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Bienal de Música Contemporânea reúne Mário de Andrade e Hans-Joachim Koellreutter

10/10/2015
Bienal de Música Contemporânea reúne Mário de Andrade e Hans-Joachim Koellreutter

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Um brasileiro e um alemão. Ambos expoentes da vanguarda modernista brasileira, que trataram na arte a complexa relação entre estética e política. Parte das obras do poeta, musicólogo e crítico de arte Mário de Andrade (1893-1945) e as do compositor, educador, maestro e flautista Hans-Joachim Koellreutter (1915-2005) serão revisitadas de 10 a 19 de outubro, no Rio de Janeiro, durante a Bienal de Música Brasileira Contemporânea.

Realizada pela Fundação Nacional de Artes (Funarte), entidade vinculada ao Ministério da Cultura, a XXI edição do evento homenageia os dois artistas que, apesar de contemporâneos, só tiveram uma relação mais estreita após a morte de Mário de Andrade, quando Koellreutter musicou a ópera “Café” do poeta paulistano.

De acordo com o diretor do Centro de Música (Cemus) da Funarte, Marcos Lacerda, havia um desejo de homenagear Mário de Andrade e tratar da relação dele com a música. O momento ideal se deu este ano, em que se completam 70 anos de falecimento do escritor e o centenário de nascimento de Koellreutter.

Para celebrar os dois artistas, a programação da Bienal apresentará, em 10 concertos, 66 peças em estreia, com a participação de um coro, orquestras, intérpretes em solos e em várias formações vocais e instrumentais, incluindo música eletroacústica.

“Mário de Andrade tocou piano. A música foi fundamental para a formação dele. Ele e Koellreutter fazem parte do mesmo campo cultural. Eles trataram de grandes questões do modernismo estético. Os dois problematizaram a questão política também. Koellreutter foi introdutor da música dodecafônica no Brasil (técnica de composição que usa uma série de 12 sons)”, salienta Lacerda.

Foi no Rio de Janeiro que o alemão Hans-Joachim Koellreutter desembarcou em 1937, fugindo dos nazistas. Por aqui tocou, disseminou ideias e pedagogia próprias e formou maestros e músicos renomados como Rogério Duprat, Júlio Medaglia, Cláudio Santoro e Tom Jobim. Também atuou na Ásia, Estados Unidos e Europa. Morreu aos 90 anos em decorrência de uma parada cardíaca, em São Paulo.

Além das atividades já citadas, Mário de Andrade também foi compositor e pesquisador interessado nas mais diversas manifestações artísticas e culturais pelo Brasil afora. Escreveu obras marcantes como “Paulicéia Desvairada”, “Macunaíma” e “Amar, verbo intransitivo”. Ocupou cargos públicos na área de educação e cultura e foi um dos criadores do movimento modernista, que propunha um novo modo de expressar a realidade – manifestado na literatura, pintura, escultura, arquitetura, entre outras linguagens. O ápice da representação do movimento foi a Semana de Arte Moderna de 1922, realizada no Teatro Municipal de São Paulo. Morreu na cidade em que nasceu, também vítima de um ataque cardíaco.

A exibição de vídeo, mesa-redonda sobre “Música e Política”, o relançamento do álbum Mário 300/350 (coletânea de canções reunidas por ele durante andanças pelo País, originalmente lançado em 1983, pela Funarte) e o pré-lançamento do periódico “Música Viva”, em versão online, são alguns dos destaques das atividades que compõem a Bienal.

A abertura será neste sábado, às 17h, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, com apresentação da Orquestra Juvenil da Bahia (Neojibá) – que atende mais 4 mil crianças e jovens carentes. E o encerramento será às 19h, no dia 19 de outubro, na Sala Cecília Meireles, com o recital “Coletivo Chama canta Mário de Andrade”. O grupo interpretará obras de Andrade em parceria com Francisco Mignone, Lorenzo Fernandez e Camargo Guarnieri, entre outros, além de canções anônimas, recolhidas por Mário no folclore brasileiro.

Serviço

XXI Bienal de Música Brasileira Contemporânea

De 10 a 19 de outubro de 2015

Abertura: 10/10, às 17h – Theatro Municipal do Rio de Janeiro

Concertos e encerramento: (dia 19/10, às 19h) – Sala Cecília Meireles

Programação extraordinária: Espaço Guiomar Novaes – Sala Cecília Meirelles.
Ingressos variam de R$ 5 a R$ 10.

Realização: Funarte/MinC (Fundação Nacional de Artes/Ministério da Cultura).

Apoio: Academia Brasileira de Música e Rádio MEC/Empresa Brasileira de Comunicação (EBC).