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‘AL pode ser exemplo de como se faz controle de arma’, diz especialista

22/05/2015
‘AL pode ser exemplo de como se faz controle de arma’, diz especialista
Alagoas tem tudo para dar exemplo ao país, quando o assunto é desarmamento. (Foto: Divulgação)

Alagoas tem tudo para dar exemplo ao país, quando o assunto é desarmamento. (Foto: Divulgação)

A Secretaria de Prevenção Social à Violência deu início, esta semana, às discussões sobre uma Política de Controle de Armas no Estado. Dois especialistas vieram ajudar nos trabalhos e se reuniram com o secretário, Jardel Aderico, e o secretário-adjunto, Cloves Benevides.
O supervisor em Assuntos do Desarmamento da ONG Viva Rio, Luiz Carlos Carvalho Silveira, e o consultor para assuntos do Desarmamento da Organização das Nações Unidas (ONU), Antônio Rangel Torres Bandeira, possuem grande experiência e devem contribuir com as ações a serem desenvolvidas em Alagoas.
Em reuniões internas, os gestores da pasta e os especialistas discutiram estratégias e medidas que a secretaria deve adotar em relação ao controle de armas e no desarmamento voluntário. Foi apontada a necessidade de um diagnóstico sobre a situação do armamento no território alagoano e também ficou definido que a pasta deve trabalhar em parceria com órgãos relacionados ao assunto.
“Estamos atentos e preocupados em criar uma política de controle e educação para o desarmamento aqui em Alagoas. Legitimar com a sociedade e o governo esse debate, assim como fizemos com o projeto para acolhimento a dependentes químicos”, declarou o secretário Jardel Aderico.
A iniciativa do Estado em trabalhar o desarmamento voluntário também é vista por Antônio Rangel como um ponto positivo. “Alagoas pode ser exemplo no Brasil de como se faz controle de arma”, declarou. A dificuldade em mudar a cultura da sociedade quanto ao uso da arma de fogo também foi um dos pontos levantados pelo especialista. “Mudar a mentalidade das pessoas é um desafio a ser enfrentado, mas que pode ser vencido com argumentos baseados em pesquisas e estudos”, acrescentou o estudioso.
Os especialistas também se reuniram com representantes da Secretaria de Estado da Defesa Social e Ressocialização, da Polícia Federal, do 59º Batalhão de Infantaria Motorizado do Exército, da Arquidiocese de Maceió, do Ministério Público Estadual e do Tribunal de Justiça de Alagoas. Grande parte dessas instituições também possui ligação direta com questões relacionadas ao desarmamento.
Segundo o superintendente de Promoção da Cultura da Paz, Anderson Costa, a iniciativa de trazer os profissionais para Alagoas deu-se pela experiência que eles têm no assunto e pelo trabalho que vêm realizando ao longo de suas carreiras.
“Estamos em fase da elaboração da política de controle de armas no Estado, então decidimos convidá-los para que possam contribuir com suas experiências e bagagem para que possamos alcançar os resultados esperados”, afirmou o superintendente.

Campanha do Desarmamento

Aproveitando a vinda a Alagoas, os especialistas conheceram os dois micro-ônibus que devem ser utilizados na Campanha do Desarmamento. Os veículos, que foram adquiridos por meio de uma parceria com o Ministério da Justiça, estão sendo equipados e devem começar a circular por bairros de Maceió e de outros municípios de Alagoas a partir do segundo semestre.
Comparando os ônibus de Alagoas aos utilizados no Rio de Janeiro, Antônio Rangel diz que o estado está mais preparado que a cidade carioca. “Vocês estão mais bem aparelhados que nós no Rio de Janeiro. Se o estado pode ir até as pessoas, isso facilita muito a entrega de armas, com isso as chances dos resultados serem positivos são maiores”, afirma.

Especialistas

Experiente em campanhas para desarmamento voluntário em outros países, Antônio Rangel já treinou policiais de 21 países realizando trabalhos de conscientização quanto ao uso e o transporte de armas. Participou dos debates para criação do Estatuto do Desarmamento. Também atuou na campanha do desarmamento do Brasil em 2004, e atualmente presta consultoria à ONU.
O policial aposentado Carlos Carvalho também participou dos debates para implantação do Estatuto. Foi o precursor em colocar nos bairros do Rio de Janeiro os primeiros ônibus itinerantes para recolhimento de armas no Brasil. Percorreu os 27 estados brasileiros para verificar o número de armas em circulação, resultando no livro “O Brasil e as armas”. Atualmente é coordenador do posto de acolhimento de armas na ONG Viva Brasil e é membro da Rede Desarma Brasil.