água nos lugares para não atrair os mosquitos. Mas as outras pessoas precisam ter consciência porque essa mosquito pode matar. No meu caso, foi o zika, mas podia ter sido pior”, aconselhou.

O auxiliar de Serviços Gerais, Clayton Correia, que mora em Palmeira de Fora, ainda se recupera da “febre do zika”. Ele disse que em uma parte do bairro, próximo da Vila João XVIII, muita gente já teve a doença ou está doente. “Na minha casa fomos eu, minha esposa e meu filho, de apenas dois anos, picados pelo mosquito. É uma doença terrível, que paralisa as articulações e que causa muita dor no corpo e muita febre. Passei cinco dias de cama. Mas a minha maior preocupação foi com o meu filho. Conseguimos passar por essa, mas ainda estamos com muito medo”, completou.

Entenda a doença

O zika vírus foi identificado no Brasil pela primeira vez no final de abril por pesquisadores da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Pertencente à mesma família dos vírus da dengue da febre amarela, o zika é endêmico de alguns países da África e do sudeste da Ásia.

Assim como os vírus da dengue e do chikungunya, o zika também é transmitido pelo mosquito Aedes aegypti. A prevenção, portanto, segue as mesmas regras aplicadas a essas doenças. Evitar a água parada, que os mosquitos usam para se reproduzir, é a principal medida.

Os principais sintomas da doença provocada pelo zika vírus são febre intermitente, erupções na pele, coceira e dor muscular. Segundo a infectologista Rosana Richtmann, a boa notícia é que o zika vírus é muito menos agressivo que o vírus da dengue: não há registro de mortes relacionadas à doença. A evolução é benigna e os sintomas geralmente desaparecem espontaneamente em um período de 3 até 7 dias.

Tratamento

Não há vacina nem tratamento específico para a doença. Segundo informações do Ministério da Saúde, os casos devem ser tratados com o uso de paracetamol ou dipirona para controle da febre e da dor. Assim como na dengue, o uso de ácido acetilsalicílico (aspirina) deve ser evitado por causa do risco aumentado de hemorragias.

Diferença entre dengue, chikungunya e zika

Os vírus da dengue, chikungunya e zika são transmitidos pelo mesmo vetor, o Aedes aegypti, e levam a sintomas parecidos, como febre e dores musculares. Mas as doenças têm gravidades diferentes, sendo a dengue a mais perigosa.

A dengue, que pode ser provocada por quatro sorotipos diferentes do vírus, é caracterizada por febre repentina, dores musculares, falta de ar e moleza. A forma mais grave da doença é caracterizada por hemorragias e pode levar à morte.

O chikungunya caracteriza-se principalmente pelas intensas dores nas articulações. Os sintomas duram entre 10 e 15 dias, mas as dores articulares podem permanecer por meses e até anos. Complicações sérias e morte são muito raras.

Já a febre por zika vírus leva a sintomas que se limitam a no máximo 7 dias e não deixa sequelas. Não há registro de casos de morte provocados pela doença.

O Aedes aegypti pode transmitir mais de uma doença ao mesmo tempo

Segundo estudos conduzidos pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), é possível que um mosquito transmita dengue e chikungunya ao mesmo tempo a um paciente. Ainda não há estudos, porém, que avaliem a possibilidade de o zika vírus ser transmitido simultaneamente aos outros dois vírus.

Descoberta

O vírus foi identificado pela primeira vez em 1947 em um macaco rhesus na floresta Zika, de Uganda. A partir da década de 1950, foram registradas evidências do zika vírus em humanos em países da África e Ásia. Atualmente, há também registro de circulação esporádica do vírus na Oceania e casos importados foram descritos em países como Canadá, Alemanha, Itália, Japão,