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Internado após surto, PM admite ter sido o autor do disparo que matou Eduardo de Jesus no Complexo do Alemão
Dois policiais militares que participaram da operação que resultou na morte do menino Eduardo de Jesus Ferreira, de 10 anos, e outras quatro pessoas no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, na semana passada, estão internados. A razão seria o abalo emocional e o surto psicótico sofrido por um deles. Este PM seria o autor do disparo que matou o menino.
Segundo reportagem do jornal O Globo desta quarta-feira (8), um dos dois PMs internados prestou depoimento à corporação e disse que pode ter sido do fuzil dele o disparo que atingiu a cabeça da criança, durante uma troca de tiros com traficantes na última quinta-feira (2). O nome dele e dos demais 11 policiais já ouvidos não foi revelado.
A acusação de que um disparo da PM havia matado Eduardo já havia sido prestada por testemunhas, que moram no Alemão, incluindo a mãe do menino, Terezinha Maria de Jesus. “Eu marquei a cara dele. Eu nunca vou esquecer o rosto do PM que acabou com a minha vida. Quando eu corri para falar com ele, ele apontou a arma para mim. Eu falei ‘pode me matar, você já acabou com a minha vida’”, disse ela.
Um inquérito militar está apurando internamente a conduta dos PMs na operação, enquanto a 8ª Delegacia de Polícia Judiciária da Polícia Militar e a Divisão de Homicídios da Polícia Civil também trabalham nas investigações. Além da autoria, a informação dos moradores de que cápsulas foram recolhidas pelos policiais no dia da tragédia também está sendo averiguada. No local, a perícia não encontrou a bala que matou Eduardo.
Na próxima semana, entre quarta e quinta-feira, a Divisão de Homicídios espera realizar uma reconstituição da morte da criança. A família de Eduardo, que segue no Piauí onde o menino foi enterrado, é aguarda para participar dos trabalhos. A meta da Polícia Civil é desfazer algumas contradições entre os depoimentos dos PMs.
A morte de outra moradora, Elizabeth de Moura Francisco, de 41 anos – atingida com dois tiros quando estava dentro de casa no dia 1º de abril – também deverá ser alvo de uma reconstituição. Fragmentos colhidos por peritos já comprovaram que eles são compatíveis com a munição utilizada pelos policiais militares no dia da operação.
Ao G1, líderes comunitários informaram, após reunião com representantes da PM do Rio, que querem somente uma coisa: paz. “Queremos paz. A reciclagem e todo aprimoramento pra ajudar o trabalho da polícia na comunidade são válidos. Queremos que haja um comprometimento da polícia com a vida e não com a morte”, disse o líder comunitário da Palmeira, Marcos Valério Alves.
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