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Força Nacional do SUS está preparada para atuar em situações de emergência provocadas por desastres naturais

08/01/2015
Força Nacional do SUS está preparada para atuar em situações de emergência provocadas por desastres naturais
Se houver necessidade de atuação da Força Nacional do SUS, o Ministério da Saúde possui um plano de ação entre dezembro e março para acionar os profissionais voluntários que estarão de sobreaviso, alternando semanalmente a região da equipe que será mobilizada.(Crédito: Brisbane)

Se houver necessidade de atuação da Força Nacional do SUS, o Ministério da Saúde possui um plano de ação entre dezembro e março para acionar os profissionais voluntários que estarão de sobreaviso, alternando semanalmente a região da equipe que será mobilizada.(Crédito: Brisbane)

    A chegada da estação de chuvas normalmente associada a riscos de alagamentos, enchentes e deslizamentos acende o sinal de alerta também na Saúde. Por esse motivo, o Ministério da Saúde conta com profissionais de saúde voluntários da Força Nacional do SUS (FN-SUS) para apoiar estados e municípios quando necessário. Atualmente a FN-SUS possui um cadastro com 12.869 voluntários capacitados para atuar nessas situações, além de um estoque com 48 toneladas de medicamentos e insumos estratégicos para serem utilizados em situações de emergência de saúde pública, como desastres naturais.
Os medicamentos e insumos estão distribuídos em 200 kits que, além de atenderem a necessidade de atendimentos de urgência também auxiliam na manutenção do tratamento de pacientes crônicos, que não podem ter interrupção no atendimento. Cada kit pesa 240 kg e possui capacidade para atender cerca de 1.500 pessoas ao mês, sendo composto por 48 itens – 30 tipos de medicamentos e 18 insumos para primeiros-socorros, incluindo antibióticos, anti-inflamatórios e ataduras.
No último mês, o Ministério da Saúde encaminhou três kits de medicamentos e insumos para auxiliar o estado da Bahia no atendimento à população após enchentes em algumas localidades. Também foram enviados dois kits para apoio a assistência prestada à população indígena do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) do Maranhão. Durante todo o ano, foram distribuídos 94 kits para os estados do Acre, Amazonas, Bahia, Maranhão, Minas Gerais, Pará, Paraná, Rio Grande do Norte, Rondônia e Rio Grande do Sul. Há um monitoramento diário junto aos estados atingidos pelas chuvas para verificar a necessidade de envio de medicamentos e insumos.
Se houver necessidade de atuação da Força Nacional do SUS, o Ministério da Saúde possui um plano de ação entre dezembro e março para acionar os profissionais voluntários que estarão de sobreaviso, alternando semanalmente a região da equipe que será mobilizada. Os profissionais voluntários que compõe as esquipes – médicos, enfermeiros, auxiliares e motoristas – realizam um serviço fundamental de no socorro imediato a vítimas de desastres naturais, calamidades públicas.
“A Força Nacional do SUS é uma ajuda externa para os gestores e para a população de municípios atingidos de alguma forma por um desastre natural, um acidente ou algum tipo de desassistência. Também queremos incentivar os gestores na preparação de um plano preventivo de ação em caso de necessidade. No Ministério da Saúde temos planos de trabalho para todos esses eventos como Copa do Mundo, Jornada Mundial da Juventude, Carnaval, desastres naturais e acidentes químicos”, explicou o coordenador-geral da Força Nacional do SUS, Paulo de Tarso.
Este ano, a Força Nacional participou da organização da rede hospitalar e de urgência das 12 cidades que sediaram a Copa do Mundo FIFA 2014, em ação conjunta com os gestores estaduais e municipais e atuaram no Centro Integrado de Operações Conjuntas de Saúde (CIOCS), que monitorou os eventos de saúde durante o mundial. Manteve dez equipes de profissionais voluntários de sobreaviso das cidades e estados não sede da Copa do Mundo FIFA 2014, preparados para atuarem em quaisquer situações de urgência, quando expirado a capacidade de resposta local.

