Palmeiras reencontra ASA, seu algoz em 2002 (Divulgação)

As torcidas do ASA de Arapiraca e Palmeiras estão ansiosas para o jogo de volta da terceira fase da Copa do Brasil 2015. Desde 27 de maio, quando as duas equipes empataram sem gols na Allianz Arena, casa do Palmeiras, ASA de Arapiraca e Palmeiras aguardam pelo jogo decisivo, que vai acontecer hoje, às 22h, no estádio do Café, em Londrina, no Paraná.
Em 27 de maio, durante má fase que culminou pouco depois na demissão de Oswaldo de Oliveira, o Palmeiras foi vaiado no 0 a 0 diante do ASA, no Allianz Parque. Quase dois meses depois, o time decide às 22h (de Brasília) desta quarta-feira, em Londrina, a vaga nas oitavas de final da Copa do Brasil tentando evitar uma vexaminosa eliminação para o clube alagoano, como já ocorreu na mesma competição, em 2002.
Há 13 anos, o elenco, que terminaria aquela temporada rebaixado no Campeonato Brasileiro, enfrentou o ASA na primeira fase, perdendo por 1 a 0 em Arapiraca e vencendo por 2 a 1 em casa, caindo por ter sofrido gol fora de casa.
Agora, ao menos, escapou de ir a Alagoas, já que o adversário preferiu lucrar e vender por R$ 400 mil o mando do jogo para o Estádio do Café, no interior do Paraná, reduto de muitos palmeirenses.
A expectativa de casa alviverde em Londrina é grande. O Avanti, inclusive, oferecerá 200 ingressos aos sócios-torcedores que mais acumulam pontos no programa e moram na cidade – a retirada dos ingressos será nesta quarta-feira, no Hotel Bourbon, em Londrina.
“Esperamos que seja vantagem jogar em Londrina, porém temos exemplos na Copa do Brasil contra equipes que podem surpreender. Não podemos ter surpresa. Temos que voltar classificados, é o nosso objetivo”, comentou o atacante Rafael Marques, vetando qualquer empolgação.
A seu favor, o Palmeiras tem hoje uma fase completamente diferente. Está invicto nos últimos cinco jogos no Brasileiro, vinha de quatro vitórias consecutivas até ceder empate no fim diante do Sport, em Pernambuco, no domingo, e, no Campeonato Brasileiro, deixou de rondar a zona de rebaixamento para se aproximar dos primeiros colocados.
É com essa postura que o time pretende enfrentar o ASA, que disputa a terceira divisão nacional neste ano. “Vamos jogar do mesmo jeito, com muita intensidade, muita marcação. A responsabilidade é toda nossa, assumimos isso, e é desta forma que vamos encarar. Vamos jogar para passar de fase”, declarou o capitão Lucas.
Em relação à equipe que jogou no domingo, voltam Victor Ramos e Egídio, que cumpriram suspensão, mas Leandro Almeida está vetado por já ter atuado na Copa do Brasil pelo Coritiba; Vitor Hugo segue em recuperação de fratura na face; Robinho ainda tenta aprimorar a forma física após lesão muscular, e Marcelo Oliveira decidiu poupar Arouca e Zé Roberto, desgastados. Com isso, Cleiton Xavier será titular, e Amaral e Andrei disputam posição no meio-campo.
Como ficou no 0 a 0 em casa, o Palmeiras se classifica vencendo ou empatando com gols. Novo 0 a 0 leva a decisão para os pênaltis e o ASA raramente é derrotado. O time só perdeu um jogo oficial na temporada, exatamente na semifinal do Campeonato Alagoano, com 15 vitórias e 15 empates nos outros compromissos. Assim, já eliminou São Raimundo, de Roraima, e Vitória, da Bahia, nesta Copa do Brasil.
A equipe ocupa a terceira colocação do grupo A da Série C, com 13 pontos somados em 21 possíveis, e vem de empate com o Salgueiro, em Pernambuco, no último sábado. Chega ao Paraná reforçado pelo volante Marcos Antônio, que se recuperou de lesão e entra na vaga de Luis Paulo.

