Brasil

Após Facebook tirar do ar, páginas com o termo ‘Eu não mereço mulher preta’ voltam à rede social

22/02/2015
Após Facebook tirar do ar, páginas com o termo ‘Eu não mereço mulher preta’ voltam à rede social
Gaúcho que se diz racista e a favor do estupro seria o responsável pelas páginas

Gaúcho que se diz racista e a favor do estupro seria o responsável pelas páginas

    Uma semana após o Facebook retirar do ar, duas páginas racistas com o título ‘Eu não mereço mulher preta’ voltaram ao ar. “A nossa última página caiu, portanto criamos outras. Não iremos nos deixar calar pelo politicamente-correto”, escreveu o responsável pela página, um rapaz de nome Gustavo Guerra Rizzotto, que é morador da cidade de Caxias do Sul (RS). Cerca de 100 curtidas já tinham sido registradas até o fim da manhã deste domingo (22).
O responsável não esconde ser nazista e a favor da legalização do estupro. A página anterior, de mesmo nome, foi retirada do ar no último dia 14 por “violação dos termos de uso”. Na época, a página contava com mais de 1 mil curtidas, de acordo com reportagem publicada pela UOL. Nestas novas páginas, Rizzotto teria a ajuda de uma moça de nome Ivana Herlovitch.
“Eu gustavo guerra, o grande aiatolá da raça branca, em breve voltarei, estou fazendo novos videos, aguardem! (sic)”, escreveu o gaúcho, aparentemente não temendo nenhuma punição pelos seus comentários racistas, voltando não só contra negros, mas contra homossexuais e esquerdistas.
“Somos brancos do sul, idolatramos a figura do CAVEIRA VERMELHA, somos nacionalistas do bem ,não somos racistas, apenas não sentimos atração por negras. Não entendo o odio a nossa página? fizeram uma página EU NÃO MEREÇO MULHER BRANCA essa vocês não querem derrubar não é mesmo? (sic)”, emendou pouco tempo depois, em menção ao vilão da Marvel inspirado nos nazistas.
Há quem defenda esse sujeito, como mostra esse vídeo postado no Vimeo, mas a Constituição Federal repudia o racismo, apontando no inciso 42 do artigo 5º do texto constitucional ressalta que “a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão nos termos da lei”.
A Lei 7716/89 estabelece pena de 1 a 3 anos de prisão e multa para o crime de prática, indução ou incitação a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. E para o crime de distribuição ou veiculação de símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo, a pena prevista é de dois a cinco anos de detenção e multa.
No YouTube, ele mantém um canal no qual dá suas opiniões sobre diversos assuntos – em geral, são discursos de ódio e de valores da extrema direita. Lá ele nega o Holocausto, critica o feminismo, diz “como pegar vadias” e ainda tenta mostrar o seu ‘lado de músico’.
As páginas no Facebook já voltaram a ser denunciadas, mas seguiam no ar na manhã deste domingo (22). Na semana passada, o advogado paulista Thyago Cézar acionou a Justiça para que a página fosse derrubada e que o responsável fosse identificado e punido. “Também pedi para identificar as mais de mil pessoas que curtiram a página e compactuaram com aquilo. Se eles curtiram a página, eles são tão criminosos quanto quem a criou”, disse ao site JCNet.
Vale lembrar que, em 2014, Rizzotto foi indicado pelo Ministério Público Federal (MPF) por conta dos seus vídeos racistas, misóginos e preconceituosos. Na época, ele disse estar ciente de que praticava crimes e que “pessoas contrárias às afirmações dele poderiam processá-lo se quisessem”.