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Crônica: Mentes sem cor

20/11/2015
Crônica: Mentes sem cor

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O País difunde um projeto que registra a análise do nosso antepassado e constata a contribuição negra para a formação do nosso desenvolvimento, enfatizando a importância da mestiçagem nos 500 anos que fizeram nossa História.

Recorrendo aos livros e à memória dos discursos proferidos em palestras, vê-se que todos os povos que aqui estiveram foram importantes para o contexto de formação sociais e raciais.

A revolução propriamente dita ainda não se deu e se torna profícua quando se acentuam essas divergências.

As vitórias conseguidas com a Abolição da Escravatura, Lei do Ventre Livre, Lei dos Sexagenários e outras conquistas não foram acatadas com bons olhos pela sociedade branca, que repeliu o inventário de um processo controverso, conseguido à custa de intrigas, coações e ameaças das classes dominantes.

O negro ganhou um espaço que lhe foi conferido por Lei, sem se permitir fraquejar diante de suas dificuldades ou ignorâncias. Cresceu na hombridade de fazer valer e respeitar o que lhe fora garantido pelos seus protetores, heróis do acaso. Ocupou o lugar dos verdadeiros protagonistas da História.

Ao examiná-la detalhadamente, encontramo-la rica em exageros interpretativos. Percebemos que se debruça em aparatos elogiosos e em vassalagens lingüísticas, subservientes e desmedidas, referentes ora ao europeu, ora à terra descoberta, através da descrição do novo solo, numa cantilena marcada pela fuga à investigação do fato.

Precisamos nos conscientizar de que não somos uma raça pura. Nem totalmente branca, nem somente negra. Somos a mistura. Somos o resultado de várias etnias. Não possuímos modelo nem cultura definida.

O nosso potencial se mede na bravura de nossa gente; na superioridade de uma raça que, quanto mais diversificada, mais nobre; no culto das tradições que se cruzam com os padrões culturais estrangeiros e nacionais.

Tornar-nos-emos puros, quando a fragilidade e a diferença forem respeitadas com base no desenvolvimento dos indivíduos, recuperando-lhes o equilíbrio, cruzando suas mentes sem cor e dando origem a um povo digno de sua luta, contribuinte de sua memória e unido pelo mesmo pensamento de liberdade.

Não existe raça pura! Existe, sim, mente pura, sã, livre para manter acordos, consolidar laços e refazer os outros 500 anos de história, sem os exageros descabidos da primeira, escrita por autores ilegítimos e meros visitantes do nosso torrão.

Despertemos, enquanto há tempo!…