    ATUAÇÃO

Para que a Força Nacional do SUS seja acionada, o município ou o estado deve decretar situação de emergência, calamidade ou desassistência e solicitar o apoio do Ministério da Saúde. Com isso, é deslocada uma equipe para a chamada “missão exploratória”, quando profissionais vão até o local para fazer um diagnóstico da rede de saúde e verificar a necessidade de apoio em relação a equipamentos, insumos e profissionais de saúde. Esta etapa pode ser descartada em situações onde a resposta precise ser imediata, como aconteceu no incêndio da boate Kiss, no Rio Grande do Sul.
As equipes da Força Nacional realizam orientações técnicas, ações de busca ativa e monitoramento de pacientes, atendimentos, liberação de medicamentos e apoio na reconstrução da rede de atenção à saúde local, dependendo do nível de resposta que a situação exija. O Ministério da Saúde conta, ainda, com um Plano de Contingência para Enchentes, com orientações para auxiliar gestores que se encontram nesta situação.
O médico voluntário Dalvan Brun já participou de várias missões, sendo cinco na Amazônia, quatro no Acre e uma em Rondônia. Neste ano, o profissional apoiou os trabalhos com a imigração haitiana em Brasileia (AC) e nas enchentes do Rio Madeira (RO). “É uma experiência muito rica. Não acho que seja nenhum ato heroico, tem que ter abnegação para fazer este trabalho e temos que ter consciência das limitações nestes locais. Muitas vezes o que se pode oferecer é um pouco de conforto. Nessas missões exercemos o princípio da equidade, ou seja, disponibilizar o máximo de recurso para quem precisa mais”, avaliou.

    FORÇA NACIONAL DO SUS

A Força foi criada em novembro de 2011 para agir no atendimento às vítimas de desastres naturais, calamidades públicas ou situações de risco epidemiológico e desassistência quando for superada a capacidade de resposta do estado ou município. Desde a sua criação, a Força participou de 28 missões de apoio em caso de desastres naturais (enchentes e deslizamentos), na gestão de grandes eventos (Rio + 20 e eventos como Círio de Nazaré e Festival de Parintins), desassistência (apoio a reorganização da Rede de Atenção à Saúde, como migração de haitianos e assistência indígena) e relacionada às tragédias (incêndio em Santa Maria/RS).
Para a enfermeira Danielle de Andrade Canavarro, que atua na Bahia e foi voluntária na missão que atendeu o município de Lajedinho (BA), durante as enchentes que atingiram o município no fim de 2013, ajudar as pessoas foi uma experiência gratificante. “Quando chegamos lá, vimos pessoas que achavam que tinham perdido tudo, mas tudo pode ser reconstruído com a força que temos. Montamos uma estrutura com leitos, desfibrilador, medicamentos, enfim, construímos um mini-hospital. Foi gratificante conseguir ajudar tanto porque fui com o que tinha, que era a minha vontade em ajudar”, relatou.
O Ministério da Saúde possui, ainda, telefones satelitais, mobiliário, equipamentos e nove tendas para montar um Posto de Atendimento Avançado (PAA) em caso de necessidade. Possui também estoque adicional de frascos de hipoclorito (utilizado na purificação de água), ampolas de soro para uso em acidentes com animais peçonhentos e kits de diagnóstico para leptospirose.

    CUIDADOS DURANTE AS ENCHENTES PARA EVITAR DOENÇAS E PRESERVAR A SAÚDE

• Filtrar e ferver por 5 minutos a água antes do consumo. Caso não seja possível fervê-la para beber, deve ser tratada com hipoclorito de sódio (2,5%). Para cada litro de água que for beber adicionar duas gotas de hipoclorito de sódio e deixar repousar por 30 minutos.

• Não consumir alimentos com cheiro ou aspecto fora do normal (úmido, mofado, murcho), ou frutas, verduras e legumes estragados ou escurecidos que entraram em contato com a água de enchente.

• No caso dos alimentos industrializados, embalados em vidro, lata e caixa tipo “longa vida” podem ser consumidos desde que não estejam danificados, amassados, enferrujados ou abertos. Contudo, as embalagens devem ser higienizadas.

• Se a pessoa apresentar três ou mais episódios de diarreia em um intervalo de 24 horas, deve procurar atendimento médico imediatamente.

Essas e outras orientações podem ser encontradas na cartilha “Saiba como agir em caso de enchentes”, publicada em 2010 pelo Ministério da Saúde. Inicialmente, foram distribuídos 700 mil exemplares nas unidades de saúde dos estados mais atingidos por enchentes naquele ano e outros 200 mil foram encaminhados para abrigos.