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Para garantir energia, vazão no São Francisco é reduzida a nível crítico

30/06/2015
Para garantir energia, vazão no São Francisco é reduzida a nível crítico
Vazão de água no Rio São Francisco será reduzida até garantir volume de água suficiente para fornecer energia elétrica (Foto: G1)

Vazão de água no Rio São Francisco será reduzida até garantir volume de água suficiente para fornecer energia elétrica (Foto: G1)

Uma resolução da Agência Nacional de Águas (ANA), publicada no Diário Oficial da União desta terça-feira, 30, reduz de 1.300m³/s para 900m³/s a vazão de água nos reservatórios de Sobradinho e Xingó, no Rio São Francisco. A medida, adotada para evitar que a geração de energia elétrica fique inviabilizada, já vinha sendo praticada diante da estiagem dos últimos anos, prejudicando outras atividades que dependem do Velho Chico, como o abastecimento de água e a navegação.
De acordo com o assessor da presidência da Companhia de Saneamento de Alagoas (Casal), Jorge Briseno, a vazão no São Francisco vem sendo reduzida, gradativamente, há dois anos, causando prejuízos para a companhia, que precisa investir mais e buscar alternativas que possam garantir que a água chegue às torneiras dos moradores da região.
Segundo ele, há dois anos, a vazão foi reduzida de 1.300m³ para 1.100m³/s. Depois, passou para 1.000m³/s. Agora, a redução foi ainda maior e a vazão passará a ser de 900m³/s.
“Essa situação já vem afetando o trabalho da Casal há muito tempo. Temos várias captações ao longo do São Francisco e vários sistemas de captação de água para irrigação. As empresas que trabalham com lazer também são afetadas, já que os bancos de areia se formam e impedem as navegações. Por conta dos problemas ocasionados pela redução da vazão, temos que fazer intervenções para manter a água chegando às casas. Os gastos com essas adequações já ultrapassam a quantia de R$ 1 milhão”, afirma Jorge Briseno.
De acordo com ele, a Agência Nacional de Águas esquece que o rio deve ser administrado para usos múltiplos e não priorizando apenas a questão da geração de energia elétrica. “Isso não está sendo levado em conta. A prioridade é somente a energia”, diz.
Com a diminuição da vazão, fica maior o volume de água nos reservatórios, evitando que ele chegue ao volume zero, que é o ponto mínimo que permite geração de energia.

PROBLEMAS – Para o presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do São Francisco, ambientalista Anivaldo Miranda, entre os problemas causados com a diminuição da vazão estão o aumento do assoreamento no leito do rio, o crescimento do processo de erosão nas margens do São Francisco e o impedimento da prática da navegação, por conta dos bancos de areia.
“Essa é uma situação que deveria ser evitada. O ideal é que fossem buscadas outras soluções para a questão do volume de água nos reservatórios. Quanto mais reduz a vazão, mais diminui as condições de o corpo d’água dissolver poluentes e se criam outros problemas. É uma situação dramática, que demonstra que esse modelo de operação de reservatório está esgotado. O sistema de geração de energia não pode ter essa dependência tão grande da Bacia do São Francisco. É urgente a necessidade da retomada do programa de revitalização”, pontua.
A medida adotada pela ANA é válida até o dia 31 de julho de 2015, mas segundo Miranda, a expectativa é que a vazão reduzida permaneça até o mês de novembro, após avaliações mensais da situação dos reservatórios.
Conforme a resolução publicada no Diário Oficial da União, a ANA poderá, mediante decisão fundamentada, suspender ou revogar a medida, caso informações técnicas recomendem cessar a flexibilização da defluência dos reservatórios de Sobradinho e Xingó. Caso isso ocorra, novos limites mínimos de vazão deverão ser fixados.