Situação do ASA

Os graves problemas financeiros do ASA de Arapiraca

O novo presidente da equipe, Bruno Euclides, não encontrou situação financeira muito favorável no ASA de Arapiraca. O ex-presidente Jotinha Alexandre deixou de pagar três meses de salários de jogadores e funcionários, além de outras despesas, dívida total de R$ 900 mil. Quase tudo foi quitado em 30 de dezembro, mas o restante seria sanado com a liberação do patrocínio do Governo de Alagoas, total de R$ 358 mil para o Campeonato Alagoano e Série C 2014 – o patrocínio da Caixa Econômica Federal se encerrou em 31 de maio de 2015.
Diante das dificuldades financeiras, as obras no Centro de Treinamento, iniciadas em 2013 e avaliadas em R$ 1,5 milhão, foram adiadas. Enquanto isso, a diretoria lançou o sócio-torcedor do clube, com valores de R$ 15, R$ 50 e R$ 80, tudo para angariar fundos e aproximar o torcedor do clube, com descontos em lojas e ingressos.
A diretoria sempre sonhou com um camisa 9, peça em falta no elenco, mas desistiu de fazer contratações para não aumentar a folha salarial de R$ 300 mil mensais. Talvez o público pudesse ajudar, mas na temporada o torcedor do ASA de Arapiraca sumiu: média de 1.992 pessoas por jogo em 2015, com R$ 160 mil de lucro (até 14 de julho/2015). Assim, o déficit nas contas do clube até 31 de março/2015 era de R$ 86 mil.
Negociações de atletas. Outra fonte de renda foram as vendas de jogadores. O ASA de Arapiraca ganhou algum dinheiro com as saídas de Thalysson ao Flamengo (rendeu parceria com o time carioca, em que Caio Quiroga e Darlan foram emprestados; acabaram devolvidos pelo ASA de Arapiraca em 10 de abril, sem entrar em campo) e Valdívia ao Cruzeiro.
O empresário do atleta de 22 anos procurou o clube alagoano em 14 de maio para iniciar as conversas, que tiveram vários capítulos e alguma polêmica. Em 10 de junho, o diretor de futebol do time alagoano, Rogério Siqueira, chegou a reclamar que Valdívia não fora autorizado a viajar para Belo Horizonte, mesmo estando de folga. Detalhe que o atleta não atuava desde 13 de maio (sete jogos) e tinha contrato até novembro de 2015.
Valdívia deveria se reapresentar ao ASA de Arapiraca, mas não cumpriu o prazo, o que irritou a diretoria. A proposta oficial do Cruzeiro só chegou em 12 de junho, mesmo com o atleta já treinando em Belo Horizonte. Quatro dias depois, o ASA de Arapiraca confirmou o acordo, confirmado em R$ 125 mil, metade da venda, já que os outros 50% eram da empresa Arasports, hoje ex-parceira do clube nas categorias de base (veja detalhes ao fim do texto).

Venda do mando na Copa do Brasil

Em 8 de junho, Bruno Euclides anunciou que o ASA de Arapiraca venderia a partida diante do Palmeiras por R$ 1 milhão e que tinha rejeitado proposta de R$ 300 mil de Londrina e patrocínios pontuais. Os salários estavam atrasados em pelo menos 15 dias (tudo foi pago) e o clube acabou lucrando R$ 400 mil, menos da metade do valor pretendido.
Em nova prestação de contas (1º de abril até 30 de junho), a diretoria anunciou novo débito de R$ 100 mil, totalizando R$ 210 mil no vermelho, mesmo com a cota de R$ 560 mil por classificação à terceira fase da Copa do Brasil 2015 – não contabilizado o dinheiro da venda de Valdívia, realizada no início de julho. Pelo menos os jogadores não têm salários a receber, o que já é de grande valia para o confronto decisivo diante do Palmeiras.

A importância do técnico Vica no ASA de Arapiraca

Na temporada 2014, o ASA de Arapiraca tinha um grande objetivo: voltar à Série B, divisão da qual havia sido rebaixado em 2013. Porém, o time alagoano sequer passou da primeira fase, somando 25 pontos em 18 jogos (7v, 4e, 7d), um atrás do Paysandu, no quinto lugar.
A primeira grande ação da nova diretoria foi renovar até o fim de 2016 com o técnico Vica, que em 2015 completou 100 vitórias no time e comandou a equipe no vice-campeonato da Série C 2009 e no estadual 2011 – ele também vai participar da gestão do clube. Apesar da eliminação no estadual (veja mais detalhes ao longo do texto), Vica foi eleito o melhor técnico da competição, além de ficar mais de 18 jogos sem perder em Arapiraca (última derrota em 2 de agosto de 2014, por 3 a 1 para o Fortaleza).
Até este momento, o ASA de Arapiraca jogou 31 partidas, com 15 vitórias, 15 empates e uma derrota (2 a 0 para o CRB, nas semifinais do estadual) – 45 gols a favor e 21 contra. Na Série C 2015, a equipe está na terceira posição, com 13 pontos em sete jogos, a três do líder Fortaleza e com dois a mais que o América de Natal, quinto colocado.

