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Brasília terá três meses de programação cultural indígena

27/10/2015
Brasília terá três meses de programação cultural indígena

Cerimônia de lançamento do Moitará, realizada na noite dessa segunda-feira (26), em Brasília (Fotos: Janine Moraes - Ascom/MinC)

Cerimônia de lançamento do Moitará, realizada na noite dessa segunda-feira (26), em Brasília (Fotos: Janine Moraes – Ascom/MinC)

Eles já foram, segundo estimativas de historiadores, 5 milhões. De acordo com o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2010, a população indígena brasileira é de cerca de 900 mil pessoas, distribuídas em 305 etnias, que falam 274 línguas. Valorizar e fazer conhecer a cultura destes povos é a proposta do Moitará, iniciativa da organização não governamental mineira Núcleo de Cultura Indígena, com apoio do Ministério da Cultura (MinC) e do Governo do Distrito Federal (GDF).

Lançado na noite dessa segunda-feira (26), no Memorial dos Povos Indígenas, em Brasília, o programa de trocas culturais Moitará mostrou um pouco dessa rica cultura, com uma apresentação do toré, conjunto de cantos e danças do povo Kariri-Xocó que expressa acontecimentos históricos e culturais, apresentando em forma de arte os fenômenos naturais do universo tribal. A cerimônia contou também com apresentação de flauta do povo Yawalapiti, do Alto Xingu (MT).

O diretor do Memorial dos Povos Indígenas, Álvaro Tukano, destacou a importância do Moitará. “Achamos importante mostrar o que os índios escrevem, o que os índios filmam, o que eles falam, quantas línguas e quem somos nós como brasileiros”, resumiu.

Durante a cerimônia de abertura, o presidente da Funarte, Francisco Bosco, ressaltou que a atual gestão do MinC apoia a preservação e a difusão da cultura indígena. Ele defendeu que o Memorial se apodere, de fato, do papel de centro de referência dos indígenas, em sua dimensão pedagógica de encontros de lideranças indígenas.

“É muito importante esta ação que estamos fazendo em um momento em que os direitos dos povos indígenas estão sendo especialmente atacados. Eu me refiro à PEC 215, que desloca para o âmbito do Legislativo o poder de demarcação de terra, e todos sabemos que não podemos falar de cultura dos povos indígenas sem falar imediatamente ao direito desses povos à sua terra. Cultura e terra, para estes povos, são uma única coisa”, ressaltou Bosco.

Também participaram da cerimônia de lançamento o secretário de Cultura do Distrito Federal, Guilherme Reis, o escritor e militante das causas indígenas Ailton Krenak (idealizador do projeto), o artista plástico Ernesto Neto e a coordenadora do programa Moitará, Ana Dantes, entre outros.

A noite também teve depoimento do Ayupú Kamayurá, do Xingu (MT). Ele pediu que ações em promoção dos indígenas tenham continuidade e defendeu que elas sejam feitas de forma conjunta entre as diferentes etnias. “Estou preocupado com o futuro dos indígenas. Estou aqui para ajudar para trabalhar junto”, resumiu seu filho que traduzia para o português a língua Yawalapiti falada por Kamayurá.

A programação do Moitará segue até 17 de dezembro, com apresentações de dança, música, cinema e literatura, incluindo debates, exposição de obras literárias e feira do livro. Os eventos estão programados sempre às quintas–feiras, das 14h30 às 17h e das 19h às 22h. As atividades vespertinas são voltadas para o público escolar e as noturnas, para o público em geral.

Serviço
Moitará
Até 17 de dezembro
Local: Memorial dos Povos Indígenas
Endereço: Eixo Monumental, Brasília – DF

Programação semanal: às quintas-feiras, das 14h30 às 17h, para escolas e público infanto-juvenil, e das 19h às 22h, para o público em geral.