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Sesau alerta para os cuidados que devem ser tomados com animais venenosos

27/04/2015
Sesau alerta para os cuidados que devem ser tomados com animais venenosos

A maioria das pessoas picadas por animais peçonhentos que procuram atendimento no Hospital Hélvio Auto são vítimas de escorpião (Foto: Carla Cleto)

A maioria das pessoas picadas por animais peçonhentos que procuram atendimento no Hospital Hélvio Auto são vítimas de escorpião (Foto: Carla Cleto)

  Os acidentes com animais peçonhentos podem levar a graves problemas de saúde, sequelas e até óbitos. E para orientar a população, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) alerta para os cuidados que a população deve observar para evitar o revés.
No Hospital Escola Dr. Hélvio Auto, de janeiro a março deste ano, 875 pessoas procuraram atendimento por causa de picadas de animais peçonhentos. Segundo o médico infectologista do HEHA e professor da Uncisal, Fernando Maia, a maioria das pessoas picadas por animais peçonhentos que procuram atendimento no Hospital Hélvio Auto são vítimas de escorpião.
De acordo com o técnico da Diretoria de Vigilância e Controle, Animais Peçonhentos, Leptospirose e Raiva, Valmi Costa os animais peçonhentos são definidos como os que são capazes de produzir veneno e possuem algum apêndice para injetá-lo para sua defesa ou ataque de uma presa. “Os animais mais comuns em Alagoas são escorpiões, aranhas, cobras além de lacraias, águas-vivas e caravelas”, explicou o técnico.
O técnico destacou que os cuidados devem ser observados no lar. “Deve-se sempre ter cuidado ao entrar em lugares que ficaram fechados por muito tempo, sempre bata os colchões antes de usa-los, sacuda com cuidado roupas, sapatos, toalhas e lençóis que ficaram por um longo período sem uso”, informou Valmi Costa.
O técnico também ressaltou que é importante afastar as camas das paredes e vedar frestas e buracos em paredes e assoalhos além de manter a limpeza da casa e evitar o acúmulo de lixo. “Os cuidados diminuem o risco dentro de casa”, explicou lembrando que ao se deparar com um animal venenoso o cidadão deve manter uma distância segura dele e entrar em o Corpo de Bombeiros através do número 193.
No Estado, o escorpião responde pela grande maioria dos casos envolvendo animais venenosos, mais de 90% segundo dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan). O técnico Valmi Costa lembrou que em caso de picada deve-se lavar o local com água e sabão, mantendo a vitima em repouso e com o membro afetado mais elevado que o restante do corpo. “Após a constatação da picada deve-se procurar ajuda médica e se possível levar o animal para auxiliar o diagnóstico”, destacou.
Em Alagoas, existem oito unidades de referência para o tratamento às vítimas de animais peçonhentos: Unidade de Emergência Dr. Daniel Hoully, em Arapiraca; Hospital Carvalho Beltrão, em Coruripe; Unidade Mista Dr. Antenor Serpa, em Delmiro Gouveia; Hospital Regional Santa Rita, em Palmeira dos Índios. As pessoas podem procurar ainda a Unidade Mista Senador Arnon de Melo, em Piranhas; Unidade de Emergência Antônio de Jesus, em Penedo; Unidade Mista Djalma dos Anjos, em Pão de Açúcar; e Hospital Escola Hélvio Auto, em Maceió.
No entanto, na capital, a gerente de Controle de Zoonoses e Vetores da Sesau recomenda que a vítima procure um dos cinco Ambulatórios 24 Horas. Isso porque, apenas os casos moderados e graves, de acordo com Silvana Tenório, devem ser encaminhados para o Hospital Escola Hélvio Auto. O Ambulatório Assis Chateaubriand está situado no Tabuleiro do Martins, o Dom Miguel Câmara, na Chã da Jaqueira, João Fireman no Jacintinho, Denilma Bulhões, no Benedito Bentes e Noélia Lessa, no bairro da Levada.
Em casos mais delicados, a vítima deve ser encaminhada para o Hospital Escola Dr. Helvio Auto (HEHA), que por receber demanda específica e por ser unidade  de referência, só admite pacientes com encaminhamento ou em casos excepcionais de atendimento daqueles que compõem grupo de maior risco.

 Relato – Foi o que aconteceu com o aposentado José Luiz dos Santos, 65 anos, que mora no Conjunto Virgem dos Pobres II, no bairro do Vergel do Lago, e deu entrada no último dia 22 no HEHA. Ele estava limpando uma calha de esgoto na casa do primo do bairro de Jaraguá quando foi picado por um escorpião.  “Eu fui colocar uma grade pra tirar a sujeira do esgoto dentro de casa mesmo e não vi que o bichinho estava lá, fui picado no dedo indicador da mão direita. Logo que eu fui picado, por instinto eu matei o bicho”. Por ter mais de 60 anos, o aposentado foi atendido diretamente no Hospital Helvio Auto, sem apresentar encaminhamento, pois por causa da idade, uma picada comum de escorpião pode trazer complicações graves.
Já é a segunda vez que José Luiz foi picado por escorpião, e nas duas vezes procurou atendimento no Hospital Helvio Auto. “Da primeira vez que fui picado, foi em casa, no Vergel mesmo, também estava limpando umas coisas no quintal e vim direto pra cá”. “Eu deveria ter ido para o posto de saúde, mas vim direto pra cá, porque era mais perto e estava com muita dor, a minha mão estava latejando, graças a Deus fui atendido logo que eu cheguei. Já aplicaram o medicamento e agora estou em observação.”
A médica plantonista do Pronto Atendimento do Hospital Helvio Auto, Elaine Belo explicou que como o paciente tinha mais de 60 anos e só estava se queixando de dor e com todas as funções vitais normais, só foi necessário fazer um bloqueio anestésico e deixá-lo em observação para ver como ele reage ao medicamento. “Se a dor passar completamente após a aplicação do anestésico local, ele já pode ir para casa após o período de observação. É importante que ele fique em observação por causa da idade, que é um fator de risco importante em empeçonhamentos em geral. Crianças e idosos são os mais ameaçados e requerem mais cuidados”, concluiu a médica plantonista.
No caso de picadas de cobra, é importante a vítima capturar o animal, e trazê-lo vivo ou morto para o Hospital Helvio Auto, dentro de um recipiente, para que possa ser identificado e assim administrar o soro antiofídico adequado. “Cerca de 90% das pessoas que procuram atendimento aqui no hospital são vítimas de escorpião do tipo amarelo, que é a espécie mais comum na nossa região. Já em relação às picadas de serpentes, o mais comum são aparecerem vítimas de jararaca, que é tendência no Brasil, seguidas por cascavel e coral”, esclareceu o médico.