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Dia da Caatinga é momento de comemorar o bioma exclusivamente brasileiro

28/04/2015
Dia da Caatinga é momento de comemorar o bioma exclusivamente brasileiro
Estudos recentes confirmam a elevada biodiversidade presente na Caatinga  (Foto: Neno Canuto)

Estudos recentes confirmam a elevada biodiversidade presente na Caatinga
(Foto: Neno Canuto)

    Um dito popular é que o sertanejo é um forte. O sertanejo é aquela pessoa que nasce e vive no Sertão. Para alguns o sertão é aquele lugar longe, distante e árido. Para outros, o Sertão é um jeito de viver, um jeito de ser. O Sertão e o sertanejo se confundem na forma de ser e de sobreviver. A aridez é marca constante, presente desde o aspecto da sua mais famosa vegetação: a caatinga, batizada pelos antigos moradores que viam nos galhos secos dos períodos de estiagem uma ‘mata branca’.
Nesta terça-feira, 28 de abril, quando se comemora o Dia da Caatinga, o Instituto do Meio Ambiente (IMA) chama a atenção para a necessidade de preservar o bioma. Exclusivamente brasileira, a vegetação está presente apenas em parte de Alagoas e dos estados da Paraíba, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Maranhão, Pernambuco, Sergipe, Bahia e Minas Gerais.
Preservar o bioma é manter viva a cultura, o jeito de viver do sertanejo. O bioma cobre quase toda a região Semiárida brasileira, conforme dados do Ministério da Integração (MI), que por sua vez é uma das mais chuvosas do mundo, com média pluviométrica de 700 mm/ano. Mas os longos períodos de estiagem e os altos índices de evaporação determinam a chamada seca.
As espécies vegetais que ali vivem, em geral, têm galhos retorcidos e apresentam raízes profundas.  “Durante o período seco, a maioria das plantas perdem suas folhas e os troncos ficam secos e esbranquiçados, o que caracteriza uma paisagem aparentemente monótona. A paisagem se modifica totalmente na época chuvosa, quando as plantas florescem e exibem sua riqueza de forma exuberante”, comenta a curadora do Herbário MAC do IMA, Rosângela Lira.
O sertanejo também parece se resignar. Mas basta uma boa chuva para o povo ficar em festa por ver o crescimento das plantações, os animais mais fortes, os barreiros, açudes e cisternas cheios para agüentar a próxima estiagem.
É importante saber que a Caatinga não é pobre em espécies. Rosângela Lira conta que estudos recentes confirmam a elevada biodiversidade e endemismos do bioma. No Herbário, já há inventários florísticos com espécies catalogadas provenientes de diversos trechos com este tipo de vegetação em Alagoas.

    Microrregiões da Caatinga

No estado, a Caatinga pode ser encontrada em toda a região do Sertão. Esta pode ser dividida em microrregiões. Conforme dados reunidos no livro Cobertura Vegetal do Estado de Alagoas, produzido pelo IMA em 2010, a microrregião serrana do Sertão é formada pelos municípios de Água Branca, Canapi, Inhapi, Mata Grande e Pariconha e possui 18,33% de cobertura vegetal remanescente.
A microrregião do Sertão do São Francisco é formada pelos municípios de Delmiro Gouveia, Olho d’Água do Casado e Piranhas, e registra 20,93% em fragmentos de vegetação remanescentes. Na microrregião de Santana do Ipanema estão os municípios de Carneiros, Dois Riachos, Maravilha, Ouro Branco, Palestina, Pão de Açúcar, Poço das Trincheiras, Santana do Ipanema, São José da Tapera e Senador Rui Palmeira, com 19,33% de cobertura vegetal remanescente.
Já a microrregião de Batalha é formada pelos municípios de Batalha, Belo Monte, Jacaré dos Homens, Jaramataia, Major Isidoro, Monteirópolis, Olivença e Olho d’Água das Flores, e abriga 24,41% de cobertura vegetal remanescente.

    Conservação do Bioma

Uma das principais ameaças ao bioma é a retirada indiscriminada dos recursos naturais e o desmatamento que se dá para diversos tipos de uso, como a utilização da madeira para lenha, expansão de pastos e cultivos agrícolas e construção de casas.
Entre as estratégias adotadas pelo IMA para conservar o bioma, está a criação de Unidades de Conservação. O estado conta com pouco mais de 1% do bioma protegido em territórios legalmente constituídos para preservação, conforme o que prevê o Sistema Nacional de Unidades de Conservação.  No Brasil, em toda a região Semiárida, apenas 0,28% se encontra protegido em Unidades de Conservação.
O estado conta com o Refúgio da Vida Silvestre dos Morros do Craunã e do Padre, localizado no município de Água Branca, a Estação Ecológica Curral do Meio, Reservas Particulares do Patrimônio Natural Tocaia e Jader Ferreira e a Estância São Luiz, todas localizadas em Santana do Ipanema. Também conta com o Monumento Natural dos Cânions do São Francisco, unidade federal que engloba parte do estado.
Segundo informações do diretor de Unidades de Conservação do IMA, Ludgero Lima, há pelo menos três áreas em estudo para a criação de novas reservas particulares e outras áreas em estudo para criação de áreas públicas.
“Estamos reforçando o trabalho na Caatinga e, com isso, poderemos ampliar o número de áreas legalmente protegidas”, informou.