Mãe Beth de Oxum e Davi Kopenawa Yanomami recebem a OMC (Fotos: Valter Campanato/Agência Brasil)

Pouco antes das 21h dessa segunda-feira (9), as cortinas do segundo andar do Palácio do Planalto, em Brasília, ganharam cores e versos de poesias. As cadeiras vazias foram ocupadas por grandes nomes da cultura brasileira. O palácio deu lugar a um espaço de comemoração e de agradecimento pela contribuição que brasileiros e brasileiras dão à cultura do País – a cerimônia anual, promovida pelo Ministério da Cultura, de entrega de comendas da Ordem do Mérito Cultural (OMC).

Os 34 agraciados, entre músicos, escritores, estudiosos, ativistas, poetas, lideranças indígenas, mestres de capoeira e instituições da área cultural, receberam medalhas de comendador, grã-cruz e cavaleiro. Felizes, honrados e emocionados, agradeceram a iniciativa e reforçaram a importância da OMC para valorização e reconhecimento da diversidade da cultura brasileira.

Confira alguns dos depoimentos dos agraciados sobre a OMC

Augusto de Campos, poeta criador do movimento concretista
“Fico grato e honrado com a Ordem do Mérito Cultural (OMC), por ter sido escolhido como homenageado e receber a comenda da presidenta Dilma, que admiro pela defesa da democracia. O prêmio busca prestigiar a diversidade cultural. A cultura brasileira é tão variada, é a festividade”.

Arnaldo Antunes, cantor e compositor
Fico feliz e grato por estar aqui. Vim homenagear também Augusto de Campos, sou admirador dele. (Esse prêmio) é bacana, vi a lista das pessoas que receberam a comenda e é uma diversidade grande. É uma possibilidade de mostrar a diversidade cultural do Brasil”.

Davi Kopenawa Yanomami, ativista indígena
“Sou um indígena que lutou pelo direito de floresta, de cultura e do povo Yanomami. Fico feliz e sinto muito orgulho de mim e dos não indígenas que conhecem meu trabalho e minha luta”.

Eva Schul, bailarina profissional
“Eu tenho 40 e poucos anos de dança profissional, fui pioneira da dança contemporânea no sul do País, mas nunca tinha chegado nesse tipo de reconhecimento. Fazer parte desse núcleo traz um valor para a dança brasileira muito significativa”.

Mãe Beth de Oxum, ialorixá
“Estamos visibilizando a cultura brasileira. Essa cultura que eu represento, dos povos tradicionais de matriz africana, continua muito escondida e satanizada no nosso País. O prêmio a uma ialorixá, ao mestre de coco, ao mestre de capoeira, é uma mudança de paradigma. Estamos fazendo a diferença”.

Maria Barbosa, do trio As ceguinhas de Campina Grande
“Eu me sinto muito feliz e surpresa de estar aqui, não imaginava que faria tanto sucesso assim. Sonhava em conhecer a presidenta Dilma. É muito importante receber um prêmio desses e o carinho das pessoas”.

Rolando Boldrin, ator e apresentador
“(Eu) me sinto recompensado por ter, durante 58 anos de carreira, contado meu País”

Vanisa Santiago, advogada
“Eu me sinto muito feliz. Acho que sou a única advogada dessa lista de ilustres figuras (risos). O prêmio é um instrumento importante de inserção social e indispensável para a cidadania”.

Luis Humberto, arquiteto e fotojornalista
“Estou muito feliz. É divertido. A essa idade, não fico excessivamente envaidecido, fico contente. O País não existe sem cultura. Cultura é identidade. Essa iniciativa é a valorização da cultura, é um momento importante.

Aldyr Schlee, professor
“Eu me sinto muito feliz e contente. Aumenta minha responsabilidade na área da cultura, sobretudo na literatura, área em que atuo. A diversidade cultural é muito própria do Brasil. O Brasil são vários Brasis. Este momento é de reconhecimento dessa diversidade”.

Paulo Herkenhoff, crítico de arte e curador museal
“Eu entendo que este prêmio consagra um trabalho coletivo. Recebo este prêmio muito honrado como algo que não pertence a mim, mas é uma conquista de muitas pessoas. Eu sou apenas um instrumento da sociedade”.

Rui Mourão, romancista, ensaísta e professor
“É com grande alegria que participo da OMC. Foi uma surpresa receber esse prêmio, não esperava. Sou escritor e administro o Museu da Inconfidência. Este é um prêmio importante, um reconhecimento do trabalho das pessoas”.

Adilson Godoy, maestro, pianista, compositor e cantor
“É extremamente importante receber este prêmio depois de toda uma carreira na música. E na área jurídica de direitos culturais. É um momento de reconhecimento de esforços desenvolvidos para contribuir com vários segmentos. A música faz com que a pessoa se expresse com toda a criatividade e veja que vale correr riscos para concretizar seus objetivos”.