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Atrás de Manaudou, Nicholas garante a prata nos 50m borboleta; Cielo é 6º

03/08/2015
Atrás de Manaudou, Nicholas garante a prata nos 50m borboleta; Cielo é 6º

Florent Manadou e Nicholas Santos ouro e prata 50m borboleta Mundial de Kazan (Foto: Michael Dalder/Reuters)

Florent Manadou e Nicholas Santos ouro e prata 50m borboleta Mundial de Kazan (Foto: Michael Dalder/Reuters)

A medalha de ouro era visível na cabeça de Nicholas Santos até a última braçada da final dos 50m borboleta do Mundial de Kazan, quando um enorme vulto o fez lembrar que havia um gigante logo ali na raia ao lado. Era o francês Florent Manaudou. Chamado de “Avatar” pelo brasileiro, o atual campeão olímpico dos 50m livre não tem dado brecha para nenhum mero mortal. Nesta segunda-feira, não foi diferente. Levou a medalha dourada e deixou a prateada para o experiente rival de 35 anos, que havia batido na trave com o quarto lugar em Barcelona 2013. Com ela, o Brasil conquistou o seu primeiro pódio na natação no torneio russo e Nicholas o seu primeiro em Mundiais em piscina longa. O húngaro Laszlo Cseh e o polonês Konrad Czerniak empataram na terceira colocação e ficaram com o bronze. Campeão da prova nos últimos dois Mundiais, Cesar Cielo, que vem sofrendo com um desconforto no ombro, melhorou o tempo da semifinal, mas terminou apenas na sexta colocação.
Com o mesmo tempo de reação de Manaudou na largada, Nicholas brigou pela liderança, mas no fim, a marca de 23s09 – quatro centésimos acima da feita por ele na semi – não foi suficiente para desbancar o francês, que bateu em primeiro com 22s97.
– Fico feliz com a prata, foi a primeira medalha do Brasil. Eu queria ter nadado para 22s, cumpri todo o meu ritual, fui me raspando (nos últimos dias), coloquei bermuda nova… Na última braçada, olhei para o Manaudou e ele parecia um “Avatar”: muito alto. Não tem como brigar – brincou Nicholas.
Cielo, que já vinha mal desde a primeira eliminatória dos 50m borboleta em Kazan, no domingo, voltou a nadar acima do que costuma em grandes competições. Largando da raia 8 por ter se classificado com o último tempo da semifinal, o brasileiro campeão olímpico fez força, mas terminou apenas na sexta colocação, com o tempo de 23s21.
– Não tinha nada a perder, estava na raia oito. A prova acabou não sendo boa de novo. Chegada ruim, saída mais ou menos. Esperava estar muito melhor no campeonato. Melhorei um pouquinho mais de ontem, mas tá difícil. Não estou nadando bem, não. Não tem muito o que falar. É corrigir tudo aí para chegar bem nas Olimpíadas – afirmou Cielo.
Apesar de concorrentes na prova, Nicholas fez questão de apoiar o compatriota na saída da piscina. O agora vice-campeão mundial ressaltou os feitos de Cielo, e desejou que o maior atleta da história da natação brasileira se recupere a tempo de conseguir buscar o tetracampeonato mundial nos 50m livre – as eliminatórias da prova estão marcadas para sexta-feira.
– O Cesar tenha puxado muito a natação brasileira, foi o primeiro nadador a conseguir o ouro na Olimpíada. Eu fico um pouco chateado de ele não ter conseguido nadar bem também os 50m (borboleta). Mas é um cara que tem que ser respeitado por todo o legado que ele deixou para para a natação brasileira, e a gente pegou uma carona. Foi um momento que a natação subiu muito, por conta dele. Então acho que ele tem que levantar a cabeça e entrar bem no 50m livre também – afirmou Nicholas.
Há mais de um mês, antes da disputa do Aberto da França, Cesar Cielo começou a sentir dor no ombro esquerdo. Segundo o médico da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA), Gustavo Magliocca, o nadador tem uma inflamação no tendão supra-espinhal. A lesão, considerada comum em atletas da modalidade, está sendo tratada com fisioterapia.
Todas as finais e semifinais da competição acontecem até domingo (dia 9).

Etiene bate na trave fica fora da final dos 100m costas

Também nesta segunda-feira, Etiene Medeiros esteve perto de sua primeira final nos 100m costas em Mundiais. Após passar pela eliminatória com o 10º tempo mais cedo, a brasileira conseguiu melhorar a marca na semi, nadou na casa dos 49s, mas perdeu a classificação por 26 centésimos. Com 59s97, a Etiene ficou com a 9ª colocação, atrás da britânica Lauren Alice Quigley, oitava colocada com 59s71. O primeiro tempo ficou com a australiana Emily Seebohm (58s56).
– Estou muito feliz, mas ao mesmo tempo estou muito… Sabe, aquele quarto lugar em uma Olimpíada, um Mundial. Estou até vendo o resultado ali, mas, assim. Natação é assim, por centésimo, milésimo, a gente fica dentro ou a gente está fora. Meu objetivo na competição era conseguir vaga nas três provas (além dos 100m costas, nada ainda os 50m costas e os 50m livre). Por pouco eu não consigo a primeira. Mas a prova foi mais forte do que pensamos. Mas faz parte e consegui atingir de novo os 59s – avaliou Etiene.
Outro brasileiro que não conseguiu ficar entre os oito finalistas foi Guilherme Guido. Também nos 100m costas, o brasileiro piorou em 31 centésimos o tempo da eliminatória, onde tinha sido o 6º melhor, e terminou a semi apenas na 14ª colocação, com 53s88. O líder foi outro australiano, Mitchell Larkin, com 52s38.

– Aumentei o tempo da manhã. Estava me sentindo melhor, mas errei duas coisas, a saída e a virada. E para estar em uma final de Mundial, a prova tem que ser perfeita, o que eu não consegui fazer hoje – lamentou Guido, que disputa ainda os 50m costas, no sábado.
João de Lucca, que entrou na semifinal dos 200m livre com o 14º tempo das eliminatórias, também não conseguiu avançar. Com 1m48s23, terminou na última colocação entre os 16 que brigavam por vaga na final. O melhor tempo da prova ficou com o americano Ryan Lochte (1m45s36).

“Iron Lady” e sueca quebram recordes mundiais

A tarde de competições em Kazan também foi marcada pela quebra de mais dois recordes mundiais femininos. Inscrita em sete provas individuais, a húngara Katinka Hosszú levou seu primeiro ouro em Kazan, nos 200m medley, com o tempo de 2m06s12. “Iron Lady”, como gosta de ser chamada, ainda derrubou o recorde que durava desde 2009, quando a americana Ariana Kukors nadou para 2m06s15, ainda na era dos trajes tecnológicos. O pódio da prova foi completado pela japonesa Kanako Watanabe, prata (2m08s45), seguida da britânica Siobhan Marie O’Connor, bronze (2m08s77).
Já a sueca Sarah Sjostrom levou o título dos 100m borboleta e quebrou o recorde mundial pelo segundo dia consecutivo. No domingo, na semifinal da prova, ela já havia estabelecido a nova marca com 55s74. Na decisão, foi 10 centésimos mais rápida: 55s64. A medalha de prata foi a dinamarquesa Jeanette Ottesen (57s05), e o bronze ficou com a chinesa Lu Ying (57s48).