O ASA de Arapiraca no Campeonato Alagoano 2015

Com 30 jogadores no elenco, o ASA de Arapiraca não teve problemas para terminar a primeira fase do estadual na liderança, com dez pontos em seis jogos (2v, 4e, 0d). Nas semifinais, o time passou pelo Murici e ganhou do rival CSA nos pênaltis, se garantindo na Copa do Brasil 2016.
Mesmo com o título, Vica lembrou a necessidade de reforços para a etapa principal do Campeonato Alagoano, com as presenças de CRB e Coruripe, que disputavam a Copa do Nordeste. Nesta etapa, a campanha do ASA de Arapiraca continuou consistente: no Grupo B, a equipe somou 20 pontos em oito jogos (6v, 2e, 0d), única invicta, mas sucumbiu diante do rival CRB nas semifinais, com 3 a 2 em dois jogos, dando adeus a um título que não vem desde 2011.
Assim que o Campeonato Alagoano acabou para o ASA de Arapiraca, a diretoria já começou a planejar a terceira divisão, com saídas e chegadas de jogadores. A equipe teve sete reforços e algumas dispensas, como a do goleiro Marcão. Um elenco atual bem mais modesto do que os tempos de Série B, já que não havia os R$ 3 milhões da televisão. Será o suficiente para eliminar o Palmeiras na Copa do Brasil 2015?

Informações

– O ASA de Arapiraca na teoria não tem um estádio próprio, já que o Coaracy da Mata Fonseca, no interior de alagoas, pertence à prefeitura de Arapiraca. Porém, o início de 2015 selou acordo com o órgão público e vai continuar administrando o local nos próximos dois anos. Com capacidade para 15 mil lugares, o estádio tem problemas de acesso e evacuação após as partidas, tanto que o Ministério Público de Alagoas já realizou reuniões a fim de sanar os problemas. O placar eletrônico só foi instalado no fim de maio, mas em princípio será utilizado até o fim de 2015.
– O ASA de Arapiraca tem tradição de revelar novos atletas. Desde 2009, oito jogadores da base foram negociados com times da Série A, contando com Valdívia. Augusto (Fluminense em 2009 e hoje no Botafogo de Ribeirão Preto), Paulão (Barueri em 2009 e hoje no Internacional), Júnior Viçosa (Grêmio em 2010 e hoje no Chiasso/Suiça) e Didira (Atlético Mineiro em 2011 e hoje de volta ao ASA de Arapiraca). Em 2012, foi a vez de Lúcio Maranhão ir para o Vitória da Bahia (hoje no Fortaleza). A categoria de base do clube era terceirizada para a empresa Arasports (sub-15, sub-17 e sub-20), o vínculo foi renovado no início de 2015, mas acabou desfeito em 26 de junho. Cada parte tinha direito a 50% de cada negociação.

FICHA TÉCNICA:
ASA X PALMEIRAS

Local: Estádio do Café, em Londrina (PR)
Data: 15 de julho de 2015, quarta-feira
Horário: 22 horas (de Brasília)
Árbitro: Paulo Roberto Alves Junior (PR)
Assistentes: Pedro Martinelli Christino e Luiz Souza Santos Renesto (ambos de PR)

ASA: Pedro Henrique; Lucas Bahia, André Nunes e Jorginho; Chiquinho, Max Carrasco, Marcos Antônio, Didira e Fábio Alves; Alex Henrique e Uederson
Técnico: Vica

PALMEIRAS: Fernando Prass; Lucas, Victor Ramos, Jackson e Egídio; Gabriel e Amaral (Andrei); Rafael Marques, Cleiton Xavier e Dudu; Leandro Pereira
Técnico: Marcelo Oliveira